Não é possível alcançar a felicidade permanente, e isso configura uma realidade difícil de aceitar quando um dos maiores objectivos pessoais de cada ser humano parece traduzir-se na simples premissa de ser feliz. É Stefan Sagmeister quem o diz – o designer gráfico defende que “a felicidade treina-se, tal como se treina o corpo”. Mas o que é que fazemos realmente para sermos felizes?
Inicialmente, Stefan tentou dar essa resposta a um nível global. Uma série de pesquisas e experimentações no campo da felicidade durante um dos seus anos sabáticos – prática regular que defende para vitaminar o seu processo criativo – fê-lo perceber que a resposta exigia um trabalho exaustivo, quase impossível de se tirar conclusões. “Decidi que ia ser pessoal, que ia ser um espectáculo sobre a minha própria felicidade”, conta-nos, explicando que foi nessa altura que surgiu o projecto The Happy Film e, consequentemente, a exposição “The Happy Show”, que chega esta sexta-feira, dia 13, ao MAAT. Este é um dos seus projectos mais icónicos, resultante de uns longos dez anos de investigação, e que teve a sua primeira exibição em 2012. Lisboa é a décima e última cidade desta exposição itinerante, que viaja pela mente de Sagmeister e pelas suas visões inovadoras, aparentemente simples, sobre como sermos mais felizes. Durante os dez anos que dedicou ao estudo deste conceito, o truque da felicidade explorado por Stefan passou por três actividades: mediação e terapia cognitiva e produtos farmacêuticos que alteram o humor. Estes factores, conjugados entre si, faziam o designer feliz.
“É preciso entender que o que as faz felizes é diferente de pessoa para pessoa. Somos os especialistas da nossa própria felicidade e temos de aprender a avaliar o que nos faz bem”, diz. “A felicidade precisa de ser dividida em curto, médio e longo prazo. A curto prazo temos coisas como alegria ou um orgasmo. Na versão do meio, temos a satisfação ou bem-estar, como estar deitado no sofá numa tarde de domingo. O longo prazo inclui encontrar a vocação ou o motivo pelo qual fomos colocados neste mundo – todas estas coisas se enquadram dentro do termo de felicidade”, exemplifica Stefan. Portanto, é tudo uma questão de treino e adaptação constante ao que nos rodeia. “É impossível ser feliz o tempo todo, temos de ir procurando a satisfação no nosso caminho.”
Com vídeo, infografias, esculturas e instalações, a exposição oferece uma visão diferente da consciência de felicidade do visitante, que muitas vezes acaba por se alterar. O “The Happy Show”, que no total já conta com mais de meio milhão de visitantes em todas as cidades em que esteve presente, não se trata só de uma exposição temática e interactiva, acaba por se tornar num medidor de felicidade alheia.
If_I_dont_ask_I_dont_get from Sagmeister & Walsh on Vimeo.
“Descobrimos que, se queremos comunicar alguma coisa, funciona muito melhor se o público estiver envolvido. E o feedback dos visitantes ajudou- -nos muito. Acho que nunca teríamos terminado o The Happy Film sem as reacções do público que tem visitado o ‘The Happy Show’”, afirma o designer.
No que à exposição diz respeito, o designer não se ficou pelos resultados da sua experiência pela busca da felicidade – acabou por unir os seus famosos grafismos a dados sociais de psicólogos, antropólogos e historiadores para contextualizar muitas das suas afirmações visuais.