Albufeira de Castelo de Bode
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O Lago Azul: a albufeira de Castelo de Bode

A Albufeira de Castelo do Bode continua a ser um dos locais mais surpreendentes do Centro do país. Esconde praias fluviais secretas, uma estância de wakeboard e o Lago Azul, que podia perfeitamente ser cenário de um filme

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Este texto podia contar a história da barragem que mudou para sempre a paisagem e o curso do rio Zêzere, mas quem não conhece a Albufeira de Castelo do Bode só vai acreditar na existência de um lago paradisíaco mais azul do que o céu quando lá for confirmar. E é exactamente isso que queremos, que suba até ao distrito de Santarém para ter uma das melhores revelações da vida: o imenso Lago Azul e as suas magníficas praias fluviais. Estamos em Ferreira do Zêzere, numa localização central, entre Lisboa e Coimbra, mas pouco conhecida por quem não é de lá. Nos últimos anos passou a fazer parte do mapa estival não só graças ao wakeboard (já vamos explicar tudo direitinho) mas também pelo aumento da procura por uma minoria saudável de pessoas que prefere a calma do rio à agitação do mar.

Lago Azul: à descoberta da Albufeira de Castelo do Bode

A origem do nome, que inevitavelmente faz disparar a pergunta “Lagoa Azul, como o filme?” – e que convém não confundir –, é explicada pelos da terra com poucas certezas. Há quem não se estenda muito e diga que é por causa da cor da água (óbvio), outros garantem que é pelo reflexo da cor do céu, e há ainda quem se perca na conversa e acredite tratar-se de uma benção da natureza para fazer as pessoas felizes. Na verdade o Lago Azul tem a designação oficial de Praia Fluvial da Castanheira e foi, em 2012, uma das finalistas das 7 Maravilhas – Praias de Portugal. Não é uma praia fluvial tradicional por não dispor de “areal” ou de zonas de descanso à beira da água, oferecendo em alternativa uma enorme piscina flutuante com uma parte exclusiva para crianças, nadador-salvador e plataformas espaçosas para estender a toalha e montar o piquenique.

Do outro lado da estrada, o Maven (Praia Fluvial da Castanheira. 91 090 0626) não é propriamente um apoio de praia mas é o único poiso nas redondezas para se abastecer de comes e bebes no caso de não levar lancheira. Ficou famoso pelos hambúrgueres de carne angus 100% portuguesa e acrescentou recentemente à oferta de tostas, sandes e saladas, petiscos típicos como as moelas, o pica-pau e os ovos com farinheira. O hambúrguer Maven (8,50€) é o especialíssimo da casa e inclui bacon, queijo, salada, ovo e Maven glaze, um molho secreto feito a partir de dez ingredientes e que vai mesmo bem com as batatas fritas em forma de concha. Além da esplanada com vista para a praia, há ainda um sports center que pretende ser um espaço integrado entre uma loja de roupa e de material de wakeboard, com um centro de promoção e divulgação deste local. Há bicicletas eléctricas para alugar e explorar livremente a região e aulas de wakeboard para experimentar através da Wakeboard Portugal (91 584 4443) num dos cinco cable parks distribuídos pelos 60 km que percorrem a Albufeira de Castelo do Bode, entre Ferreira do Zêzere, Abrantes, Tomar, Sertã e Vila de Rei, e que se assumem orgulhosamente como a primeira estância especializada do mundo.

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O parque mais próximo fica mesmo no Lago Azul, a uma distância de 15 minutos da praia/piscina, e tem aulas de wakeboard tanto para quem nunca experimentou mas adorava, como para os que tratam a prancha por tu. Os primeiros deverão começar por uma experiência de cable, que envolve qualquer coisa como calçar umas botas presas a uma prancha e deslizar lago afora com a ajuda de cabos eléctricos que amparam e guiam a trajectória (20€ /15 minutos aproximadamente). De longe até parece fácil mas a ajuda dos cabos é essencial ao sucesso das primeiras tentativas, caso contrário a perspectiva de se pôr de pé e dominar as águas dificilmente será cumprida só com uma aula. Para os entendidos também há wakeboard na versão tradicional, em prancha puxada por barco (€50/15 minutos), mas aí fica à sua mercê e sempre que for ao charco vai ter de se levantar por si e começar tudo de novo.

A vantagem de ser puxado pelos cabos é que depois do primeiro esticão (e da primeira queda), a coisa faz-se com relativa facilidade e até dá, durante o passeio, para “surfar” as rampas e pequenos obstáculos do percurso, relaxar, aproveitar a paisagem e sorrir para a foto. Se está já a querer pôr-se a caminho, saiba que até Setembro a Wakeboard Portugal vai oferecer, todos os fins-de-semana, experiências gratuitas através da campanha Castelo de Board. A próxima acontece já nos dias 1 e 2 de Junho na Praia Fluvial do Trízio, na Sertã, e deve ser reservada através do site www.wakeboardportugal.com.

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A cerca de 25 km do Lago Azul, em direcção à Barragem de Castelo do Bode, há dois bons motivos para parar em Vila Nova, uma pequena localidade a pouco mais de 15 minutos de distância de Tomar. A primeira será a recôndita, quase virgem, Praia Fluvial de Vila Nova-Serra, esta sim, um dos segredos mais bem guardados da região e que embora não seja ainda uma praia oficial, tem a água cristalina (e gélida) que o Rio Zêzere pode oferecer, sombra natural e vários recantos com espaço de sobra para aproveitar um dia de mergulhos e de dolce far niente. Aconselha-se a levar marmita e água fresca para não ter de abandonar o poiso à procura de um bar que não vai encontrar. Uma vez aqui, é quase certo que ao final da tarde vai querer ficar mais um dia ou dois, o que nos leva ao segundo bom motivo para vir para estas bandas. O Villa Nova Nautic and Nature Hostel (Vila Nova, Serra de Tomar. 249 011 448. Desde 60€ por cama em quarto partilhado; 110€ quarto duplo) abriu no início do Verão do ano passado e além de ser um dos alojamentos mais bonitos da zona, tem uma vista soberba para o rio.

Debruçado sobre a Albufeira de Castelo do Bode, em plena Serra de Tomar, divide-se entre camaratas e quartos duplos, alguns dos quais com varanda panorâmica e todos com casa de banho privativa, uma sala de estar com bar e um jardim com piscina depositada praticamente em cima do rio. Um hostel tradicional? Nada disso. O Villa Nova nasce para agitar a oferta turística da região e para dar provas, se dúvidas houvesse, de que o Centro de Portugal está na corrida pelo pódio dos melhores destinos de férias no país. E como filho de peixe sabe nadar, que é como quem diz que a proximidade do rio fomenta a prática de desportos náuticos, informe-se na recepção sobre os passeios de barco, o stand-up paddle e as aulas de wakeboard, ou aproveite uma das sunset parties à beira-rio para se convencer de que Portugal não é só a costa atlântica.

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Sempre que as previsões apontam para queda de neve na Serra da Estrela, significa que as estradas até à Torre vão, eventualmente, ficar cortadas. Portugal padece deste mal de não saber funcionar com condições climatéricas extremas (chove, há inundações; neva, cortam-se acessos; está calor, deixa de haver água), mas como também é um país que sabe, como nenhum outro, viver em negação permanente, todo o santo ano lá vai disto de mandar as pessoas à Serra da Estrela como se fosse possível lá chegar. Ora, não é direito do cidadão comum poder ir à Serra sem ter de pernoitar no carro à beira da estrada? Pois é. Por isso mesmo, este mês a sugestão é que suba a outra serra, a da Lousã, sem medo de ficar pelo caminho.
 Não prometemos neve mas uma experiência imersiva na natureza e no património em estado puro.

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Se me dão licença, tomo a liberdade de começar este texto com um relato na primeira pessoa. A tentativa tosca de manter a distância para não corromper a ética que se exige à prática jornalística obrigar-me-ia a ser uma mera espectadora de uma das melhores experiências que tive o privilégio de viver, e isso, sendo perfeitamente possível, não é o que quero fazer. O Dá Licença, antes de ser o magnífico sítio que é, era para ser só uma casa de férias de Victor Borges e Franck Laigneau, que procuravam um pequeno refúgio no campo para onde pudessem fugir quando a vida em Paris se tornasse demasiado frenética. Acabaram por se mudar definitivamente para a antiga Herdade das Freiras, em Estremoz, depois de terem assistido àquele que dizem ter sido o pôr-do-sol mais inspirador que viram na vida e, de repente viram-se a braços com uma propriedade de 120 hectares com três edifícios, um olival a perder de vista, muito mato por desbravar e um potencial tremendo para dar vida à ideia acabadinha de surgir: criar uma casa aberta onde se reunissem arte e natureza nas suas formas mais puras e que pudesse ser vivida como uma viagem sensorial pelas artes e ofícios numa perspectiva simultaneamente utilitária e contemplativa. Victor deixou o trabalho na Hermès, Franck fechou a galeria de arte que tinha ao pé do Musée D'Orsay e juntos começaram a projectar aquele que, três anos mais tarde, viria a ser o boutique hotel mais bonito de que há memória. O nome, que ainda pensámos que pudesse vir de um

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A chegada ao Funchal começa com uma gargalhada. “Senhoras e senhores, vamos aterrar no aeroporto Cristiano Ronaldo. Espero que tenham tido um óptimo voo.” A estranheza de aterrar um A330 num aeroporto que leva o nome do penta-Bola de Ouro é grande – será que teria provocado a mesma reacção se os aeroportos Humberto Delgado, em Lisboa, ou Francisco Sá Carneiro, no Porto, tivessem sido baptizados enquanto os visados estavam vivos? Talvez. A Time Out foi descobrir este jardim à beira-mar plantado, calcorrear trilhos, descer levadas, beber poncha e mergulhar em águas cristalinas. Tudo de bom, portanto. Recomendado: Roma alternativa: Garbatella, o bairro favorito de Nani Moretti

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