Malta - Azure Window
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Era uma vez um gato maltês

Esta é uma carta de amor a Malta. Não só à ilha que fica a 92 km de Itália mas às várias que formam este arquipélago, e que a partir de Abril do ano que vem vai estar mais próximo do Porto com voos directos e low-cost

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Malat, como era chamado por significar “porto seguro”, não nos sai da cabeça. Será pelas águas cristalinas, pelos sete mil anos de história ou simplesmente por ser muitos-países-em-um? Não sabemos.
 A verdade é que, tal como nós, muitos foram os que ao longo dos tempos cobiçaram este pedaço de terra no Mediterrâneo e isso significa influências árabes – nos edifícios quadrados e em tons de bege –, italianas – na comida e nas coloridas varandas de madeira que alegram as casas –, inglesas e francesas – na língua.

É uma carta de amor a um local paradisíaco que conta com quase 200 km de costa mas que não se contenta em ser um mero destino balnear, preservando também o seu passado. E isso vê-se nas catacumbas (onde é possível fugir momentaneamente do sol), nas centenas de igrejas, algumas ainda com marcas bem visíveis da II Guerra Mundial e nos templos megalíticos anteriores às pirâmides do Egipto. É uma carta ao país que, orgulhoso das suas lagoas azul turquesa, impede a entrada de barcos para que nenhum turista se esqueça que aquele pedaço de paraíso já existia muito antes da sua chegada. E é uma carta à cultura cuja língua materna é uma mescla perfeita de idiomas invasores. Onde se deseja bom dia num pseudofrancês (Bongu, lê-se bonju) e se agradece num italiano adaptado (Grazzi).

A nova ligação será feita duas vezes por semana a partir de Abril de 2018, pela companhia irlandesa Ryanair, e já se encontra disponível para reservas. O voo Porto Malta dura cerca de três horas e os preços das viagens oscilam entre os 40 e 60 euros.

Era uma vez um gato maltês

Malta, a Ilha mãe

Caminhar pelas ruas de Valletta, a capital, é por si só uma aventura. A cidade tem muito mais valor do que inicialmente aparenta, tanto que foi classificada Património da Humanidade pela UNESCO. Entre ruas e ruelas – todas com
o mar como pano de fundo –
 vai dar de caras com os Upper Barrakka Gardens, com um miradouro com vista privilegiada sobre o Grande Porto. Quando recuperar o fôlego, desça umas escadinhas e entre a bordo de um dgħajsa, um barquinho tradicional que atravessa a baía e leva curiosos até às Três Cidades.

Vamos a uma lição de história? Ora bem... Durante as invasões Otomanas de 1565, três cidades portuárias afirmaram-se como fundamentais na resistência maltesa. Foram então baptizadas com pompa – Vittoriosa, Cospicua (brava) e Senglea (invicta) –, e em todas elas existem fortificações que honram tal feito.

Saindo da capital e seguindo para Este, e assumindo o risco que é entrar num autocarro maltês pela rapidez e excesso 
de confiança dos condutores, principalmente em ruas estreitas e íngremes, siga para Marsaxlokk (a 11 km). Os 250 luzzus atracados, barcos tradicionais comparados às gôndolas, apesar de os preços serem escandalosamente mais baixos, tornam este porto natural um dos locais mais fotografados da ilha. A palete azul, amarela e verde (as cores mais tradicionais nas embarcações) e com muitos olhos de Osíris à mistura, faz dos pequenos restaurantes à beira-mar um ponto de paragem obrigatória. Aqui reina o peixe, que sabe bem melhor ao domingo, porque chega fresco do mais famoso mercado da ilha, com o mesmo nome da cidade.

O coração de Malta fica a 16 km de Marsaxlokk. Mdina (na foto), “cidade do silêncio”, vila medieval e antiga capital do país, que já fez de cenário n’A Guerra dos Tronos. Outros tantos quilómetros para Oeste e estamos no set do filme Popeye, de 1980. Se fechar os olhos no agora parque temático com casinhas coloridas em socalcos viradas para o mar, ainda consegue imaginar Robin Williams a interpretar 
o carismático marinheiro. As personagens que por lá andam a cantar e a dançar ajudam bastante.

Gozo e luto

Uma viagem de ferry de 25 minutos separa Malta e Gozo (na foto). 
E não importa só o destino. 
Pelo caminho passa-se ao largo de Comino e vê-se, de olhos arregalados e vontade de desviar o barco, a famosa Lagoa Azul. Mas já lá vamos. Por enquanto chegamos a Mgarr e a vista deixa as expectativas nos máximos permitidos por lei. Há uma igreja na encosta de um penhasco, um sem-número de embarcações coloridas e uma pequena povoação com um nome bem mais complicado de dizer do que o caminho até lá chegar.

Mas nem tudo são rosas: 
esta é também uma carta de despedida. Março ditou o fim de um dos pontos mais turísticos de Malta. A Azure Window, uma rocha que formava uma janela estrategicamente aberta para o azul mediterrânico, colapsou. Enxutas as lágrimas de tristeza, há que seguir caminho. A poucos metros existe uma piscina natural, ligada ao mar por uma passagem na rocha. E por lá não faltam famílias com crianças nem casais apaixonados a tirar partido de selfie-sticks.

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Comino e a rainha azul

A Lagoa Azul (na foto) é a realeza turística de Malta. Ironicamente fica numa ilha remota onde moram menos de dez pessoas e onde
 não há carros nem restaurantes. Até certo ponto, o acesso é feito de barco, mas chega uma altura em que até estes são proibidos, ou não fossem estas as águas mais limpas do Mediterrâneo. Trocam-se as linhas coloridas 
dos autocarros turísticos pelos trilhos a pé, os restaurantes à beira-mar por grutas e cavernas e os passeios de barco por máscaras mais ou menos ridículas de snorkeling.

E depois de tudo isto dizemos adeus a um lugar com quem temos mais em comum do que pensamos. O exemplo máximo disso é o grau de indignação de um maltês quando ouve que Malta é território italiano (mais ou menos equivalente à nossa reacção quando nos tomam por uma província espanhola).

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