Construído para a Expo 98, chamava-se Pavilhão do Conhecimento dos Mares e foi um dos espaços mais visitados na edição portuguesa da exposição mundial. No ano seguinte mudou de nome e desde então este museu de ciência de quatro mil metros quadrados já foi visitado por mais de 4,5 milhões de pessoas. Além da exposição permanente, recebe várias exposições temporárias e até 28 de Fevereiro pode ver “Viral”, uma premiada exposição itinerante e interactiva que está de volta ao Pavilhão do Conhecimento. Inclui um “Túnel Virulento” e novos conteúdos relacionados com a Covid-19.
Vai ser criada no Restelo uma residência com 80 quartos destinada à comunidade artística sénior, em regime de alojamento temporário ou permanente. É um projecto da Mansarda, uma associação criada pela directora de casting Patrícia Vasconcelos, também fundadora da Academia Portuguesa de Cinema, cujo lema é: “Quando a vida nos troca as voltas”. Funcionará à semelhança da Casa do Artista, que começou com a mesma missão no virar do século e que tem apoiado esta iniciativa. A parcela de terreno onde será construída, na Rua Gonçalo Velho Cabral, com vista para a Ponte 25 de Abril, foi cedida pela Câmara Municipal de Lisboa.
O contrato-promessa de cedência em direito de superfície foi assinado a 29 de Outubro e a Mansarda já desafiou o arquitecto João Luís Carrilho da Graça a desenhar a futura residência. Para já, é certo que além dos quartos, simples ou duplos, o edifício vai integrar um restaurante aberto ao exterior e um auditório com 100 lugares no qual será desenvolvida programação cultural. A ideia é que esta resulte de um encontro de gerações na criação artística. Como explicou Patrícia Vasconcelos na cerimónia que decorreu no terreno cedido, o que está planeado é “uma casa com portas e janelas abertas”.
A Mansarda nasceu a 25 de Novembro de 2014, com 23 sócios fundadores, mas só no ano passado viu inaugurada a sua sede, na Rua Mário Cesariny, em Entrecampos, num espaço também cedido pela autarquia. A primeira pedra desta residência foi simbolicamente lançada no início do ano com uma campanha de divulgação e angariação de fundos chamada precisamente Primeira Pedra. Existe mesmo um compacto mineral – que foi passado de mão em mão, de forma a ficar impregnado com o ADN de artistas como Paulo Furtado, João Reis, Nilton, Joaquim de Almeida, Ana Bustorff, Rogério Samora, Maria do Céu Guerra, Maria João Bastos ou do próprio Carrilho da Graça – que representa essa primeira pedra da Mansarda. Encontra-se selada numa caixa de vidro e servirá para iniciativas de angariação de fundos para este projecto.
No dia da celebração do contrato de cedência de terreno, Carrilho da Graça disse que este é “um dos projectos mais interessantes e desafiantes” para que foi chamado, o que é de assinalar tendo em conta que o arquitecto tem no portefólio projectos como o Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia ou o Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações. E voltou ao assunto da pedra, mas uma que poderá ser usada no projecto que tem em mãos. Numa das visitas ao terreno com um geólogo, o arquitecto descobriu que o terreno tem por baixo “afloramentos basálticos”. “A ideia é usar a pedra como ponto de partida”, disse Carrilho da Graça, que imagina os espaços públicos no piso térreo (como o restaurante) e as residências nos andares mais elevados. “Vou tentar que seja o melhor possível. O projecto e a sua realização.”