Estação da Encarnação
Fotografia: Francisco Romão Pereira / Time OutMapeamento inacabado do conhecimento
Fotografia: Francisco Romão Pereira / Time Out

Uma viagem pela arte do Metro de Lisboa

Da próxima vez que perder a carruagem aproveite para ver uma exposição. Arte é coisa que não falta no Metro de Lisboa.

Renata Lima Lobo
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São 56 as estações de toda a rede do Metropolitano de Lisboa. E todas, mas mesmo todas, são verdadeiras galerias de arte urbana, não a céu aberto, mas debaixo de terra. Artistas consagrados da nossa praça deixaram o seu cunho na história dos transportes públicos alfacinhas e, embora seja uma tarefa difícil, escolhemos sete estações que merecem um olhar especial. Falamos-lhe de obras de Almada Negreiros, Vieira da Silva e Arpad Szenes, Querubim Lapa, Júlio Pomar, Maria Keil, Júlio Resende ou mesmo do célebre cartoonista António Antunes. Uma viagem para apreciar e partilhar.

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Há arte no Metropolitano de Lisboa

Encarnação (Linha Vermelha)

A artista belga Françoise Schein deu cor à estação Parque (Linha Azul) em 1994, sob o tema das Descobertas e dos Direitos Humanos, e regressou em 2022 com este “Mapeamento inacabado do conhecimento” na estação Encarnação. Com 12 metros de comprimento e 2,5 de altura, é na verdade um gigante painel sobre as grandes descobertas científicas da humanidade, que integra 32 esculturas feitas a partir de aço, madeira, vidro e objectos encontrados. A maioria das obras estava inicialmente inserida num projecto mais vasto imaginado em 1995 juntamente com a arquitecta norte-americana Elaine Monchak: o Café Cartográfico que seria instalado por cima da estação Parque mas que nunca chegou a ser executado.

Arquitectura: Alberto Barradas (2012)
Arte: Françoise Schein (2022)

Bela Vista (Linha Vermelha)

O pintor e ceramista Querubim Lapa emprestou o seu talento a esta estação e o trabalho de execução foi todo feito pelo próprio. O destaque vai para dois painéis cerâmicos com relevo, constituídos por azulejos com20x20cm, um tamanho maior do que o tradicional 14x14cm.

Arquitectura: Paulo Brito da Silva (1998)
Arte: Querubim Lapa (1998)

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Saldanha (Linha Vermelha)

A obra literária e plástica do multifacetado Almada Negreiros está espalhada pela estação, uma intervenção que ficou a cargo do seu filho, o arquitecto José Almada Negreiros que reproduziu alguns dos trabalhos do pai. Ao longo do percurso, os passageiros encontram desenhos e pinturas de grande dimensão e excertos de obras nos rodapés, nos tectos e nas paredes. E dá para ler e apreciar tudo sem ter de parar.

Arquitectura: Paulo Brito da Silva (2009)
Arte: Almada Negreiros (transposição pelo arquitecto José Almada Negreiros, 2009)

Alto dos Moinhos (Linha Azul)

Um Camões guerreiro, um sarcástico Bocage, um Pessoa desdobrado em heterónimos e um cosmopolita Almada. Estes grandes nomes da literatura portuguesa são homenageados pelo modernista Júlio Pomar (desaparecido em 2018) que aqui os “grafita” sobre azulejo.

Arquitectura: Ezequiel Nicolau (1988)
Arte: Júlio Pomar (1988)

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Terreiro do Paço (Linha Azul)

Lá no alto do átrio principal pode ver a intervenção plástica "Transparência II", da autoria de João Vieira, um dos fundadores do grupo KWY (grupo artístico português que não seguia uma linha estética comum). Uma espécie de vitral, mas em azulejo produzido pela Fábrica Viúva Lamego.

Arquitectura: Artur Rosa (2007)
Arte: João Vieira (2007)

Aeroporto (Linha Vermelha)

Lembra-se da célebre caricatura do papa João Paulo II com um preservativo no nariz? A obra "Preservativo Papal" é da autoria de António Antunes, um dos maiores cartoonistas portugueses que mereceu uma estação quase só para si. No Aeroporto é feita justiça ao seu trabalho (e à arte do cartoon no geral) através de um conjunto de49 painéis dispersos pela estação, feitos em pedra branca Thassos da Grécia e negra da Bélgica recortada com jacto de água.

Arquitectura: Leopoldo Rosa (2012)
Arte: António Antunes (2012)

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Jardim Zoológico (Linha Azul)

Aos tons de amarelo, verde-claro e azul-claro de Maria Keil, num trabalho elaborado em 1959, foi acrescentado em 1995 o traço de Júlio Resende, na sequência de obras de ampliação e remodelação. A natureza, a fauna e a flora tropicais serviram-lhe de inspiração e a Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego ficou encarregue de fornecer as "telas". O mestre esteve dois anos na fábrica a pintar toda a superfície com as próprias mãos.

Arquitectura: Falcão e Cunha (1959), Benoliel de Carvalho (1995)
Arte: Maria Keil (1959) e Júlio Resende (1995)

Rato (Linha Amarela)

É a estação mais próxima da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e por isso mesmo o Metropolitano de Lisboa decidiu homenagear aqui este casal de artistas. Foi nos topos da nave da estação do Rato que o ceramista Manuel Cargaleiro transpôs para azulejo duas obras: "Ville en Extension" (Vieira da Silva,1970) e "Banquet" (Arpad Szenes, 1948).

Arquitectura: Sanchez Jorge (1997)
Arte: Vieira da Silva e Arpad Szenes (transposição para azulejo por Manuel Cargaleiro, 1997)

Arte urbana acima do solo

  • Arte
  • Arte urbana

Vhils, Bordalo II, Aka Corleone, Smile, ±MaisMenos±, Tamara Alves ou Mário Belém são alguns dos nomes mais sonantes neste roteiro de arte urbana em Lisboa. A eles juntam-se artistas de todo o mundo, que escolhem Lisboa para servir de tela aos mais variados estilos e mensagens. Se por um lado Lisboa está em guerra com taggers com pouco talento para a coisa – e que fazem questão de espalhar assinaturas por tudo quanto é sítio –, por outro a cidade é cada vez mais um museu a céu aberto de belíssimas obras de arte urbana. Embarque connosco num passeio alternativo pela cidade.

  • Coisas para fazer

Já imaginou como seria marcar cestos numa obra de arte urbana? Em Lisboa e noutras localidades da área metropolitana, não precisa de imaginar: pode mesmo fazê-lo. Há cada vez mais campos desportivos, a maior parte exclusivos à prática de basquetebol, transformados em obras de arte. Com intervenções a cargo de artistas como Akacorleone, Pitanga, Samina ou a dupla Halfstudio, são um regalo para os olhos. E uma perdição para todos os desportistas com sentido estético. Aliás, se nem é muito de desporto, quem sabe se não se sentirá inspirado depois de visitar os campos de basquetebol mais bonitos de Lisboa.

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  • Arte
  • Arte urbana

Vhils não se faz rogado quando o assunto passa pela dimensão das obras que vai criando mundo fora. Sobram poucas pessoas a quem não soe uma campainha quando ouvem o nome Vhils. Alexandre Farto passou fronteiras há muito e mesmo assim continua por cá a deixar a sua marca em murais de pequena ou grande dimensão. O mais recente representa o lançamento da primeira pedra da 'Chelas é o Sítio', uma associação sem fins lucrativos que conta com Sam The Kid no leme. Fomos à procura, nesta margem ou do outro lado do rio, das paredes rebentadas artisticamente por Alexandre Farto e encontrámos também a icónica obra na calçada portuguesa. Recolhemos as melhores perfurações artísticas de Vhils para que siga o roteiro mais esburacado de Lisboa, veja com olhos de ver e fotografe, que é tudo instagramável.

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