“Gostos não se discutem”. Pode usar este argumento em qualquer discussão sobre aquilo de que gosta ou não gosta. O argumento é fraco, mas isso é lá consigo. E aqui, então, definitivamente não funciona. O que está em cima da mesa para ser debatido é precisamente o gosto. O seu e, sobretudo, o dos outros. A Gulbenkian desafia o público e uma equipa bem composta de personalidades para falarem sobre o que mais gostam. O Gosto dos Outros acontece no sábado, dia 3, em vários espaços da Fundação.
Enquanto navega num qualquer site é provável que lhe atirem com um “Se está a ler isto, talvez goste de…”. Pois, vive-se “na chamada era do algoritmo”, diz Nuno Artur Silva, comissário da iniciativa. Mas afinal o que é isso do gosto? Os gostos não variam de época para época? “Hoje clicamos ‘gosto’ num teclado, é asséptico, uma coisa quase robótica. Não há uma reacção crítica a nada. Vivemos na era do algoritmo, em que o que gostamos quase que nos é imposto”, lamenta o comissário.
No fundo, O Gosto dos Outros – que se apropria do nome do filme de Agnès Jaoui – é um festival de debates sobre o melhor disto e daquilo, do cinema, da poesia, do humor ou da filosofia, tudo no intuito de saber o que nos inspira e nos provoca. No mesmo dia, sentam-se à mesa em diferentes salas nomes como Eduardo Souto de Moura, Capicua, Pedro Mexia, Filomena Cautela, Júlio Isidro, Kalaf ou Nuno Markl. No fim há concerto de Mário Laginha e Mayra Andrade no Grande Auditório. “As pessoas precisam de se continuar a surpreender. Uma das melhores coisas que a escola oferece é a descoberta diária, aquele espanto por estar a ver alguma coisa pela primeira vez”, defende Nuno.” O Gosto dos Outros serve para isso mesmo, para que o público se aperceba que gosta de coisas que nunca lhe passaria pela cabeça.” Há gostos para tudo e há espaço para os discutir.
Oriente-se, escolha as sessões que mais gosta e descubra o que, afinal, os outros gostam.
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