Vicki e Mitch Webber
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Viagens: A Place at Evoramonte

Queriam morar em Portugal e quase acabaram a viver num castelo. Fomos conhecer Vicki e Mitch Webber, donos desta guesthouse alentejana chamada A Place at Evoramonte

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Muito Alto, muito louro, muito pouco preocupado com
o facto de estar a vestir um kilt escocês no calor do Alentejo. “Roubei-o à família da minha mulher, esta é a cor e o padrão 
do apelido da família dela e eles não se importam que o use”, diz Mitch Webber, uma das metades do A Place at Evoramonte, um novo alojamento local que
 surgiu na planície alentejana
 em Novembro de 2017.

Mitch conheceu Vicki em 2000 e depois de alguns anos a viver
em Inglaterra e na Tailândia mudaram-se para Evoramonte em Maio do ano passado. Ela é escocesa, ele nasceu na África do Sul – “Mas eu é que o deixo usar o kilt”, relembra Vicki.

Nunca tinham estado em Portugal mas tanta gente lhes recomendou que viessem cá, “porque as pessoas eram simpáticas”, que acabaram por chegar e procurar casa. Depois de correrem alguns cantos do país, optaram por Évora, mas quando se preparavam para conhecer uma casa, deram com outra, recém-chegada ao site que habitualmente consultavam. Desde logo, algo lhes saltou à vista: “Pensámos, uau!, quero viver no castelo mesmo que não esteja para venda”, conta Vicki emoldurada pela torre de menagem de Evoramonte. Tomaram um café na varanda com o agente da imobiliária e apaixonaram-se pela freguesia.

Há muito que tinham vontade em abrir algo do género na Escócia, mas depois de terem vivido em Banguecoque durante quatro anos, explica Vicki, acabaram por se habituar ao calor e ao bom tempo: “A Escócia é bonita mas lá está sempre a chover”, brinca.

Viagens: A Place at Evoramonte

  • Viagens

O A Place at Evoramonte tem quatro quartos, um deles é uma suíte com casa de banho privada (com direito a uma banheira vitoriana de pés e a vários álbuns do Tintim na parede) e uma vista PALplus sobre a planície – quem precisa de televisão quando se tem um ecrã destes? Há ainda uma área comum com jogos
 de tabuleiro, um minibar e um terraço onde se podem ver as estrelas enquanto se bebe um copo de vinho (e são vários os produtores que estão a menos de meia hora de distância, como João Portugal Ramos, a Herdade das Servas, Tiago Cabaço ou a Herdade do Freixo).

No local onde fica agora a esplanada estava anteriormente um estacionamento de um
 café. Felizmente inverteram-se os papéis e agora já se pode almoçar ou jantar com uma paisagem desafogada pela frente. É também nesse terraço que os hóspedes podem provar o pequeno-almoço continental até às 11 horas, depois disso a zona passa a estar acessível a quem lá quiser passar.

É nessa mesma varanda que está Jorge Safara, habituado a fazer viagens com grupos até seis pessoas para ver aves. “Há 80 a 90 espécies de pássaros nesta zona”, explica, antes de parar a conversa para espreitar um abutre negro pelos binóculos — “uma ave que dificilmente nidifica em Portugal”, diz.

Toda a casa guarda objetos que o casal trouxe das suas viagens. Ao todo, já passaram por 45 países (assinalados num mapa mundo com pioneses azuis) como o Vietname, a Austrália, as Filipinas, a África do Sul, Cuba, Tanzânia ou Seychelles. Por agora, vão ficar bastante tempo em Evoramonte.

Outras sugestões para Evoramonte

Castelo de Evoramonte

A torre foi mandada construir em 1531 por D. Jaime, Duque de Bragança, numa demonstração eficaz do poder dos Bragança, senhores de tudo o que estava aqui à volta – como Vila Viçosa por exemplo. Imponente e de cariz bélico, impõe-se na paisagem e vê-se num raio de 60 km. Por fora, como que a abraçar o edifício, há um nó em pedra, símbolo da Casa de Bragança que traduz a máxima: “Depois de Vós, Nós” – sendo que Vós é o rei. Crê se que terá sido uma torre de suporte à caça e a sua construção é atribuída aos irmãos Arruda, os mesmos que desenharam a Torre de Belém – por algumas características arquitectónicas, como os baluartes, pensa-se que seja deles mas não há qualquer documento que o prove.

Curiosidade: Diz-se que o desenho é inspirado no do castelo de Chambord e que possa seguir uma planta de Leonardo Da Vinci, mas é pura especulação.

  • Coisas para fazer
Andar a Monte
Andar a Monte

Este projecto familiar de gente nascida e criada em Evoramonte foca-se em experiências e oficinas ligadas ao artesanato e às tradições locais. “Queremos que as pessoas experimentem um Alentejo diferente, o das casas pequenas, da calma e do calor, das cigarras, da cortiça, das oliveiras. Queremos que as pessoas venham provar as nossas sopas de tomate, de beldroegas e de labaças (uma espécie de erva daninha, também conhecida por catacuzes, que ficam magníficas com feijão encarnado)”, explica Matilde, a porta-voz. Oficinas de tinturaria vegetal, tecelagem, cremes e essências (já têm alguns à venda, com ervas e flores da família como alecrim, alfazema ou rosas). Estão abertos desde o Verão e na mesma Rua da Silveirinha, uma galeria de arte com uma loja gourmet onde se fazem provas de vinho e degustações de produtos regionais.

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  • Coisas para fazer

Inocência, a quem chamam Sensa, é a artesã que pega
 nas pedras que encontra pelo caminho e as transforma em casas tradicionais alentejanas, com rodapés em azul ou amarelo. Começou a fazê-las a três dimensões há três meses 
e estão todas numeradas e assinadas, com algumas a terem viajado para Singapura, Toronto, Suíça, Bélgica, Brasil ou França. Começou por pintar na rua, no chão, há dois anos e já tem 53 espalhadas por Evoramonte. Contá-las é uma boa maneira de distrair os miúdos.

Correr as Capelinhas

Existem duas igrejas dentro das muralhas, a da Misericórdia (apenas visitável por marcação) e a de Santa Maria, construída depois do terramoto de 1531 (esquecido pelo de 1755). Não sendo um edifício religioso, mas que pede romaria, não se esqueça de visitar a casa da Convenção, onde foi assinado, em 1834, o documento que pôs fim à guerra entre Absolutistas e Liberais.

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Fomos à Serra da Estrela e não vimos neve
Fomos à Serra da Estrela e não vimos neve
Nós portugueses temos uma relação complicada com o Inverno. Por um lado, negamos a sua existência sempre que escolhemos uma esplanada para tomar café debaixo de temperaturas próximas de zero: – Está frio? Está, muito, mas não interessa nada porque ficar na rua é melhor. Por outro, sempre que alguém ousa dizer que o nosso clima é praticamente tropical mesmo em Janeiro, afiamos os dentes e sacamos 
da carta mágica: a Serra da Estrela, onde há neve, sim, senhores, um vale glaciar e até uma estância de ski. E também há estradas que estão quase sempre cortadas e que impedem a subida até à Torre, a 1993 metros de altitude, que é onde a neve se acumula de forma generosa e onde se pratica o desporto amador mais barato do mundo: o ski em saco plástico ou trenó improvisado. No entanto, mesmo não conseguindo chegar ao cume, há uma série de boas surpresas naturais e urbanas nas redondezas que devem ser vistas pelo menos uma vez na vida. Chamemos-lhe o triângulo do Parque Natural da Serra, um percurso rápido que une Seia à Covilhã, com passagem por Manteigas.
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