Baronesa
©DRBaronesa de Juliana Antunes
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IndieLisboa 2018: conheça os vencedores

Durante 11 dias, a cidade encheu-se de cinema independente. O IndieLisboa chegou ao fim e estes foram os vencedores da edição deste ano

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Feitas as contas foram 245 filmes distribuídos por 11 dias, cinco salas. Foram filmes de todos os formatos vindos de diferentes idades e com distintas intenções, sessões a toda a hora, mais actividades paralelas. Passaram os dias, passaram os filmes, passaram os artistas, passaram as discussões acaloradas, passaram os concertos, passaram as actividades paralelas, passaram as antestreias. Tudo visto, só falta saber quem ganhou. À 15.ª edição, estes foram os vencedores do IndieLisboa 2018.

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IndieLisboa 2018: e os vencedores são…

Baronesa e Lembro Mais dos Corvos

São dois, e como se não bastasse uma vitória ex-aequo e o Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa, os filmes de Juliana Antunes e de Gustavo Vinagre ainda receberam o Prémio Especial do Júri.

Baronesa é o retrato íntimo de duas mulheres numa favela de Belo Horizonte, no Brasil, o qual, segundo o júri, “amplia a tensão entre a violência extrema fora de campo e a possibilidade de ternura que é construída dentro dos muros criados pelas próprias personagens”. O mesmo júri que assinala os “sinais de uma construção cúmplice de um olhar feminino sobre a realidade".

Lembro Mais dos Corvos põe em cena uma conversa entre uma actriz e um cineasta, em São Paulo, que tanto pode ser vista como uma reunião ou como um encontro, mas também como uma interpretação, em filme onde, de acordo com a decisão dos jurados, há “sempre humor, família e cinema. Quando se vê o sol nascer de manhã, é como assistir a outro filme: dá conforto, dá energia, dá esperança.”

Solar Walk

A declaração final do júri que atribuiu a Réka Bucsi o Grande Prémio de Curta-Metragem é mais do que clara: “Solar Walk é, de longe, o filme mais emocionante que vimos nesta competição”. Não bastasse, ainda acrescenta como em “vários aspectos, poderia ter sido um caso problemático de audácia que correu mal, mas é exactamente o oposto, levando o espectador numa jornada complexa através de uma existência colorida”.

Viagem de ficção científica animada onde o realizador explora com imaginação os espaços e a riqueza das texturas, procedendo a surpreendentes quão divertidas mudanças entre assuntos familiares e extraterrestres, suficientes para criar tensão psicológica e um “ritmo cósmico de entropia”, evocando “imagens de autores como Andrei Tarkovski e Stanley Kubrick”.

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Our Madness

Com a história, filmada em Moçambique, da busca de uma mulher que escapa de um hospital psiquiátrico para procurar a família dispersa pela guerra, João Viana, na sua segunda longa-metragem, ficou com o Prémio Melhor Longa-Metragem Portuguesa. A explicação do júri é simples: “O trabalho de João Viana com Our Madness, vai mais longe do que uma tentativa de uma linguagem cinematográfica própria, constituindo-se como um ecosistema onde coabita uma beleza doentia e uma mitologia austera”.

A Árvore

Já o prémio Melhor Realizador para Longa-Metragem Portuguesa, esse, foi para André Gil Mata e a sua elegia passada na Bósnia-Herezegovina.

Para o júri, A Árvore “demonstra um pleno controlo no uso da câmara, no tratamento dramatúrgico, no ambiente fotográfico e duração do filme, criando um universo uno e coerente. As referências cinematográficas evidentes adquirem neste filme uma personalidade própria a qual pressupõe um desenvolvimento futuro de uma linguagem coesa e artisticamente sólida”.

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Os Mortos

Entre o documentário e a ficção, com as suas histórias de gente morta, Gonçalo Robalo foi o agraciado com o Prémio para Melhor Curta-Metragem Portuguesa, pois, dizem os jurados, esta ”curta-metragem arrebatou-nos pela autoridade da sua narrativa e o tempo perfeitamente calibrado de uma impassível performance. Um filme que revela uma sucessão de vinhetas pessoais sobre a morte com humor negro e, ao mesmo tempo, com um grande sentido de humanidade”.

O Processo

Depois da prisão de Lula da Silva, aconteça o que acontecer no Brasil, onde está sempre a acontecer alguma coisa e nada é certo, este documentário em forma de filme de tribunal, centrado na destituição da presidente Dilma Rousseff, ajuda a compreender a girândola de acontecimentos políticos e judiciais dos últimos anos. Tão bem que o júri resolveu conceder o Prémio Silvestre para Melhor Longa-Metragem à película de Maria Augusta Ramos.

Para os jurados, as razões são singelas: pela “sua linguagem cinematográfica, que permite que façamos as nossas próprias observações. Pela sua montagem aberta, que é fluente e elegante”, O Processo é um “drama político contado através da narrativa clássica sem cair no classicismo gramatical e formal. É um filme sobre a política brasileira que também mostra o processo universal de deslegitimação das instituições republicanas e lança uma nova luz sobre os perigos que ameaçam a democracia contemporânea”.

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Braguino

“Um excelente exercício de pensamento no cinema”, disse o júri, explicando porque atribuiu o Prémio Silvestre para Melhor Curta-Metragem ao filme de Clément Cogitore passado na Sibéria, sobre a vida de duas famílias rivais.

E, como se não bastasse, acrescentam os membros deste júri: “Ao longo de sequências intensas e ultra-subjectivas, as imagens capturam a beleza selvagem da natureza, uma espécie de primitivo despreocupado que vive no século XXI. Temperado com salpicos de paranóia e rivalidade entre clãs, Braguino é denso, coerente e infantil”, pois “através da montagem inovadora e intensa de som e imagem, o filme transforma-se numa alegoria da sobrevivência humana primitiva e mostra as consequências de uma sociedade que penetra agressivamente o idílico”.

Rabbit’s Blood

Prémio para Melhor Animação, o filme de Sarina Nihei é, de acordo com a decisão dos jurados, uma “tragicomédia surrealista desenhada à mão com tantas acções/reacções e um final abrupto.”

Ainda de acordo com a acta, acrescenta o júri que “o filme agarrou-nos ao ponto de querermos saber o que acontecia a seguir. Na mesma linha das muitas perguntas e enigmas que este filme evoca rapidamente, destaca-se uma: o que é a morte? Rabbit’s Blood é uma animação perturbadora e elegante sobre violência e solidão, contada na perspectiva de uma criança. Na estrutura de labirinto das causas e efeitos, a vida desdobra-se como um jogo absurdo.”

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Matangi/Maya/M.I.A

Sem ser surpreendente, não deixa de ter significado que o júri indicasse para o Prémio IndieMusic o filme sobre a transgressão na música popular dirigido por Steve Loveridge a propósito de M.I.A.

Cúmplice da cantora e compositora, o realizador e argumentista deste filme não apresenta uma visão distanciada. Mas essa cumplicidade com Mathangi “Maya” Arulpragasam não impede o cineasta de apresentar vividamente a história desta originária do Sri Lanka, filha de fundador dos Tigres do Tamil (a mais feroz organização terrorista do país, entretanto desmantelada), criada em Inglaterra, que encontrou na música forma de destilar origens e influências através de uma obra aguerrida e política e esteticamente provocatória.

Amor, Avenidas Novas

Digamos que Duarte Coimbra, graças ao Prémio Novo Talento, parte para Cannes, onde o seu filme será apresentado na Semana da Crítica, com novo alento.

O júri, aliás, não se poupa em elogios a esta obra cheia de “charme, energia e humor excêntrico”, que “consegue surpreender e deleitar-nos com a sua inventiva e absurda história de uma juventude contemporânea a caminhar para a vida adulta”, pelo que “exulta ao reconhecer um novo e excitante realizador.”

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