miradouro portas do sol
Fotografia: Manuel Manso
Fotografia: Manuel Manso

Lisboa num dia: Graça, Alfama e Baixa

Imagine que tem um dia livre e energia suficiente para enfrentar grandes subidas. Um roteiro pela Graça, Alfama e Baixa é a nossa proposta.

Publicidade

Roma e Pavia não se fizeram num dia. A introdução serve de alerta: para conhecer Lisboa, é preciso esforçar-se bem mais do que 24 horas, desbravar mais do que uma ou duas colinas e conhecer para lá de meia dúzia de tascas, museus e miradouros. Posto isto, eis um programa despretensioso, com passagem por locais essenciais, mas também curiosidades, de bairros que guardam uma boa parte da essência de Lisboa: a luminosa Graça, a sinuosa Alfama e a histórica Baixa. Começamos com um pequeno-almoço espaçoso, avançamos para património nacional e terminamos com um bom pé de dança. E esperamos que no dia seguinte também esteja de folga.

Recomendado: 52 atracções em Lisboa

  • Cafeteria
  • São Vicente 

Mónica Santos, isto é, Maria Limão, começou por ter um carrinho com as suas limonadas caseiras e crepes estacionado no Miradouro da Senhora do Monte, na Graça. O negócio cresceu e no Verão de 2017 ganhou um poiso fixo no bairro, com mais oferta. Tem brunch todos os dias mas também está aberta para quem gosta de acordar cedo e pensar num simples pequeno-almoço. Há panquecas, crepes, ovos, tostas, bolos caseiros, iogurte com granola e limonadas de vários sabores. 

  • Coisas para fazer
  • Mercados e feiras
  • São Vicente 

Se o dia que vai dedicar à cidade é terça ou sábado, prepare-se para ouvir "ó linda, venha ver que estão baratas" ou "disto não arranja em mais lado nenhum" quando passear pela Feira da Ladra, um lugar que não perde o carisma apesar dos mais de 300 anos de história. Aqui vende-se de tudo, de velharias a objectos em segunda mão, roupa, artesanato e "coisas estranhas". Uma vez na feira, e já com as pechinchas no saco, é caso para dar um salto ao Jardim de Santa Clara, beber um café na esplanada do Clara, Clara e apreciar as vistas sobre o Tejo.

Publicidade
  • Atracções
  • São Vicente 

Antes de ser a morada final de ilustres portugueses, o Panteão começou por ser a Igreja de Santa Engrácia, um templo mandado construir em 1568 pela infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel I. As obras demoraram séculos e foi só nos anos de 1960 que a cúpula assumiu a forma que hoje conhecemos. Hoje, abriga os cenotáfios (túmulos de corpo ausente) de personalidades ligadas aos Descobrimentos e túmulos de escritores e presidentes da República. A única mulher que aqui jaz é Amália Rodrigues e o único futebolista é Eusébio, decisão que gerou alguma polémica. Numa visita, é indispensável subir até ao terraço.

  • Português
  • São Vicente 

Para grandes refeições ou para picar enquanto bebe um ou outro copo, a Penalva da Graça é uma excelente aposta. Em poucos sítios de Lisboa, encontra marisco com esta relação preço/qualidade, aliado a um serviço de classe. O arroz de marisco é um ex libris da casa e a dose para dois serve três à vontade, diga-se. O crítico da Time Out, José Margarido, revisitou-o em 2023 e deu-lhe quatro estrelas.

Publicidade
  • Atracções
  • Torres e miradouros
  • Castelo de São Jorge

É um cliché, mas descer da Graça a Alfama sem parar por momentos no Miradouro das Portas do Sol é quase uma heresia. Pode, ainda, aproveitar para se instalar nos pufs do bar e dali ver passar navios. O local integra-se num edifício da premiada dupla de arquitectos Aires Mateus e é animado aos fins-de-semana por um DJ que põe todos a dançar à volta da estátua de São Vicente de Fora, padroeiro de Lisboa.

  • Compras
  • Alfama

Em 2015 teve que mudar de morada, já que o antigo número 66 deu lugar a outro estabelecimento. Mas esta resistente da Rua dos Remédios, em Alfama, não teve que andar muito. A casa é mantida por Adelina Pinheiro, que comercializa as suas misturas de chás e cafés para lá da porta 69. 

Publicidade
  • Coisas para fazer
  • Centros culturais
  • Grande Lisboa

Aqui há cartadas, tardes de fado, noites de samba, festas com cachupa e arraiais com bifanas. O Grupo Sportivo Adicense é uma instituição de Alfama, na verdadeira acepção da palavra, e uma pequena amostra da essência popular do bairro. Lugar ideal para beber uma bica ou uma cerveja, eventualmente ver a bola, e deixar o tempo rolar. 

  • Coisas para fazer
  • Alfama

É em Alfama que encontramos, desde 2013 e em articulação com a Perve Galeria, o espólio cedido por um dos grandes vultos do surrealismo português, Mário Cesariny. Diferentes núcleos podem ser percorridos na casa, como o Surrealismo Nacional e Internacional, as Vanguardas e Neovanguardas Portuguesas do Século XX, a Arte Moderna e Contemporânea Africana de países lusófonos e a Arte Emergente nacional e internacional.

Publicidade
  • Museus
  • Alfama

É Património da Humanidade desde 2011, mas já tinha casa própria no ano de 1998. No coração de Alfama, o Museu do Fado é local para conhecer a história mas também colecções cedidas por centenas de intérpretes, autores, músicos, compositores, construtores de instrumentos, investigadores e simples amadores que para aqui convergem com um pouco da sua história. Ponha os auscultadores e siga viagem.

  • Santa Maria Maior

Tempos houve em que os lisboetas torciam o nariz à quantidade de turistas que frequentavam o Pinóquio e evitavam misturar-se. Agora foram obrigados a uma convivência mais pacífica, mas não sem reservar mesa na esplanada e mostrar a todos com orgulho a sua travessa de seafood. É, ainda, obrigatório provar o pica-pau do lombo com batatas fritas às rodelas e picante caseiro.

Publicidade
  • Grande Lisboa

Foi neste estabelecimento que se vendeu pela primeira vez ginjinha em Lisboa (e no mundo) graças à visão do galego Espinheira, que em 1840 experimentou fermentar ginjas dentro de aguardente, juntando açúcar, água e canela. Obrigada Sr. Espinheira. É caso para fazer um brinde!

  • Noite
  • Bares abertos de madrugada
  • São Vicente 

Voltando à Graça, suba-se por onde se subir, a noite acaba nas Damas. De portas abertas desde 2015, este híbrido de restaurante, bar e sala de concertos desviou uma série de pessoas da Bica e do Bairro Alto para uma colina ainda mais inclinada. A programação musical é variada, indo da música tradicional africana à electrónica; e a boa onda do espaço – uma antiga padaria que ainda mantém os fornos na sala dos concertos – fizeram das Damas um ponto de encontro como há muito não havia na cidade.

Outros bairros para descobrir

  • Coisas para fazer

Marvila é a única zona da cidade em acelerada renovação sem ter o turismo como motor. Entre o Beato e a Matinha, junto ao rio, antigos armazéns abandonados são agora espaços de cowork onde também se pode andar de skate. Há fábricas de cerveja artesanal a cada canto do bairro, salas de espectáculo ou de raves, onde cabem mil pessoas, e espaçosas galerias de arte, uma vertente crescente por estes lados graças ao espaço que ainda há para ocupar.
 Fomos espreitar e descobrir as maravilhas de Marvila para lhe traçar o roteiro completo. 

  • Coisas para fazer

Alvalade é um bairro a ter em conta sempre que falamos do melhor da cidade. Andámos pelas suas ruas desenhadas a régua e esquadro e traçámos um roteiro para forasteiros e nativos. As novidades do bairro, as paragens obrigatórias, os pratos que não pode deixar de provar nos restaurantes locais e os espaços mais amigos das crianças – tudo o que precisa de saber para pôr Alvalade na sua lista de prioridades está aqui. Tudo num bairro que também pode ser apreciado num belo passeio de fim-de-semana, já que a sua arquitectura, em particular residencial, também merece especial atenção.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade