Há seis anos, a BoCA assumia-se perante duas cidades – Lisboa e Porto – como uma nova plataforma de criação e divulgação artística, aberta o suficiente para agregar teatro, artes plásticas, cinema, dança e mais ainda. Agora, com uma nova edição no horizonte, é precisamente este o papel que consolida. A bienal regressa a 2 de Setembro e, até 15 de Outubro, vai passar por cerca de 20 espaços da cidade, sem contar com uma escala em Faro, que recebe parte da programação.
“Há conceitos e ideias que já são transversais àquilo que é a essência da BoCA. No entanto, é sempre importante haver destaque para algumas categorias que, na verdade, criam ressonâncias e diálogos com o trabalho que os próprios artistas estão a fazer. Gosto muito de estar atento aos principais projectos que vão construir a programação e é a partir deles que depois chego a um conceito, que por sua vez estrutura o resto do programa”, explica o curador e director John Romão.
Crise migratória e identidade de género são os eixos de reflexão, numa edição que traz estreias mundiais, como a primeira criação para palco de Agnieszka Polska, e mais umas quantas obras apresentadas pela primeira vez em Portugal, caso de SPAfrica, que junta o músico e artista alemão Julian Hetzel à sul-africana Ntando Cele, sem contar com as criações encomendadas a artistas como Ana Borralho & João Galante, Gaya de Medeiros ou João Pais Filipe e Marco da Silva Ferreira.
“A comissão de novas criações é uma das características da BoCA. Quase todos os destaques desta edição são novas criações. Também porque nos interessa muito estender as relações com os artistas e com os projectos, ter esta ideia de continuidade, que é também uma política de cuidado e que faz com que estejamos ligados umbilicalmente aos projectos e à sua difusão, a nível nacional e internacional”, completa John Romão.
Em 2021 não foi diferente – Trouble, a primeira criação de palco do realizador Gus Van Sant, circulou durante dois anos pela Europa. O mesmo aconteceu com O Barco/The Boat de Grada Kilomba, instalação e performance encomendada pela bienal e que seguiu de Lisboa para ser apresentada em cidades como Barcelona, Baden e Londres. “É uma dimensão que nos interessa continuar a desenvolver. Nesta programação, a peça da Agnieszka Polska é um projecto que vai circular, tal como Terra Cobre, do Marcos da Silva Ferreira e do João Pais Filipe. São dois projectos que vamos difundir internacionalmente e que vão estar a circular em 2024 e até em 2025, pelo menos até à próxima edição da BoCA, quando teremos novas encomendas e novas produções. Temos este ritmo”, remata o curador. Dois momentos altos da 4.ª edição da BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas (que se estende também à cidade de Faro), para juntar à lista de destaques para as próximas semanas.
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