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©​ CML | DMC | DPC | Bruno Cunha 2018
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Nuno Saraiva: um ilustrador, cinco murais em Lisboa

Representa Lisboa como poucos, trata a banda desenhada por tu e também pinta paredes. Conheça os murais de Nuno Saraiva.

Renata Lima Lobo
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Nascido na Mouraria, Nuno Saraiva é o ilustrador não oficial da cidade e o seu traço é inconfundível. Foi durante muito tempo o responsável pela imagem das Festas de Lisboa (em 2018 essa responsabilidade foi do ilustrador Rui Sousa) e só este ano legou dois murais à Grande Alface. Pedimos-lhe ajuda para falar sobre isso, mas Saraiva acabou por nos enviar, na primeira pessoa, a história dos seus cinco murais que decoram Lisboa. Se quiser saber mais, não deixe de visitar o site oficial do artista.

Recomendado: Conheça melhor o artista na entrevista que lhe fizemos a propósito do último Festival Internacional de BD que lhe dedicou uma retrospectiva.

Os murais de Nuno Saraiva em Lisboa

1. Escadinhas de São Cristóvão (2013)

"Na zona periférica da Mouraria que liga à Baixa e ao Castelo, ilustrei uma Severa (a lendária fadista do século XIX), o Fernando Maurício (O Rei-sem-coroa do Fado de rua, um semideus local) e o Padre Edgar (figura carismática do bairro de hoje). É um mural homenagem às gentes que aqui vivem. Um projecto Amigos de São Cristóvão com o apoio das tintas CIN."

2. Cavaleiros do Correio-Mor (2015)

"Ainda dentro das fronteiras medievais da Mouraria, na Travessa da Mata, ao Palácio do Correio-mor, uma pintura mural, a jeito de ilustração gigante, simula uma cavalgada de correios da Mala-posta Real, inspirada nos cavalos de Étienne-Jules Marey, um dos pioneiros do cinema de animação. Pretendi recriar o rebuliço que se vivia à volta do Palácio, que até aos finais do século XIX ali geria praticamente a distribuição de toda a correspondência do reino. Um projecto promovido pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior em parceria com a Associação Renovar A Mouraria."

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3. História de Lisboa (2016)

"Alfama, junto à escadaria da Rua Norberto Araújo, às Portas do Sol; um mural "curvo" conta a minha versão da História da cidade de Lisboa, desde as suas origens passando pelos episódios mais relevantes, com desenhos inéditos na forma de banda desenhada, distribuídos como uma manta de retalhos muito colorida. Um projecto promovido pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior."

4. Filigrana (2018)

"Ao Chiado, junto ao Museu da Filigrana no Largo São Carlos. Conta uma estória à volta da História desta persistente arte secular que é a filigrana portuguesa através de três mulheres, cujas saias desenham colinas de Lisboa. Não lhe sendo absolutamente exclusiva, a filigrana é feminina. Uma nobre patrícia romana igual a tantas outras que se passeavam pelas ruas de Felicitas Julia Olisipo, no século I antes de Cristo. A 2ª mulher é uma homenagem à população protocristã integrada na cidade Árabe Al-Ushbuna, uma moçárabe que exibe uma Mão-de-Fátima e esconde uma Cruz de Cristo. A 3ª mulher é uma contemporânea minhota originária da terra dos artífices que ainda hoje insistem na arte e ofício da filigrana, transporta consigo ao peito todo o ouro do Minho, inúmeras medalhas, cruzes de Malta, um medalhão da Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, e um colar que se destaca: um Coração de Viana que é também o logótipo do Museu de Filigrana de Lisboa."

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5. Mandela (2018)

"'Nelson Mandela centenário - e nunca esquecer onde Portugal esteve em 1987 e 1989' é o meu contributo para a celebração do Dia Internacional de Nelson Mandela, celebrado no dia 18 de Julho, a minha homenagem ao homem, ao lutador, ao ANC e a todos os anti-apartheid do passado e do nosso presente. Mas é também um gesto de indignação, aqui recordo 1987 e 1989 quando as Nações Unidas aprovaram uma resolução pedindo a libertação incondicional de Mandela. Essa resolução recebeu apenas 3 votos contra: os Estados Unidos (Ronald Reagan), o Reino Unido (Margaret Thatcher) e Portugal (Cavaco Silva)."

Fotografia: CML | DMC | DPC | Bruno Cunha 2018

Mais arte urbana em Lisboa

  • Coisas para fazer
Um roteiro de arte urbana em Marvila
Um roteiro de arte urbana em Marvila

Foi em 2017 que o Festival Muro transformou 17 paredes laterais de prédios em 17 telas de grandes dimensões, contando com a intervenção de artistas portugueses e internacionais. Entretanto, a arte urbana continua bem e recomenda-se, e Marvila, a zona que acolheu este projecto cheio de cor, tem seguido pelo mesmo caminho. Autêntica galeria a céu aberto, este é só mais um bom motivo para partir à descoberta da zona oriental da cidade. Anote como coordenadas o Bairro das Salgadas (Rua Dinah Silveira de Queiroz), a Quinta Marquês de Abrantes (Rua Alberto José Pessoa) e o Bairro da Quinta do Chalé (Rua José do Patrocínio), três dos núcleos abrangidos pelos artistas das tintas. Para um roteiro com orientação a preceito, consulte as visitas-guiadas da Galeria de Arte Urbana.  Ah, e de caminho, não se esqueça de passar pela Galeria Underdogs, meca da cultura visual e de passar a pente fino a restante oferta ao nível das artes.

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  • Arte

O papel de parede que forra a cidade traduz-se em arte urbana, um movimento crescente dos últimos anos. Falámos com o artista Mário Belém que nos contou que há limites quando chega a hora de colorir a cidade, desde que tudo tenha conta, peso e medida. Mário Belém fez recentemente um mural em Santa Apolónia em jeito de celebração dos 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal e colaborou com a “Coruja para as Artes”, a nova plataforma de apoio à Arte Pública e Urbana dinamizada pela Super Bock onde fez uma coruja que pode ver aqui. Mas nem só em terra lusa o artista deixa a sua marca: a obra mais recente foi um mural na Indonésia, num campo de surf.

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