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Terry Vlisidis/ Unsplash
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Bons vinhos até 5 euros, quem quer?

As prateleiras de vinho dos supermercados podem ser muito assustadoras, tal é o mar de possibilidades e os diferentes níveis de preço. A informação que se segue serve para acabar de vez com este pesadelo.

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Vivemos num país afirmativamente vinhateiro, com cerca de 285 castas autóctones, ou seja, 285 uvas que nasceram neste pedaço de terra com apenas 218 km de largura e 561 de comprimento, e nas nossas ilhas. Uma área pequena, onde fizemos caber 14 regiões vitivinícolas, tal é a diversidade do clima e do solo português. O que não valorizamos, por vezes, é que também por isso nos chegam às mãos vinhos óptimos a preços bastante acessíveis, muitos à venda por menos de cinco euros nos super ou hipermercados. Resta saber quais, porque nem todos têm esta excelente relação qualidade/preço. Aqueles aqui apresentados têm várias coisas em comum: são todos boas escolhas, fáceis de encontrar, e prometem não desiludir, quer seja numa mesa de amigos ou num momento a dois (ou até mesmo para beber sozinho).

Bons vinhos até 5 euros, quem quer?

Para percorrer connosco os corredores da ala mais sexy do hipermercado, chamámos a crítica de vinhos Valéria Zeferino (46 anos, é a russa que mais percebe de vinho português. Faz crítica de vinho para a revista Grandes Escolhas e é “wine educator”, servindo realidade por este país fora. Esmera-se na salada russa, que afirma não se chamar assim) e o especialista em gastronomia Fernando Melo (54 anos, um entusiástico dissertador de gastronomia. Colabora com a Grandes Escolhas, Evasões, JN e DN. Podem encontrá-lo nos sítios mais improváveis a comer as coisas mais estranhas). Pegue no cesto, vamos às compras.

Muros Antigos

Vinho Verde Escolha Branco
PVP Médio: 4,70€

Muros Antigos é uma das marcas de um dos mais prestigiados enólogos portugueses, Anselmo Mendes, nome que já funciona como selo de qualidade num vinho. Feito com três importantes castas da região dos Vinhos Verdes, Avesso, Loureiro e Alvarinho, tem a acidez da primeira, a intensidade de perfume da segunda e a boa estrutura da terceira. É exuberante de aroma e sabor, num registo floral e de citrinos, como lima e laranja. Seco, mas polido, é assertivo e bem saboroso.

Valéria Zeferino concorda: “Eis um vinho verde clássico de muito boa qualidade. É leve e refrescante, sendo ao mesmo tempo sério e intenso. Se for esquecido, aguenta alguns anos em garrafa, mas claro, quem é que se esquece de um vinho destes em pleno Agosto?”

Fica bem com... Peixes brancos grelhados, lulas ou choco frito. O Fernando Melo recomenda gelado de nata, uma conjugação simples e “fun”.

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Quinta da Aveleda

Vinho Verde Loureiro e Alvarinho Branco
PVP Médio: 4,50€

Sem manias e com muita pinta, este branco de Loureiro e Alvarinho é tão naturalmente fresco que, servido a uma temperatura bem baixa, substitui um mergulho no mar... Ok, nada substitui um mergulho no mar, mas se este Quinta da Aveleda for bebido a olhar para ele, ficará lá perto. As notas florais e cítricas
 do Loureiro conjugam-se aqui com as de ananás e fruta tropical do Alvarinho. Envolvente, mantém sempre a sua leveza num conjunto frutado, suave, muito apelativo.

Fica bem com... Uma entrada leve como salada de polvo, pratos mexicanos mais frescos ou exóticos. Fernando? “Um pão de ló mais cremoso, daqueles que se desfazem 
na boca, como o de Alfeizerão.”

Prova Régia

Lisboa-Bucelas, Arinto Branco
PVP Médio: 3,30€


Este vinho vem da Quinta da Romeira, que existe desde 1703, onde chegou a fazer estadia o Duque de Wellington e também familiares do Marquês de Pombal, famoso por apoiar as vinhas e os brancos de Bucelas, e incentivar a sua exportação. Isto é tudo muito bonito, mas o duque e o marquês que me desculpem, não vou pensar neles a beber este Prova Régia, mas sim nas vinhas de Arinto que lhe deram a vivacidade e frescura. O aroma sugere limão e lima, mas também folhas de manjericão fresco e flores brancas. Já tem algum corpo, muito boa acidez e prolonga-se na boca.

Valéria explica que “onde a casta Arinto atinge a sua expressão máxima é em Bucelas. O Prova Régia é sempre uma boa aposta, fácil de comprar e ainda mais fácil de beber”.

Fica bem com... Segundo Valéria, como aperitivo
 ou a acompanhar marisco, pela óptima acidez, e pratos de peixe como 
um ensopado ou caldeirada, porque tem corpo e firmeza. Fernando sugere carapaus alimados.

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Fiuza

Regional Tejo Sauvignon Blanc Branco
PVP Médio: 4,50€.


A casta Sauvignon Blanc é das que mais faz acordar o snobismo 
de muitos enófilos: “Não gosto de suminhos de fruta”; “Já não bebo disso desde os meus 18 anos”; “Só 
se for do Velho Mundo”; “Sauvignon Blanc? O drama, o horror, a desgraça”. Esta última, roubada a Artur Albarran, pode ser exagerada, mas acontece. Então, qual é “a cena” com a Sauvignon Blanc? Esquecer esses preconceitos, se faz favor. Faz vinhos fáceis de agradar, refrescantes, que não cansam, e muito amigos da comida, porque permitem que os sabores mais puros de um prato se elevem. Há vários estilos, em regiões diferentes do mundo, desde Bordéus à Nova Zelândia. Este Fiuza tem um nariz tropical fresco e equilibrado. Elegante, revela muito sabor em boca, com notas de maracujá não excessivas, leveza e muito boa acidez.

Fica bem com... Saladas, risotos, marisco, peixes preparados com citrinos, massas com pesto, mozarela de búfala.“E pastel de feijão!”, acrescenta Fernando Melo.

Planalto

Douro Reserva Branco
PVP Médio: 3,90€


“Não há fumo sem fogo”, ou “ter a fama e o proveito”: dois provérbios que encaixam neste vinho. Por vezes, quando alguma coisa é reconhecida pela maioria dos consumidores, isso significa qualidade, consistência, marca. Esta tríade encaixa que nem 
uma luva no Planalto Reserva 
da Casa Ferreirinha (Sogrape). Tem aroma perfumado de fruta branca como pêra, fruta de caroço, tipo ameixa branca, e melão maduro. É seguro e fresco na
 boca, equilibrado, atractivo.

E tem carimbo “Valéria aproved”: “Não é fácil encontrar um excelente vinho branco do Douro por este preço. É praticamente um achado, que qualquer consumidor pode pôr na sua mesa com dignidade e sem lhe pesar na carteira, em qualquer altura do ano”.

Fica bem com... Carnes brancas, salada grega, cozinha chinesa, dumplings de vegetais ou de carne. Se depender de Fernando vai com uma Vichyssoise bem gelada.

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JP

Regional Península de Setúbal Syrah Rosé
PVP Médio: 2,80€

O JP rosé é absolutamente imbatível no seu segmento de preço e dá baile a muitos que custam bem mais do dobro. No que toca a esta cor de vinho, somos ainda um país subdesenvolvido, no sentido em que o grosso dos consumidores ainda não o aceita como “one of the boys”. Mas, a verdade é que os nossos rosés estão cada vez melhores e até a este preço encontramos boas apostas, como este JP, uma das marcas mais importantes da empresa Bacalhôa. De bonita cor rosa claro, tem aroma fresco de groselha e cereja, daquelas de vermelho rubro. É delicado na boca, equilibrado e muito fresco.

Fica bem com... Tacos de peixe ou sushi. Também formará o par perfeito com uma diversidade de massas e, como especifica Fernando Melo, carbonara. Mamma mia!

Pedra Cancela Selecção do Enólogo

Dão Tinto
PVP Médio: 4,20€


A Lusovini é uma empresa perita em fazer vinhos de que todos os consumidores gostam. Opera em low-profile, mas de forma certeira. Este Pedra Cancela tem três castas que bem representam a região do Dão: Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz. É um vinho com poder de atracção, cheio de fruto vermelho (framboesa, groselha), leve floral e toque de cacau. É 
suave e muito harmonioso. A fruta fresca e gulosa domina, num perfil bonito, expressivo e sumarento, bastante consensual.

As palavras de Valéria Zeferino dizem tudo: “Tem 
a elegância do Dão, é aromático e imediatamente atractivo. Um vinho suculento, sobre o qual não é preciso pensar muito, mas sim beber e apreciar o momento”.

Fica bem com... Carne vermelha, só com um “cheirinho” de fogo. Fernando 
diz cabrito, e nós não discutimos. Também não vai mal com bolonhesa vegetariana, de lentilhas, por exemplo.

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Courela

Regional Alentejano Tinto
PVP Médio: 3,69€

Há tintos com uma leveza especial, e nós estamos aqui para eles. Com Aragonez, Syrah e Touriga Nacional, este Courela tem a assinatura do produtor Cortes de Cima, autor do famoso Incógnito e de muitos outros. Aqui numa versão mais jovem e fácil de beber, mas bem definido na boca e no aroma, este vinho evoca frutos do bosque maduros e frescura, é ligeiro na cor rubi e muito macio. 
Um autêntico exemplo do 
que pode ser um vinho tinto agradável a um preço mais baixo, sem descurar qualidade e equilíbrio.

Fica bem com... Cogumelos grelhados na brasa, é a aposta de Fernando Melo. Para quem gosta de gastronomia alentejana (é difícil não gostar) este é um tinto que, pela sua leveza, ficará bem com uns ovos com espargos selvagens ou ovos com chouriço. Arriscamos num entrecosto com migas.

Bridão Clássico

Tejo Tinto
PVP Médio: 3,29€

Como temos vinho “à vontade do freguês”, para todos os gostos e mesas, aqui está
 um cujo perfil é o oposto do anterior. Este Bridão Clássico, da Adega do Cartaxo, é feito de Touriga Nacional, Castelão, Tinta Roriz, Alicante Bouschet e Syrah. Tem um lado austero e vegetal que lhe fica muito bem, e é expressivo na fruta vermelha que tem no aroma. É elegante, mas não se deixa esmorecer porque tem uma óptima presença de boca. Atirem-lhe com condimentos fortes que ele aguenta, e ainda fica por cima. Então se for naquelas zonas do país onde se sabe fazer um bom repasto de tacho... Ficam todos a babar-se.

Fica bem com... Feijoada, Fernando? 
Sim, pois. Também carnes vermelhas com tempero forte segurarão bem este vinho.

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Lavradores de Feitoria

Douro Tinto
PVP Médio: 4,29€

A Lavradores de Feitoria é uma iniciativa fantástica e original de vários lavradores e proprietários do Douro, que decidiram juntar-se em 2000 para criar vinhos sob uma só marca, uma adega e uma única equipa de enologia. Uma forma de associativismo moderno, que gera coisas como este belo tinto de Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional e Tinta Barroca. Com notas de fruta madura, amora, compota deste tipo de frutos e madeira seca, é bastante vivo e alegre, com um lado extremamente gastronómico.

“Este vinho cheira a Douro e sabe a Douro. Tem boa estrutura e taninos vivos, acompanhados por acidez assertiva. Faz algumas exigências à mesa sem, no entanto, complicar. Uma escolha certa por um preço mais do que acessível”, descreve Valéria Zeferino.

Fica bem com... A sugestão do Fernando Melo é vitela. Acrescentamos patos que falam diferente línguas: arroz de pato, magret de pato e pato à Pequim.

Quinta dos Termos

Beira Interior Tinto
PVP Médio: 3,99€


Aqui está um tinto de uma região que se tem vindo a afirmar exponencialmente nos últimos anos, e cuja descoberta vale muito a pena. A Quinta dos Termos sempre esteve lá a ajudar à causa, 
a produzir bons vinhos (que reflectem o sítio de onde vêm) já bem antes deste ressurgimento 
da Beira Interior.

Este, de Touriga Nacional, Trincadeira, Tinta Roriz e Jaen, de acordo com Valéria, “não é para bebericar numa esplanada. Chama à mesa e pede comida. Fruta vermelha fresca, corpo q.b. e acidez convincente são os seus argumentos para quem procura vinhos que não cansam”. É isto. E quando apetecer gastar mais uns trocos, serão sempre bem aplicados nos outros vinhos do portefólio deste produtor, pela qualidade e autenticidade.

Fica bem com... Favas! Com ou sem chouriço. E quem diz favas, diz ervilhas com ovo escalfado. Com qualquer carne confeccionada de forma simples fará boa figura, mas Fernando Melo alega que uma chanfana será o ideal. Com as harmonizações
 é experimentar até acertar, e a vantagem é que vamos bebendo umas garrafas pelo caminho.

E ainda sobre o tema vinho...

Não é segredo para os portugueses – ou ingleses, ou qualquer outra nacionalidade – dizer que o nosso vinho é um dos melhores do mundo e prova disso foi o galardão entregue pelo Wine Enthusiast ou a recomendação da Condé Nast Traveler. A estas junta-se um outro punhado de menções que, ao longo dos anos, têm deixado os produtores nacionais orgulhosos.

  • Coisas para fazer

Portugal é um país de forte tradição vitivinícola e, a avaliar pelos inúmeros prémios e distinções em concursos internacionais, a excelente qualidade dos seus vinhos não passa despercebida. Para os apreciar e conhecer, nada como visitar as regiões de produção e envolver-se na sua cultura, através de visitas guiadas às instalações ou provas de vinhos e outros produtos locais, por exemplo. Mas, porque nem só da vinha e do vinho vive um homem, poderá ainda alargar horizontes com um passeio de balão ao pôr-do-sol, uma caminhada ou um mergulho numa piscina salgada. 

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  • Coisas para fazer

Com uma área demarcada que se estende de Colares à Lourinhã, a região de Lisboa produz os mais variados vinhos, fruto dos diferentes tipos de clima, solos e castas. Fortemente influenciada pelo Atlântico, esta zona que se estende por 40 quilómetros foi delineada em 1993 como Extremadura, ganhando, mais tarde, o nome de Vinho Regional de Lisboa e é actualmente formada por nove denominações de origem. São elas: Colares, Carcavelos, Bucelas, Arruda, Torres Vedras, Alenquer, Lourinhã, Óbidos e Encostas d'Aire.

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