Luzes de Natal Baixa
Manuel Manso
Manuel Manso

10 ideias para viver o Natal na Baixa

Bem-vindos ao bairro do Pai Natal! Os 10 mandamentos para viver a quadra natalícia na antiga Freguesia de São Nicolau, mais conhecida como Baixa.

Vera Moura
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Não tinha barba branca nem usava fato vermelho, mas todos o associam ao Pai Natal. Porquê? Porque a generosidade e a ligação de São Nicolau às crianças eram grandes, tão grandes quanto a pança do velhinho que todos os anos distribui presentes por quem se portou bem montado num trenó puxado a renas.

Não sabemos quando deixou de acreditar no Pai Natal, mas chegou a época de imitar a santidade de Nicolau, de ser bonzinho, solidário e tolerante. Contorne as armadilhas para turistas – bem como os turistas; evite os vendedores de substância ilícitas – e nem pense em comprar algumas para pôr no sapatinho; não perca tempo a alimentar as redes sociais com a maior árvore de Natal da cidade – do país? Da Península Ibérica? Da Europa? Do planeta Terra?; e descubra o melhor da Baixa, o bairro do Pai Natal. É a Freguesia de São Nicolau em duas mãos cheias de mandamentos que fariam Moisés dar cambalhotas no túmulo.

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10 ideias para viver o Natal na Baixa

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Serás o mais elogiado pela originalidade
Serás o mais elogiado pela originalidade

Despachar todos os membros da família, e ainda o amigo secreto, sem sair da mesma loja? É fácil na Capitão Lisboa, que junta o útil ao divertido em objectos para todos os orçamentos. Senão, veja-se: para a avó, há panos de cozinha a 9,90€ com ilustrações coloridas e mensagens marotas como “My safeword is takeout” ou “I like long romantic walks to the fridge”; para o pai encontra máquinas fotográficas saudosistas da Polaroid, que vão dos 120€ aos 159,99€. Demasiado? Para eles há ainda os posters raspadinha (29,90€): o das 100 cervejas que tem de beber antes de morrer, o dos 100 livros que tem de ler, o dos 100 discos que tem de ouvir ou, para os mais ousados o das 100 posições do Kama Sutra.

As mães, mulheres, namoradas, amigas, colegas e amantes vão adorar as decorações de parede em forma de veado, cavalo-marinho ou pássaro (7,95€-94,90€), as garrafas de água reutilizáveis (12,50€-34,50€) ou os pratos para jóias com flamingos ou ananases (9,90€) – estes devem ser devidamente acompanhados de uma jóia, claro. Já para as crianças não faltam brinquedos, como barcos de piratas ou castelos de princesas em cartão para montar (33,90€) ou as gabardines impermeáveis com bicharada (6,90€) – leões, elefantes, chimpanzés e vacas.

Então e aquele primo afastado que não faz ideia do que gostaria de receber? Ou o colega maniento que teve o azar de apanhar no sorteio do amigo secreto do escritório? Também para eles há gracinhas, e bem em conta, como as meias que são tudo menos previsíveis, com cores, padrões e mensagens hilariantes, a 9,90€. 

2. Ajudarás as lojas históricas a sobreviver

Para fazer história neste Natal, nada como ir às lojas históricas da cidade. A Baixa está cheia delas, com ideias de presentes para todos. A Chapelaria Azevedo Rua, por exemplo, ditou as modas da cidade durante décadas, embarretando gente importante como o Rei D. Carlos ou Fernando Pessoa. Mais de 130 anos depois de nascer, é o paraíso de dandys dos tempos modernos, com chapéus, luvas e bengalas clássicos.

Na Manteigaria Silva pode encher o sapatinho com consumíveis da mais alta qualidade: vinhos, presuntos, enchidos, queijos, frutos secos e bacalhau para a consoada são os tesouros desta mercearia fina que já passou por 129 natais.

A Drogaria Oriental não tem apenas as toucas preferidas de Cristina Ferreira: tem perfumes em frascos antigos, cremes Bênamor, sabonetes Ach. Brito e escovas de fios de seda.

A Óptica Jomil tem réplicas dos óculos usados pelo último imperador da China, por Picasso, ou por Le Corbusier, modelos da Lesca ou Lindberg, todos com um ar bem retro, únicos e incríveis, e que podem ascender aos 750 euros. Mas há soluções mais acessíveis, incluindo estilosas lunetas.

Bem sabemos que é tempo de paz e amor, mas não deixe de entrar também na Espingardaria Central A. Montez. Opte pelos clássicos canivetes suíços ou pelos ténis, mochilas e casacos da ASICS em vez de entrar a matar (ou a disparar).

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3. Mostrarás que o vintage tem muita pinta

Para quem procura bons negócios, as lojas retro podem ser a solução neste Natal. Na Baixa, há três espaços que provam que o vintage não cheira a mofo e que do fundo do baú podem sair coisas com muito mais pinta do que as que estão expostas nos charriots descaracterizados das grandes marcas. A Outra Face da Lua é, provavelmente, a mais conhecida do bairro, talvez até da cidade. Uma orgia de cores e padrões de outras épocas onde convivem brincos gigantes e dourados dos anos 80, calças de ganga com os mais diversos cortes, lenços com franjinhas, kimonos e muita roupa desportiva que não podia estar mais na moda. Na mais recente Bird on a Wire brilham os achadões vintage que, até há pouco tempo, a londrina Buki Fadipe vendia apenas online. Vestidos dos anos 60, 70 e 80, óculos escuros ao estilo cat eye, lingerie da Paparina, sobretudos de linhas clássicas, sapatos rasos ou de salto, bijuteria XXL e até ilustrações – aqui encontra a peça ideal e intemporal. Já a Electric Tiger nasceu pelas mãos de Marco e Imma, ambos apaixonados por tudo o que grita retro. Imma trazia de Itália a experiência de trabalhar numa loja vintage e os contactos de fornecedores – a maior parte das peças vem de Nápoles. Camisas havaianas que animam qualquer dia de Inverno, camisolas com etiquetas bem conhecidas, como Pierre Cardin ou Burberry, saias, carteiras, casacos e acessórios estão à espera de ganhar mais uma vida.

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Foi graças à Confeitaria Nacional que o bolo-rei chegou a Lisboa. Corria o ano de 1870 e o dono da pastelaria à época, o Sr. Castanheira, de viagem a Paris, descobriu-o, provou-o e trouxe-o para a cidade. A receita é secretíssima, mas famosa pela massa húmida e pela fruta cristalizada sem corantes. Fruta cristalizada não é consigo? Na casa-mãe, na Praça da Figueira, também pode comer (ou encomendar) bolo-rainha, com muitos frutos secos para trincar. O espaço tem a magia perfeita para fazer uma pausa nas compras de Natal e bebericar um chá enquanto experimenta estas ou outras especialidades típicas da quadra, como os sonhos ou as broas de espécie ou de milho.

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5. Levarás a conversa do sapatinho à letra

Encher o sapatinho de sapatinhos não tem de ser uma redundância e na Baixa não faltam moradas para quem gosta de piadas fáceis e trocadilhos básicos. A Degrau tem as prateleiras cheias de sapatos perfeitos para palmilhar as colinas da cidade. Muroexe, Superga e Hoff são algumas das marcas disponíveis para os membros inferiores, mas também vai encontrar acessórios da Komono ou da Ucon Acrobatics para outras partes essenciais do corpo humano.

A loja de streetwear Son of a Gun é para onde deve correr se tem um cool kid on the block para presentear. Vai encontrar sweats, chapéus, T-shirts e ténis, muitos ténis de marcas difíceis de encontrar fora do universo online.

Num bairro onde não faltam montras de grandes cadeias, se é ténis que procura não deixe de parar na Vans da Rua Augusta, com clássicos e colecções temáticas e limitadas.

6. Palmilharás a Rua dos Bacalhoeiros

O Campo das Cebolas voltou a estar na berra e a Rua dos Bacalhoeiros levou um shake, shake, shake com o encerramento ao trânsito e a abertura de novos espaços. O mais recente, na esquina com a Rua da Madalena, é a Claus Porto. A proximidade do Terminal de Cruzeiros encaminhou a marca para o tema das viagens, com uma aposta em produtos travel size, mas a maior novidade é o Soap Bar, um bar de sabonetes onde cada cliente pode construir a sua própria caixa personalizável.

A histórica Benamôr, que remonta a 1925, instalou-se no número 20A da Rua dos Bacalhoeiros e é muito mais do que uma montra dos seus produtos centenários: nesta cozinha de beleza pode experimentar tudo e comprar sabão ao peso, água de colónia ou vários tipos de creme. Dica para um presente perfeito neste Natal? Faça o seu próprio coffret.

A também fotogénica Conserveira de Lisboa, no número 34, é daqueles sítios frequentados por turistas que todos os lisboetas deviam visitar de vez em quando. Não (só) para fotografar, mas para escolher as latas coloridas 100% nacionais para oferecer. Anchovas, atum, bacalhau, cavala, lampreia, polvo, carapau ou sardinha: seja qual for a escolha, vai ficar a matar embrulhada em papel pardo. E já que estamos numa de produtos tradicionais, vale a pena parar nas portas 117 e 119, onde mora a Silva & Feijó. Além de conservas, há compotas, chocolates, azeites, vinhos, licores e biscoitos, para um cabaz bem composto. Para os mais novos, há brinquedos de madeira à antiga.

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  • Grandes armazéns
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Equiparás casas alheias com a ajuda de uma octogenária
Equiparás casas alheias com a ajuda de uma octogenária

Sala, quarto, cozinha, casa de banho, hall, despensa, escritório ou jardim: não há cantinho da casa que escape aos nove pisos da Pollux, que este ano comemorou 82 anos de vida. Se é dos que se pela por fazer as compras todas sem sair do mesmo sítio, esqueça os centros comerciais caóticos e dê uma oportunidade a este armazém à antiga, que tem desde as loiças intemporais da Bordallo Pinheiro, aos utensílios de cozinha mais mirabolantes, dignos de chef estrelado. Para quem leva a quadra tão a sério que até os presentes são temáticos, há decorações de Natal, loiças de Natal, caixas de música de Natal, canecas de Natal, formas de bolos de Natal, aventais de Natal ou sabonetes – já adivinhou – de Natal.

8. Amarás as crianças acima de todas as coisas

Os adultos com síndrome de Peter Pan podem ficar nervosos com a ideia, mas este é um cliché para levar a sério. Mantenha-o em mente na hora de ir às compras e não contribua para o aumento de traumas à conta de pares de meias sem graça. Na Flying Tiger Copenhagen, Tiger para os amigos não é preciso gastar este mundo e o outro para fazer um figurão. A dinamarquesa tem uma secção infantil cheia de jogos divertidos e didácticos, além de brinquedos de madeira, slimes e muitos lápis para colorir.

Bem diferente é o sobrevivente Bazar do Povo Thadeus, fundado em 1860. A loja especializada em modelismo e ferromodelismo é o sonho de todos os miúdos que querem ser pilotos ou maquinistas quando forem grandes, com um sem-número de carros, carrinhas, camionetas, motas, comboios, helicópteros e aviões.

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9. Darás uma oportunidade ao comércio de rua

Se há bairro na cidade capaz de competir com um centro comercial, esse bairro é a Baixa. As montras que estamos habituados a ver lado a lado em grandes superfícies espalham-se pelas paralelas e perpendiculares da antiga freguesia de São Nicolau, com a vantagem de estas viverem ao ar livre e terem como vizinhas marcas locais e nomes históricos. Não resiste a uma cadeia? Vá na mesma para a Baixa: a sueca H&M, por exemplo, tem cinco andares e colecções difíceis de encontrar noutras lojas da marca em Lisboa, além da secção Home, apenas disponível aqui e no Colombo.

Da gigantesca Inditex, encontra a flagship store da Mango, nos Restauradores, com provadores digitais e colecções de homem, mulher e criança, e uma Zara de três andares na Rua Augusta, onde facilmente compra os presentes para toda a lista. A japonesa Muji, com mais de 700 lojas espalhadas pelo planeta, nem perdeu tempo à procura de um espaço fechado num shopping e escolheu a Rua do Carmo (já mesmo na fronteira com o Chiado) para espalhar o seu design minimalista.

10. Terás um Natal picante

Não faltam efemérides, datas festivas e outras boas desculpas para manter os níveis de sedução apuradinhos e oferecer lingerie. Mas porquê reservar esse presente ao aniversário de namoro ou de casamento, ao Dia de São Valentim, ou mesmo ao Dia do Sexo (se não sabia, assinala-se a 6 de Setembro)? Este Natal ofereça umas cuequinhas marotas, um sutiã sexy ou um body ousado. Na Baixa, pode entrar no ambiente vintage da alfacinha Dama de Copas e abastecer-se com a ajuda de verdadeiras especialistas, as bra-fitters. É que 34% das mulheres não sabem o tamanho do sutiã que usa e, pior, mais de 90% usam o tamanho errado. É desta que acerta na mouche.

O bairro tem ainda gigantes como a Intimissimi, que se instalou na antiga morada da alfaiataria Rosado & Pires, Lda e aproveitou o legado arquitectónico para expor centenas de escolhas de lingerie e roupa de dormir para elas e para eles; ou a mais juvenil Tezenis, com preços acessíveis, música alta, cores divertidas e alguma bonecada.

Presentes de Natal para todos

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O Natal está mesmo aí à porta e pensar nas prendas pode muitas vezes tornar-se numa dor de cabeça, sobretudo se estiver rodeado de pessoas que são exigentes na hora de desfazer um embrulho. Por isso, é sempre preciso dar um toque de criatividade na hora de encher o sapatinho dos amigos e da família. Já pensou oferecer arte?

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Dezembro era sempre aquele mês de fazer da agenda um puzzle de jantares com amigos, colegas e familiares. Uma azáfama. Este ano não haverá grandes jantaradas e a troca de prendas de amigo secreto tem de ser repensada e comedida. Mas pode começar mais cedo a pensar no que dar ao comparsa para não deixar para a última e comprar uma bagatela qualquer.

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Andamos de um lado para o outro num frenesim em busca da prenda perfeita para o Natal, mas agora, que o que se quer é evitar os grandes centros de consumo da cidade, dá jeito uma ajudinha a escolher, não é? Ora, para evitar que o verdadeiro espírito de Natal fique esquecido entre as incertezas deste ano, o melhor é anotar algumas ideias de presentes de Natal solidários.

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