É designer, é graffiter e é também detentor de um recorde do Guinness. Conhecido pelo seu projecto Original Extinction Art Project, que alerta para as espécies em vias de extinção, Edis One já pintou um pouco por todo o mundo, de Amesterdão ao Bali. E em 2016 participou na realização do maior muro do mundo pintado com luz negra, em Ras Al Khaimah, nos Emirados Árabes Unidos, que lhe valeu a entrada no grande livro dos recordes. Mas este artista de Benfica tem deixado a sua marca na zona de Lisboa, em particular no seu próprio bairro. Conheça algumas das obras de Edis One, realizadas a solo ou em conjunto com outros artistas, com destaque para o seu conterrâneo de Benfica, Pariz One.
É fim do dia e vamos ao cais de Santos falar com Justin Amrhein, o artista plástico californiano que concebeu e está a executar a instalação 3D Blueprint AzulTejo network. Mas temos que esperar um bocadinho: uma senhora está a perguntar-lhe o que é que ele está a fazer. Justin conta-nos que, como nunca tinha feito uma obra em espaço público, não tinha previsto que tanta gente iria falar com ele, mas que fica feliz pelo interesse e aprovação que estes novos amigos lisboetas demonstram. Quem ali passa habitualmente já o cumprimenta com um “bom dia”; há ciclistas que levantam o polegar, sorriem e seguem caminho e até há pessoas que já vêm ali, sempre à beirinha do rio, para inspecionar as novidades, ver o que ele pintou na noite anterior.
Justin tem pintado dia e noite, às vezes 20, 30 horas seguidas, e percebe-se porquê: o objectivo é tão ambicioso que quase parece infazível. A instalação abrange todos os objectos da doca, 90 no seu total, 26 dos quais cabeços em T, os maiores e de desenho mais complexo, que levam oito a dez horas cada até estarem prontos. Antes da fase de desenho, foram três dias a limpar, tirar a ferrugem e as partes que se soltavam, para depois aplicar a tinta de água para ferro e superfícies oxidadas, que irá retardar o reaparecimento da ferrugem e a degradação das peças.
O desenho a branco sobre aquele azul intenso é marca distintiva do trabalho do artista e evoca os blueprints de desenho técnico. Justin conta que já em criança era um engenhocas, gostava de abrir as máquinas para lhes ver o interior. No seu trabalho artístico desenha estas máquinas imaginárias com propostas futuristas para resolver problemas bem presentes e reais: alterações climáticas, subida das águas, destruição e degradação de habitats, extinção de espécies.
“A localização destas peças encaixa mesmo bem no conceito”, explica. “Estas máquinas estão teoricamente desenhadas para ajudar o ambiente, e o sítio onde estão localizadas, na frente de rio do Tejo, funciona muito bem, porque é um rio incrível, o sítio é muito bonito, com este grande horizonte e o céu azul, mas há aqui coisas que não deviam cá estar, não está propriamente limpo. Estamos a ver a beleza daquilo que estamos a destruir. Este rio lindo está em perigo, tal como o ambiente em geral.”
Se a chuva não obrigar a pausas forçadas, a instalação deverá estar pronta em meados de Setembro. Entretanto pode conhecer as obras e percurso de Justin Amrhein no seu Instagram.
Recomendado: As tampas nos passeios da cidade ganharam cores – muitas cores