Arte urbana na Amadora
Fotografia: Marta CaeiroIntervenção de Kruella d’Enfer na Rua Fonte dos Passarinhos
Fotografia: Marta Caeiro

Roteiro de arte urbana na Amadora

Há mais de uma centena de murais na cidade. Treine o olho com este roteiro de arte urbana na Amadora.

Raquel Dias da Silva
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“A Cidade da BD”, como se tem afirmado em Portugal e como confirma a parede de um túnel a caminho do Fórum Luís de Camões, é uma referência da expressão artística no espaço público e na cultura urbana da Grande Lisboa. Na rota da arte pública, contam-se mais de uma centena de murais, graças sobretudo ao projecto “Conversas na Rua”, organizado pelo município desde 2015, que promove todos os anos várias intervenções artísticas, em articulação com o património e a paisagem urbana da cidade. Entre as diferentes propostas visuais, encontramos obras de artistas como Odeith, Akacorleone, Vile e Smile. Pode vê-las num acervo virtual ou aproveitar para programar um passeio em família com este roteiro de arte urbana na Amadora, onde procurámos reunir alguns dos mais bonitos ou surpreendentes graffitis.

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Arte urbana na Amadora

1. It all falls down de Akacorleone

Pedro Campiche, conhecido como Akacorleone, é formado em Design e Comunicação Visual e chegou a trabalhar como designer gráfico, mas acabou por se desapontar com a área e tornar-se ilustrador freelancer, como complemento à sua carreira artística, que passa sobretudo por intervenções no espaço público. Este mural, criado em 2012, é um dos seus preferidos, por ter sido dos primeiros em que desenvolveu um estilo que ainda não tinha até então transportado para uma parede, como explica no Mapa da Arte Urbana da Amadora, uma plataforma online e interactiva de promoção da arte pública mural do concelho.

Avenida Ruy Luís Gomes.

2. Pantónio e o imaginário do teatro e do cinema

Em 2019, no âmbito de mais uma edição de “Conversas na Rua”, a Escola Superior de Teatro e Cinema acolheu, na fachada do seu edifício, uma proposta do artista açoriano Pantónio, em resposta ao objectivo do município de valorizar o património local, neste caso a primeira escola construída de raiz para o ensino superior artístico em Portugal e que é sucessora do Conservatório Nacional de Lisboa, fundado por Almeida Garrett.

Escola Superior de Teatro e Cinema, Av. Marquês de Pombal 22B.

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3. A ilustração científica por Frederico Draw & Contra

Mestre em Arquitectura, Frederico Draw usa latas de spray como se fossem lápis e o seu trabalho de rua tem explorado as profundezas e dimensões do retrato e a relação entre pessoas e espaços, através da vitalidade e expressividade do rosto humano. Já Contra tem raízes em diferentes áreas que vão do graffiti à arte conceptual, culminando numa miscelânea visual. Os dois artistas do Porto fazem parte do Colectivo Rua, criado em 2006 e constituído por artistas multidisciplinares. Juntos criaram, no âmbito de uma das edições de “Conversas na Rua”, esta homenagem à ilustração científica.

Av. Alberto Henrique Lourenço, perto da Escola Secundária Seomara da Costa Primo.

4. A Ballerina do Estúdio Altura

O Estúdio Altura é composto por arquitectos e designers que abordam artisticamente o convencional, de interiores a branding e ilustração, de live painting a pintura mural, como esta reflexão sobre a dança, pintada pelo designer gráfico Pedro Peixe, na parede lateral de um prédio habitacional.

Av. General Humberto Delgado, n.º 10.

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5. Odeith e um tributo ao cinema português

Em 2019, Vasco Santana juntou-se a Carlos Paredes, Amália Rodrigues, José Afonso e Fernando Pessoa, figuras que o artista Odeith, natural da Damaia, começou a pintar em prédios na zona da Falagueira, perto da estação de metro Amadora-Este, por altura da primeira edição de “Conversas na Rua”, em 2015. Cada um desses murais demorou entre cinco a sete dias a ser pintado, com recurso a uma grua e a 150 a 280 latas de spray.

Rua António Duarte Caneças.

6. Canto XI de Add Fuel

Para esta intervenção artística, feita em 2017, Diogo Machado, conhecido como Add Fuel, recorreu à técnica do stencil, inspirando-se na azulejaria portuguesa. Numa homenagem a Luís Vaz de Camões e à sua obra Os Lusíadas, este mural refere-se à possibilidade de continuar a epopeia com um hipotético Canto XI, proposto pelo grupo musical MGDRV. 

Avenida Infante Santo.

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7. Kruella d’Enfer e as artes

A artista visual e ilustradora Kruella d’Enfer propôs-se a interagir com o local de acolhimento desta intervenção plástica, feita em 2017, e recorreu à técnica de graffiti para criar uma narrativa capaz de dialogar com as especificidades dos Recreios da Amadora. Na sua proposta mural, incorporou, por isso, elementos característicos do edifício, nomeadamente a dança, o teatro e a música, representados numa atmosfera onírica.

Recreios da Amadora, Avenida Santos Mattos, 2.

8. Fragmentos de Sara Morais

A artista plástica Sara Morais nunca quis ser pintora, mas foi na pintura, particularmente no retrato, que encontrou a sua forma principal de expressão, onde tem vindo a focar as suas energias desde 2009. Este mural da sua autoria, realizado numa parede dos Recreios da Amadora, no âmbito da segunda edição de “Conversas na Rua”, remete para o movimento de uma bailarina de dança contemporânea do grupo Quorum Ballet.

Recreios da Amadora, Avenida Santos Mattos 2.

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9. APAURB e homenagem ao Amadora BD

Entre o número 95 da Estrada Velha de Queluz e o número 74 da Rua Gonçalves Ramos, há inúmeros murais promovidos pela Associação Portuguesa de Arte Urbana, em homenagem ao Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, como este, alusivo à 13.ª edição do Amadora BD, desenhado por Pedro Brito em 2002.

Rua Gonçalves Ramos 79.

10. Cidade de Vile

O artista Vile estreou-se no graffiti ainda adolescente, em 1998, e profissionalizou-se mais tarde, entre 2000 e 2006, com formações em desenho animado e filmes de animação, ilustração e banda desenhada, nas escolas lisboetas ETIC e ARCO. Este mural em específico foi pintado em 2010, no âmbito de um concurso de pintura de murais sobre banda desenhada, promovido pelas Estradas de Portugal e em parceria com a Câmara Municipal da Amadora.

Estrada da Correia, 24.

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11. A visão contemporânea de Daniel Eime

Daniel Eime é formado em design de cenários, mas começou a fazer graffiti ainda adolescente e desde 2011 que se dedica de forma exclusiva à pintura e arte urbana, com recurso sobretudo à técnica de stencil, também aplicada neste mural na Amadora, onde combina um retrato com elementos abstractos. 

Avenida Brasil, 2.

12. Tamara Alves e a Ofélia dos tempos modernos

Neste mural de 2019, a ilustradora e street artist Tamara Alves apresenta uma versão moderna da Ofélia de Shakespeare, mais forte e apaixonada, que contrasta com a representação de Millais, a mais famosa pintura de Ofélia, onde as flores estão murchas. Neste caso, as flores estão a desabrochar e crescem como parte da personagem. “É um tema denso mas poderoso, não é fácil assumir a nossa loucura e fragilidade mas faz-nos mais fortes. Os finais trágicos são os que mais nos ensinam”, escreveu numa publicação no Facebook, onde partilha este seu trabalho.

Rua Pio XII 117.

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13. A homenagem de Third à aviação

Natural do Porto, Third, que se dedica ao graffiti desde a década de 1990 e integra o Colectivo Rua, pintou a Estrada Salvador Allende entre 30 de Agosto e 8 de Setembro de 2019. A ilustração remete para o passado da cidade da Amadora, que foi onde começou a história da aviação nacional, de uma forma sui generis. Antes de Janeiro de 1913, que foi quando se viu o primeiro avião a cruzar os céus da Amadora, realizou-se o então famoso “Concurso de Papagaios” e, para atestar a seriedade da iniciativa, faziam parte do júri dois membros do Aero-Clube de Portugal, que avaliaram provas de altitude, estabilidade, levantamento de pesos, ângulo e tracção.

Estrada Salvador Allende.

14. A diversidade cultural por Samina

Entre 1 e 10 de Setembro de 2019, Samina, cujo trabalho se caracteriza sobretudo pela pintura de rostos com stencil, homenageou a diversidade cultural da Amadora através de uma representação, em grande escala, de uma mulher de origem africana. Incluiu ainda o número 2700, que remete para o código postal da cidade, mais uma vez para celebrar o lugar.

Avenida do Brasil.

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15. The Hood e a arte urbana do anti-mall

O complexo artístico The Hood dá outra vida ao centro comercial UBBO (antigo Dolce Vita Tejo), na Amadora. E a arte urbana é a estrela deste espaço, com paredes, chão e tectos trabalhados com curadoria da Mistaker Maker, e todo o mobiliário personalizado pelo Colectivo Warehouse. O mural maior que cobre uma das fachadas do UBBO foi intervencionado por Antonyo Marest e os Halfstudio. Há também um mural de Tamara Alves e uma intervenção de Aheneah.

UBBO. Avenida José Garcês.

16. Casa Roque de Ana Dias e Elsa Pedrosa

Inspirada na obra do ilustrador português Roque Gameiro e do artista plástico Bordallo Pinheiro, esta intervenção de Ana Dias e Elsa Pedrosa resultou do workshop “Pinta na Rua” no âmbito da primeira edição do projecto “Conversas na Rua”, que se estreou em 2015.

Caminho Fonte, Venteira.

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17. Estórias e Memórias de Kruella d’Enfer

Nesta intervenção, executada em 2020 por Kruella d'Enfer, no âmbito de mais uma edição de “Conversas na Rua”, a linguagem visual reveste-se de uma paleta de cores contrastantes e formas geométricas que procuram dar vida às suas estórias e memórias.

Rua Fonte dos Passarinhos, junto ao Parque Aventura.

18. Dragão de NARK

Em Fevereiro de 2021, a Câmara Municipal da Amadora anunciou nas redes sociais um novo roteiro de arte urbana, criado pelo Mural 18, que convidou vários artistas a intervir na Área Metropolitana de Lisboa. Hugo Pinhão, aka NARK, é o artista responsável por criar um novo mural na Amadora a partir de 21 de Abril. Mas há dois murais da sua autoria para ver na cidade, ambos para ver no IC16.

IC16.

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