Livraria Cotovia
©Duarte DragoLivraria Cotovia
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O que é que a nova Cotovia tem? Seis livros como ninguém

A livraria da Rua Nova da Trindade reabriu com um primeiro andar dedicado às editoras marginais e a livros difíceis de encontrar

Hugo Torres
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O primeiro andar do número 24 da Rua Nova da Trindade – ou seja, a casa da Cotovia – tem agora livros que não se encontram facilmente noutras livrarias. É a grande novidade da reabertura, em Setembro, depois de um período em que esteve fechada para reorganização e pequenas reparações. Agora, além dos títulos da própria Cotovia (que se mantêm no rés-do-chão), encontra livros de 19 pequenas editoras. “Pensámos que seria esplêndido haver, bem no centro da cidade, um lugar onde estes editores pudessem vender os seus livros sempre, já que não estão representados nas grandes cadeias livreiras”, diz Beatriz Marques Morais. Pedimos à produtora da Cotovia que nos escolhesse, então, cinco livros marginais e de “espantosa” qualidade e tiragens minúscula que pode quando for ao Chiado. Mais uma novidade da casa.

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Leituras ao centro e à margem

“Os Cantos de Maldoror”, de Isidore Ducasse

Das muitas publicações de Os Cantos de Maldoror, destacamos a edição Momo (15€). Além da excelente tradução, esta edição tem um notável trabalho gráfico pela mão de Ricardo Castro, que vai desenhando, paralelamente ao texto, a sua forma e movimento. Capa impressa em tipografia e linogravura na oficina O Homem do Saco.

“Fragmentos Narrativos”, de Paul Valéry

Reúnem-se, nesta edição Dois Dias (14€), textos póstumos de Paul Valéry. Obra importante de quem se recusava a escrever romances, Fragmentos Narrativos são vários começos em conjunto, desde reflexões a pequenas histórias e poemas.

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“Obra Escrita”, Vol. I, II e III, de João César Monteiro

É a reunião da obra escrita de João César Monteiro, cineasta e brilhante escritor. Os volumes (26€) recolhem os escritos de JCM para os seus filmes, seguindo a mesma cronologia. São edições únicas pela particularidade de impressão da capa, que varia de exemplar para exemplar.

“Canto Nono”, de Nuno Moura

Canto Nono (Douda Correria, 8€) é um pequeno livro com um longo poema de Nuno Moura. Dispensando numeração de página, o livro começa «Ainda os carteiros andavam a pé e a água com gás era no mar», e por aí fora, cruzando tempos e referências. Recomenda-se leitura e releitura.

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“Casa de Lava”, de Pedro Costa

Artigos, reportagens, pinturas e postais, imagens da história do cinema, a longa carta repetida no filme que dá nome ao livro – tudo isto é o registo das ideias particulares e muito próprias à cinefilia de Pedro Costa, que anteviram Casa de Lava. Editado pela Pierre von Kleist (30€), este livro-caderno faz-se de recortes e colagens, agora memórias de um filme.

“Trade Mark”, de A. M. Pires Cabral

«Veio-me à ideia submeter a tratos de poesia algumas das marcas com que me cruzei, na infância ou na adolescência ou ainda na idade adulta – coisas que usei ou vi usadas por outrem, e que, geralmente por bons motivos, me ficaram gravadas na memória.»

Trade Mark(10€) é um pequeno livro de poemas sobre marcas e a memória que o poeta tem delas. Assim, A. M. Pires Cabral escreveu sobre isso mesmo – marcas de automóvel ou brilhantina, lâminas de barbear, canetas, remédios, tabaco, máquinas de costura e de escrever, preservativos, relógios…

Leituras ao centro e à margem

  • Coisas para fazer

Setembro é o mês do regresso à cidade, às aulas, aos livros. Não estamos a falar de manuais escolares ou sebentas: há romances, contos, crónicas, poesia, teatro, ensaios e BD. É à escolha do freguês. E as editoras fazem de tudo para nos dar novos mundos, para nos aproximar ainda mais do Brasil ou para nos dar a conhecer a mais próxima Hungria. Ou para nos recordar os antigos, reeditando clássicos esgotadíssimos. Literatura portuguesa a cheirar a fresco, Nobel incluído, também não falta. Passámos em revista as novidades e apresentamo-las com o bónus – com sugestão dos locais, renovados ou em risco, onde os pode ler. Para não sentir falta do Verão. 

  • Compras
  • Livrarias

Sítios onde é pouco provável que encontre um exemplar de “Maria Vieira no País do Facebook” mas de certeza que tropeça numa obra de Konsalik. Já agora, por que raio há tantos livros de Konsalik à venda em Lisboa? Não sabemos a resposta a essa pergunta, mas sabemos bem quais são as nossas livrarias independentes preferidas. Nota: uma livraria independente é uma loja de venda de livros que não está presa a uma cadeia, um franchising, um conglomerado ou qualquer tipo de substantivo colectivo usado para designar agremiações do género. A nossa lista também não inclui alfarrabismos de qualquer espécie. 

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  • Compras
  • Livrarias

Todos a têm como pano de fundo, embora a tratem sob diferentes perspectivas. Mas se há conclusão comum a todos estes livros sobre Lisboa, é que a cidade é linda de qualquer forma.

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