Praia do Guincho
©D.R.Praia do Guincho
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Pelos caminhos de Cascais: os melhores trilhos e caminhadas

Estas rotas pedestres auto-guiadas, do Guincho ao Estoril, pela costa ou no meio da natureza, prometem mostrar-lhe o outro lado da região.

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Não temos nada contra ficar estendido ao sol ou a encher a barriga de peixe e marisco. Mas há mais, muito mais para fazer em Cascais, num equilíbrio perfeito entre história, natureza e diversão. Estas rotas pedestres auto-guiadas, do Guincho ao Estoril, pela costa ou no meio da natureza, prometem mostrar-lhe o outro lado da região. Para os mais aventureiros a informação que se segue é mais do que suficiente. Já os mais cautelosos podem entrar no site Visit Cascais e fazer download do guia para cada um dos trilhos, que, além de outras informações, incluem ainda um mapa e ilustrações da fauna e flora que podem encontrar ao longo do caminho. Assim, da próxima vez que estiver entediado em casa ou a reclamar porque faz pouco exercício, lembre-se que a solução pode passar por aqui. Para isso basta vestir uma roupa e calçado confortáveis, preparar uma mochila com o que precisa (leia-se snacks, água, telemóvel e máquina fotográfica) e fazer-se à estrada.

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Rotas da natureza

Há um milagre que acontece uma ou duas vezes por ano em Cascais: um dia perfeito no Guincho. E quando acontece, ah, é como ver um unicórnio. A vila inteira ruma à praia, e nem as filas para estacionar, maiores a cada hora que passa, demovem os locais. O fenómeno enche as redes sociais – causando entre quem vê no ecrã do telefone mas não pode usufruir seja por que razão for uma bela dose de FOMO. Não há vento e a água do mar, normalmente revolto, parece uma enorme piscina. Mas o que muitos não sabem, nem mesmo os cascaenses de gema, é que o Guincho tem muito mais para oferecer do que idas à praia ou passeios de bicicleta.

Há duas rotas pedestres – a Litoral Guincho e a do Cabo Raso – que o levam ao longo da zona costeira, e uma terceira, das Aldeias, que o convida a apreciar o cenário à distância. Todas permitem descobrir a costa de uma perspectiva diferente, num encontro inesquecível com a sua vida selvagem e as suas características geológicas. Ainda no campeonato da Natureza, encontra a Rota das Quintas, que apresenta o interior da região, seguindo a encosta sul da Serra de Sintra, com marcos históricos pelo caminho. Antes de se pôr a caminho, olhe que estas não são as típicas visitas guiadas. Os passeios, apesar de fáceis de acompanhar, pedem alguma resistência. Mantenha-se no caminho, garanta que a máquina fotográfica tem bateria e aproveite o ar livre.

Rota Guincho Litoral

Em pleno Parque Natural Sintra-Cascais e Sítio da Rede Natura 2000 Sintra-Cascais, este trilho distingue-se pela impressionante costa litoral recortada, com a Serra de Sintra ao fundo. Com partida na Malveira da Serra, segue por Janes e pela Charneca até à costa, seguindo pelo Forte do Guincho até à praia da Grota, antes de virar para o interior e regressar ao lugar onde tudo começou: a Malveira da Serra. Pelo caminho, não deixe de estar atento à fauna local, que não se deixa ver facilmente: há coelhos-bravos, raposas, doninhas, sardões, lagartixas do mato, cobras e os seus predadores como sacarrabos, corujas das torres, corujas do mato, águias de asa redonda ou rolas-do-mar. Se olhar para o céu, principalmente nas zonas de penhascos, faça uso dos binóculos e tente apanhar o peneireiro comum, o falcão peregrino, o melro-azul ou as gaivotas. Então e a flora? As condições locais permitem o crescimento de plantas mediterrânicas com propriedades medicinais e aromáticas como a hortelã, a chicória, o funcho, o orégão, a madressilva, o hipérico ou o alecrim. Leve um caderno e vá apontando as suas descobertas.

PARTIDA/ CHEGADA: Malveira da Serra, perto do restaurante O Farol da Serra

DISTÂNCIA: 9.9 km (circular)

DURAÇÃO: 3 horas

DIFICULDADE: fácil

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Rota do Cabo Raso

Também inserido no Parque Natural Sintra-Cascais, este trilho leva-o pelo sistema de dunas Guincho-Oitavos. Não se preocupe: estas dunas são bem mais elegantes que as daquele filme que está a pensar – e, infelizmente, não há Timothée Chalamet à vista. Ainda assim, esta costa testemunhou momentos históricos épicos. Onde hoje mora a Quinta da Marinha, desembarcaram as forças que conduziram à ocupação filipina no século XVI. Depois da restauração da independência (no séc. XVII), edificou-se uma vasta linha defensiva da barra do Tejo, com fortificações marítimas que, cruzando fogo entre si, defendiam locais de desembarque dos inimigos. A Bateria do Guincho: Crismina (em ruínas), Ponta Alta (perto do hotel do Guincho) e Galé (estalagem Muchaxo) defendiam a costa junto à praia do Guincho. Seguindo o caminho a partir da Areia, passando pelos Oitavos e pela Quinta da Marinha até à praia do Guincho, há muita fauna e flora para descobrir. O Cabo Raso, por exemplo, é um dos melhores spots para observar aves marinhas, particularmente durante a época da migração (Março, Abril, Setembro e Outubro): o corvo-marinho de crista nidifica nas arribas, ao contrário do corvo-marinho de faces brancas, do pato-negro ou do ganso-patola, que na Primavera se agrupam em grandes bandos e dão início à migração. Não se esqueça dos binóculos em casa.

PARTIDA/ CHEGADA: Areia

DISTÂNCIA: 15 km (circular)

DURAÇÃO: 3.30 horas

DIFICULDADE: fácil

Rota das Quintas

Arranca na Malveira da Serra, seguindo pela encosta sul da Serra de Sintra, uma zona inserida na Rede Nacional de Áreas Protegidas. Perfeito para a Primavera, quando a vegetação está mais bonita, este passeio de 15 km irá levá-lo por um sonho geológico de três horas e meia, com séries calcárias que remontam aos períodos Jurássico e Cretáceo. O ponto de partida é uma zona que, graças à erosão de antigas formações sedimentares, assenta num anel de granitos. Seguindo para sul da Malveira, poderá ver os lapiás, formas especiais que resultam da erosão do calcário pela água. A riqueza geológica desta rota permite uma grande variedade de flora e fauna, embora perturbada pela mão do Homem desde a ocupação Romana, quando os habitantes de Olisipo (mais tarde conhecida como – adivinhou! – Lisboa) a escolheram para construir. Muitos anos depois, os lisboetas voltaram a ser atraídos para esta zona, que se transformou em refúgio da nobreza e do clero. Hoje, restam apenas resquícios desta comunidade rural. A Quinta do Pisão, ponto de paragem obrigatório, faz tudo para garantir esta herança natural, cultural e histórica. Está aberta a visitantes e não faltam actividades especiais para famílias ao longo de todo o ano.

PARTIDA/ CHEGADA: Malveira da Serra, perto do restaurante O Farol da Serra

DISTÂNCIA: 15 km (circular)

DURAÇÃO: 3.30 horas

DIFICULDADE: fácil

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Rota das Aldeias

Somos capazes de apostar que, se está neste momento em Cascais a olhar para a Sintra, consegue ver um enorme bloco de nuvens cinzentas. Não deixe que esse barrão o desencoraje a fazer uma visita: Sintra é absolutamente mágica. E esta barreira de condensação para os ventos dominantes carregados de humidade que é a serra, cria as condições perfeitas para o desenvolvimento de uma vegetação exuberante. Esta é uma das razões que tornou Sintra um destino de férias e refúgio da corte nos séculos XVIII e XIX. Infelizmente, o século XX trouxe a reflorestação e apenas 1% da vegetação arbórea natural resistiu. A começar na Malveira da Serra, esta rota de quatro horas leva-o por matas plantadas, bosquetes com vegetação autóctone, matos de características atlântico-mediterrânicas, prados e áreas ocupadas por espécies invasoras. Não se esqueça da máquina fotográfica (ou de ter o telemóvel carregadinho de bateria) porque quando chegar à Quinta da Peninha a paisagem é grandiosa: junto ao litoral, observam-se o Cabo Raso, o cordão dunar Guincho-Oitavos e, já perto do mar, as aldeias da Biscaia e da Figueira do Guincho, vestígios de antigos fornos de cal, pedreiras e ainda fortalezas que defendiam estrategicamente a costa. Também há marcos históricos pelo caminho, zonas rurais antigas e flora diversa. A fauna é capaz de ser mais difícil de observar, mas é raro fazer o percurso sem que pelo menos uma das rapinas mais comuns por estas paragens – a águia de asa redonda ou o peneireiro-comum – surpreenda os caminhantes com o seu voo característico.

PARTIDA/ CHEGADA: Malveira da Serra, perto do restaurante O Farol da Serra

DISTÂNCIA: 12,5 km (circular)

DURAÇÃO: 4 horas

DIFICULDADE: fácil

Rotas urbanas

A história de Cascais faz-se de reis, rainhas, espiões e personagens curiosas que deixaram a sua marca. E qual a melhor forma de conhecer a região? Calçando os sapatos dos seus ancestrais. Em 1870, o Rei D. Luís escolheu Cascais para o seu refúgio de Verão, fazendo-se acompanhar da corte. A pequena vila de pescadores transformou-se num ponto estratégico de defesa nacional e viu nascer chalets, palacetes, palácios, mansões, teatros e hotéis. Nas décadas que se seguiram, o Estoril ficou conhecido como a Riviera portuguesa e serviu não só de refúgio a reis, escritores, ex-governantes e banqueiros na Segunda Grande Guerra, como de parque de diversões de espiões dos dois lados da guerra. Ao contrário das Rotas da Natureza, aqui não é preciso binóculos, nem sequer seguir o caminho à risca. Basta curiosidade e amor por História, Arquitectura e uma pitada de intriga.

Rota dos Espiões

O nome é Bond, James Bond, e nasceu... no Estoril? Ah, pois. A inspiração para o agente secreto mais famoso de todos os tempos veio desta zona de Cascais. Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal tornou-se destino de exílio para gente de toda a Europa – e palco de espionagem. Era a morada perfeita para famílias reais em busca de um refúgio glamoroso e tinha o ambiente perfeito para espiões dos dois lados do conflito se moverem discretamente. Nomes como Juan Pujol García, Dusko Popov, Ian Fleming, Walter Schellenberg e Graham Greene passaram por aqui. 

Esta rota leva-o numa viagem no tempo até esse período de ouro e pode ser feita em duas partes: uma no Estoril e a outra no Monte Estoril. Começando na Estação de Comboios do Estoril, passa pela Estação dos Correios, inaugurada em 1942, e que serviu de ligação entre famílias divididas pela grande guerra; o Hotel Inglaterra, onde muitos agentes secretos britânicos ficaram hospedados; a Pastelaria Garrett, onde os locais se deliciam com bolos, mas não só; o Casino Estoril, a maior atracção da época para a alta sociedade, bem como o ponto de encontro para troca de informação dos espiões; e o Hotel Palácio, que mantém o estilo original: recebeu realeza e, aqui, os espiões falavam em voz alta para baralhar os inimigos. O episódio não lhe é estranho? Se viu 007: Ao Serviço de Sua Majestade, não. As filmagens aconteceram precisamente aqui.

No Monte Estoril, não deixe de passar pelo Hotel Atlântico (actual InterContinental) – a base de operações dos espiões alemães em Portugal, que aproveitavam a localização privilegiada em frente ao oceano para controlar o tráfego marítimo – bem como pelos locais onde ficava o Grand Hotel e o vizinho Grand Hotel D’Italie (agora um condomínio privado). Este último acolheu espiões dos Aliados.

PARTIDA: Estação de comboios do Estoril

CHEGADA: Grand Hotel de Itália

DISTÂNCIA: 3,5 km

DURAÇÃO: 1.30/2 horas

DIFICULDADE: fácil/média

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Rota Raul Lino

Primeiro as apresentações. Quem é Raul Lino? Nascido em 1879, o arquitecto foi responsável por algumas das casas de Verão mais marcantes de Cascais. Durante a sua carreira de 70 anos, marcou o concelho com os seus edifícios inspirados na arquitectura tradicional portuguesa, com elementos exóticos das suas viagens à volta do mundo. Com a chegada da família real portuguesa nos anos 1870, Cascais transformou-se num destino de Verão para a nobreza nacional e muitas famílias de classe alta estrangeiras. Foi para elas que Lino desenvolveu inúmeros projectos, que ainda hoje podem ser vistos. Comece na estação de comboios de Cascais e rume à Boca do Inferno. Pelo caminho, vai passar pela Casa de Santa Maria, construída a pedido de um nobre irlandês e que hoje é morada de uma enorme colecção de obras do final do século XVII. Siga pela Rua Emídio Navarro, onde deve parar para apreciar a Casa de Santana e a Casa Emídio Navarro. Continuando na direcção do centro histórico, siga a Avenida Marginal até encontrar a Travessa do Calhariz, no Monte Estoril. Aí, deve fazer três paragens: na Casa Monsalvar, na Villa de Tangier e na Casa de Victor Shalk. Continue até à Casa Verdades de Faria, um edifício com três estruturas diferentes: a torre neo-medieval de São Patrício, o claustro e o palácio, com a capela de São Patrício no rés-do-chão. Termine o passeio no Casal de São Roque.

​​PARTIDA: Estação de comboios de Cascais

CHEGADA: Estação de comboios do Estoril

DISTÂNCIA: 5 km

DURAÇÃO: 1.30/2 horas

DIFICULDADE: média

Mais coisas para fazer ao ar livre

No final dos anos 80 abriram os primeiros restaurantes italianos em Cascais. Sítios com ementas clássicas, a respeitar o receituário que Itália tinha feito viajar até outros países da Europa, com pizzas de massa fina, massas simples e os irresistíveis bifes cozinhados em molhos italianos. Mais tarde chegaram as variações: as pizzas napolitanas, com bordas grossas, cozinhadas em fornos de lenha que atingem altas temperaturas, e depois as massas frescas caseiras, uma das maiores paixões dos veros fanáticos da cozinha italiana. Para diferentes gostos e bolsos, saiba quais são os melhores restaurantes italianos em Cascais.

Há qualquer coisa de alegre numa rua pintada, seja cor-de-rosa, azul ou amarela. Nesta última – em pleno centro histórico de Cascais, no eixo que compreende as ruas Nova da Alfarrobeira, Alexandre Herculano e Afonso Sanches – paira uma vibração boa, quase como se estivéssemos noutro território, de férias. Foi aqui que a Câmara instalou, desde o Verão 2020, uma zona dedicada à restauração de rua, sem trânsito, e cheia de gente animada de um lado para o outro. Cada vez mais um ponto de paragem obrigatório para cascalenses e visitantes quando os objectivos são comer bem, beber um copo e dar um pezinho de dança, tudo no mesmo raio de acção, sem ter de andar de carro ou uber de um lado para o outro, conheça os melhores restaurantes na Rua Amarela, em Cascais.

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primeiro restaurante japonês abriu em Portugal em 1989 – chamava-se Furusato e ficava na Praia do Tamariz, no Estoril. Foi aí que Paulo Morais, chef do Kanazawa, em Algés (com uma estrela Michelin), iniciou a sua carreira. Já lá vão umas boas décadas, é certo, e entretanto houve um boom de restaurantes japoneses no país. Nos dias de hoje, Cascais está bem servido em termos de cozinha japonesa – e nem sequer estamos a falar apenas de sushi. Dos espaços mais tradicionais aos de fusão, passando pelos que fazem incursões por outras cozinhas e pelos que dão a conhecer especialidades de rua do Japão, há de tudo. Para um jantar-experiência, uma mesa cheia de amigos ou um almoço rápido, eis a nossa escolha de restaurantes japoneses em Cascais

Numa terra banhada pelo Atlântico, é fácil cumprir logo aquele clichê que transpira romantismo: uma refeição à beira mar. Nesta lista, onde juntamos os melhores restaurantes para um jantar a dois, encontra uns bons exemplares da espécie, seja numa sala envidraçada, uma varanda privada ou uma esplanada quase montada nas rochas. Mas há mais: mesas pitorescas, salas privadas, menus de alta cozinha, restaurantes com ambientes a meia-luz, música ao vivo e até um com um carrinho de sobremesas trazido à mesa do cliente. Não ficaram de fora as boas garrafeiras, porque num jantar fora a dois há que brindar – e muito.

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