Mercado
Fotografia: Arlindo CamachoFrutaria Luísa Máximo, Mercado
Fotografia: Arlindo Camacho

O melhor dos mercados de Lisboa

Nada como encher o cabaz, ou a cesta, ou a alcofa (você decide) nos mercados de Lisboa.

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Em Lisboa, há óptimos mercados que não são super, nem hiper, mas merecem outro tipo de prefixos: pela supersimpatia, hiperdisponibilidade e megaversatilidade. Fizemos uma ronda pelos produtos da época, banca a banca. Fomos deitar olho às novidades e aos êxitos de sempre; tentar provar que a tradição ainda é, mais ou menos, o que era; e descobrir tanto as paragens obrigatórias como os novos projectos da cidade. Há os clássicos, os de cara lavada, outros à espera de trocar de nome e ainda os que estão a precisar de uma mãozinha. Mas têm todos frescura, variedade e qualidade. Só faltam os fregueses. Depois de ler esta lista, não deixe de visitar os mercados de Lisboa.

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O melhor dos mercados de Lisboa

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Mercado da Ajuda
Mercado da Ajuda

Inaugurado em 2006

Só tem 13 anos, está na pré-adolescência e isso topa-se assim que lá se entra. Há companheirismo, há grupos de comerciantes reunidos à conversa, há recomendações de umas bancas para as outras e preocupações com o que o futuro lhes reserva. É que apesar da tenra idade, o mercado já vem de uma confluência de vendedores antigos de outras zonas da Ajuda.

A Peixaria Yolanda

Encontrámos Yolanda e Sérgio, o casal responsável por uma das bancas de peixe mais antigas do mercado, que já vem dos tempos da venda ambulante, numa espécie de reunião de condóminos improvisada em que se discutiam os próximos tempos. “De há um ano para cá isto está a decair. Vendia mais ao balcão do que para fora. Agora não”, admite. Ainda assim, mantém o abastecimento a alguns restaurantes já anteriormente elogiados na Time Out, como o Sé da Guarda e O Caçador, além de também fazer entregas ao domicílio na Ajuda, Algés e Restelo (anote: 961 033 699). Compram peixe da Nazaré e Peniche, sobretudo, e apresentam um pouco de tudo: carapaus, chocos, pescada, robalo, rascasso. “Agora estão boas as ovas, o sável, o sargo e é altura do linguado barato, do nacional.” Fica a dica.

A Padaria Central

Maria de Jesus e o marido José estrearam, como muitos dos seus vizinhos comerciantes, as bancas deste mercado em 2006. Mas já levam mais do triplo do tempo à frente da Padaria Central, cujo lema “pão cozido em forno de lenha” não deixa ninguém indiferente (a nós muito menos). De um lado da vitrine estão pães de Mafra, em tamanho XS e XL, pão alentejano, pão saloio de mistura e broa amarela e branca cozida a lenha; do outro estão caixas com húngaros, queijadinhas, bolos de coco, queijadas de laranja, ésses, tudo, com origem em vários sítios do país, e grande parte na Fábrica de Pastelaria e Confeitaria Ideal Malveirense. É escolher.

A alegria da Frutaria da Preta

Chama-se Carla Dias, mas o mercado e os clientes conhecem-na por preta, um furacão alegre no Mercado da Ajuda. Veio para aqui com o marido há 11 anos, montou uma banca de frutas e hortícolas, dá uma perninha no comércio de feijões e, conta, na devida altura também tem frutos secos. Reconhece que não é das bancas mais baratas do mercado, mas defende, com razão, “que o que é bom custa dinheiro”. Por isso tem, por exemplo, dois tipos de maçãs bravo de esmolfe, “umas não têm nada a ver com as outras. São mais caras, mas são muito melhores”. Vende alface francesa, rábanos frescos, cebolinho, tomilho fresco, e por aí fora. “Tem de se marcar a diferença. Nos produtos e na arrumação. Vamos ao MARL todos os dias comprar fresco e temos cuidado a expor.” E até já faz algumas entregas ao domicílio na zona.

Este mercado precisa de uma mãozinha

Alice trabalha há mais de duas décadas nos mercados de Lisboa. O pai era pescador, a mãe vendia peixe “com uma canastra” e lembra-se de ser miúda e já andar atrás dela. “Agora, quando vou comprar o peixe, estou acordada por volta da uma, saio de lá são quatro, quatro e meia, e ainda vou a casa, porque moro perto. Quando são seis e meia, venho para cá.” Esses são dias duros, e Fernanda, a atender um cliente na banca do lado, concorda. “Quando se vai ao peixe praticamente não se dorme”. Mas já não vão todos os dias, como antigamente. “Depois não se vende.” Além das bancas de peixe, fruta e legumes, há charcutaria, padaria, mercearia, restauração e lojas com artigos para o lar, flores ou quinquilharias. Mas o movimento é cada vez menor. “Está aberto até às duas, mas não vale a pena. Ao meio dia já se começa a arrumar tudo.” O sentimento é partilhado pelos colegas. Aponta-se o aumento das rendas das casas, um bairro envelhecido, o desinteresse dos mais jovens, “a entrada [que] está mal feita” e sobretudo o aparecimento das grandes superfícies. Na mesma rua, numa esquina do outro lado da estrada, encontra-se o Supermercado da Boa Hora. Às nove de sábado, já está cheio, apesar de não ter a simpatia nem o peixe fresco da Alice e da Fernanda, as frutas e legumes da Maria Isabel e da Isabel Maria, as flores da Rosa ou o pão de Mafra de José.

Sabia que? A abertura do mercado em 2006 serviu para realojar os antigos comerciantes do Mercado da Boa Hora e integrar os vendedores de um mercado ambulante na Boa Hora.

Um segredo... Mercado que se preze tem uma charcutaria a aviar umas fatias de queijo e um chouriço para pôr no caldo verde. A Charcutaria Celeste é pequena de dimensão, mas rica naquela oferta que faz as vezes de refeição a qualquer pessoa esfomeada: um saco de azeitonas britadas, um queijo fresco da marca Licínia (de Pombalinho, Soure), um presunto, uma compota dos Sabores da Gardunha ou até uma lata de feijão frade. 

Largo da Boa Hora/ Rua D. Vasco. Ter-Sáb 08.00-14.00

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Inaugurado em 1905, demolido em 1966, reinaugurado em 1987

É verdade que os dias já foram melhores para o Mercado de Alcântara. Falamos em nome dos comerciantes e da clientela. Meia dúzia de bancas, entre frutas, legumes, peixes, carnes e floristas compõem um ramalhete de vendedores outrora com menos espaço livre. Felizmente, nenhum quer descurar a qualidade dos produtos, e fazer compras aqui continua a ser boa ideia.

As abóboras XL da Feio & Belchior – Produtos Alimentares

Rui Feio e a mulher têm a maior banca de frescos do Mercado de Alcântara. Mas aqui o que impressiona não são os metros quadrados, é antes o tamanho das abóboras-meninas que tem expostas. “Estas vêm da Lourinhã. Tenho muitas. Ali tem uma abóbora porqueira [diz, enquanto aponta para outro imponente exemplar de casca amarela e já mais rugosa], que veio da Beira Alta, a minha terra. Já tive muitas, sobra-me esta. São boas para fazer doce. Daquele que se come com requeijão.” De tamanho acima da média são também as batatas doces, que vêm do Oeste. “Tenho quatro variedades. A grande, a branca, a amarela e a roxa”, conta. Apanhámo-lo de manhã cedo, a arranjar alfaces, a cortar as folhas mais velhas e a compor a banca. Minutos depois, estava de volta dos grelos. “Tenho para venda aos molhos e vendo também a quilo. Mas aqui [aponta para uma caixa] já está do arranjado, limpinho, pronto a cozer. Basta três, quatro minutos em água a ferver e depois saltear numa frigideira com azeite e alho.” A compra dos frescos é feita no MARL, escolhida a dedo, e resulta numa banca que começa nas ditas abóboras e vai até às frutas nacionais, com passagem nos orégãos biológicos, apanhados pelo próprio. É passar, conversar um pouco, escolher e voltar. Vai querer voltar.

A charcutaria da Alzira

O Alentejo está bem representado nesta charcutaria à entrada do Mercado de Alcântara. Estão lá os bolos secos de Pias e os da Vidigueira, os requeijões de Serpa, os pães alentejanos, entre queijos e enchidos. Mas a dona, transmontana de nascença, que se quer manter fiel à procura por parte dos seus clientes do Alentejo, tem também outros produtos que organiza de forma mimosa. Saquinhos de línguas de gato a 1€, de bolachas de baunilha a 1,70€, e isto sem entrar nos pacotinhos de rebuçados.

O talho salsicharia de Fernando Martins

A montra de carnes nacionais, com aves da zona do Oeste, carne de vaca do Bombarral e São Martinho do Porto e porco do Alentejo, toda cortada e arranjada, “como não se vê nos supermercados”, diz, e bem, Fernando Martins, é o chamariz deste talho. Mas o verdadeiro tesouro, a merecer tempo para o conhecer, é o passado de Maria Judite Martins, 80 anos, mãe de Fernando e quem o ajuda na caixa registadora. Tudo porque passou pelos três mercados de Alcântara. “Sou do tempo do mercado de ferro, no Largo de Alcântara. Depois fui para o da Avenida de Ceuta e há 12 anos vim para aqui”, conta. “A gente vai sobrevivendo, temos clientes antigos. Temos carne de qualidade. Se não fosse isso, não vendíamos.”

Sabia que? Reza a história que Rosa Agulhas é o nome de uma antiga vendedora de peixe do Mercado de Alcântara, quando este estava situado na Avenida de Ceuta.

Um segredo... Gilda Marques, uma das floristas do mercado, tem um rol de bonitas flores frescas vendidas ao molho, mas tem também vasos com flores para quem se quer iniciar na arte da jardinagem.

Rua Leão de Oliveira, 7 (Alcântara). Seg-Sáb 07.00-14.00

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Mercado de Alvalade
Mercado de Alvalade

Inaugurado em 1964

A nomenclatura está lá, mas os pontos cardeais ficam de fora quando se fala do Mercado de Alvalade. É este o que interessa (por enquanto), é a este que se pode ir abastecer de pães do país inteiro, queijos com a mesma proveniência – ok, afinal os pontos cardeais interessam –, de barriga de atum em dias de sorte e de muita e boa carne num dos icónicos talhos da cidade.

Sadik Ahmad Mahomed

Tem uma das maiores bancas do mercado e ainda tem um espaço extra do outro lado do corredor. Sadik Ahmad Mahomed está ali há 40 anos e os produtos indianos sempre foram a menina dos seus olhos e o que mais movimento traz à banca. “Somos dos poucos a aguentar o barco, porque deixamos as pessoas provar e sabem que aqui têm garantia de qualidade de tudo o que comprarem. Já nos conhecem”, explica. O caril de Sadik é a sua pedra mais preciosa – é ele que faz as misturas, com ou sem picante, e funciona como um cartão de fidelização nesta banca em Alvalade. “Olhe, a culpa é da Maria Rueff, que é minha cliente, e um dia foi à televisão fazer caril de caranguejo e disse que tinha comprado aqui as especiarias”, relata animado. Por lá encontra coisas como molho de menta e de arandos, jalapeños, alcachofra em azeite, pasta de sésamo, tâmaras medjool, moamba, arroz basmati da Tilda, gengibre em lasca ou fuba de bombó (farinha de mandioca), além das frutas e legumes frescos que dão cor à banca. Se tiver dúvidas sobre algum produto, faça perguntas, que Sadik até dá dicas de como as cozinhar.

Padaria da Esquina

O projecto de Vítor Sobral com o padeiro Mário Rolando ganhou uma segunda morada em Fevereiro, mesmo em frente às bancas de frutas e legumes dentro do Mercado de Alvalade. Não é uma banca, é um corner jeitoso com uma vitrine carregadinha com variedades de pão pequeno e grande, de fermentações longas e massa-mãe, e uma boa oferta de pastelaria – bolo de arroz, madalenas, queques, croissants do Porto ou bolas de Berlim. Há uma zona com lugares sentados caso decida prolongar o seu momento em torno do astro maior que é o pão, que pode ser escuro, com mistura de farrinha de alfarroba, bolota, trigo e centeio, pão com sementes, pão mó de pedra ou saloio. (Seg-Sex 07.00-15.00, Sáb 07.00-16.00.)

O peixe de Horácio e de Teresa

Se há uns meses fosse ao mercado e desse de caras com uma generosa banca de peixe, logo à entrada, teria dois nomes à cabeça – o de Horácio e o de Teresa, mas o casal separou os amores e o negócio e estão em bancas separadas. Teresa ficou nessa mesmo, de onde espreitam grandes cabeças de peixe nacional vindo sobretudo de Peniche, Sines e algum dos Açores. Junto à outra entrada do mercado está o Horácio, agora com uma banca mais pequena, mas, garante, “a qualidade continua cinco estrelas”. “Agora no Verão vende-se mais peixe de grelha, há mais gente, mas é pena que as pessoas prefiram ir ao supermercado, em vez de virem aos mercados”, lamenta. 

Os queijos e enchidos do Cantinho Saloio

Rui Felizardo é o dono de bonitas bancas do Mercado de Alvalade. Bem compostas por queijos e enchidos de um lado e por pães e bolos do outro, sempre com gente à volta, a pedir a sua atenção, qual bolsa de valores em pico de euforia. Mas felizardos somos nós, que temos os seus produtos à mão de semear. Falamos de sete tipos de requeijão e mais uma dúzia de outros queijos frescos, de muita oferta dos queijos artesanais da Beiralacte, do queijo da Serra de São Gião, de queijos mais amanteigados, mais curados, dos enchidos de Sousel, no Alentejo, das paiolas e painhos da Vidigueira, de azeitonas de todos os feitios e sabores… e isto só na zona da charcutaria, a qual comanda com sabedoria já lá vão 25 anos. Há oito, ocupou a banca que vagou à frente do Cantinho Saloio com uma oferta de pães a seguir a mesma lógica de oferta. Vende pão de Lamego, pão de Rio Maior, da Lagoinha (ao pé de Sesimbra), de Mafra – “mas a sério, de um casal que trabalha a carcaça antiga, cozida a lenha” – de Mafra, do caralhotas do Ribatejo, pão de Pias, da Amareleja, tudo o mais artesanal possível. “Tenho carcaças cozidas em forno de lenha. Recebo mil ao sábado. Se encontrar duas iguais, eu ofereço-lhas.” Mas o que o leitor não sabe é que felizardos são os colaboradores do Sr. Rui, que todos os fins-de-semana fazem provas de novos produtos. “Aparecem todos os dias fornecedores com coisas novas. E à sexta ou sábado, provamos. Se em 10 pessoas, nove gostarem, ficamos com eles. Assim ficam com informação do que vão vender.”

As ervilhas tortas de Maria de Fátima Soares

Quem fala das ervilhas tortas, já que estamos em época de, fala em favas ainda na vagem, fala em grelos, espinafres, feijão verde, por aí fora. É uma das muitas vendedoras de frescos do edifício, cuja vida é semelhante à de muitos outros comerciantes. Abastecimento no MARL, com primazia aos produtos portugueses e, só quando não há, aos estrangeiros, e venda diária no Mercado de Alvalade. Os morangos são nacionais, as clementinas são do Algarve, a pêra rocha vem de Óbidos, a maçã reineta é da pequenina, diz, “mas é da boa”.

Os preparados do Talho do Alcides

Quando se fala nos melhores talhos de Lisboa, há sempre alguém que defende, justamente, o Talho do Alcides, que faz parte do Mercado de Alvalade. As carnes são todas de qualidade, a conversa do dono, idem, até porque ninguém sai dali sem a melhor dica para confeccionar determinada peça, e os preparados são de encher o olho – até há um vegetariano. Não se esgotam em almôndegas de vaca com porco ou panados de frango e atiram-se para pratos mais elaborados, como o lombo de porco com maçã, bacon, canela e toucinho de porco preto, a perna de peru sem osso com fiambre, farinheira e toucinho de porco preto ou os folhados de alheira. Há ainda bons bifes de acém e leitão de Negrais. Só é preciso ir com tempo e apanhar o próprio senhor Alcides com disponibilidade. (Seg 08.00-13.30, Ter-Sex 08.00-20.00, Sáb 08.00-18.30)

Sabia que? “O populoso bairro de Alvalade dispõe desde hoje de um magnífico mercado coberto, melhoramento que há muito se fazia sentir e que vem beneficiar os moradores locais”, lia-se no Diário de Lisboa, a 31 de Julho de 64.

Um segredo... Já que aqui está, e se for daqueles que só tem tempo para ir enfeirar ao sábado, aproveite porque é nesse dia que o café Proteínas e Vitaminas, do lado de fora do mercado, tem na vitrine umas empadas de pato (1,30€) imperdíveis, coradinhas e brilhantes (mas não conte este segredo a muita gente).

Av. do Rio de Janeiro. Seg-Sex 07.00-15.00, Sáb 07.00-16.00 

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Inaugurado em 1942

Tem andado nas bocas do mundo (lisboeta, claro) graças à reabertura em Janeiro de 2017. Aos 75 anos fez um lifting, apresentou-se com um aspecto mais clean, uma zona para crianças com frutas a fingir, um programa de actividades didácticas, restaurantes – entre eles o popular Mezze, da Associação Pão a Pão –, além dos vários comerciantes que não arredam pé e abastecem muitos restaurantes da zona.

Manuela Rosa e os caracóis

Manuela lamenta a falta de fregueses aos dias de semana, tal como todos os colegas do mercado de Arroios, mas nota que no tempo do caracol vem mais gente ao mercado, e alguns jovens em busca das suas receitas para os cozinhar. “Vêm comprar caracóis e depois dão umas voltas por aqui e acabam a levar outras coisas”, conta a Manuela dos Caracóis, como também é conhecida, explicando que não vai naquela conversa de o petisco rastejante só ser bom nos meses sem r. “Eu até os congelo. Depois é tirar de um dia para o outro, dar uma fervura e estão bons.” Nesta banca, onde o caracol este ano está a 4,50€/kg e a caracoleta entre os 6€ e os 8€, tem o bicho vindo de Marrocos, mas está quase a receber a apanha do Algarve. Vende também azeitonas, tremoço ou frutos secos – “tudo o que seja coisas para acompanhar com petiscos” – há já 20 anos, agora em frente à zona da criançada, mas só entre Abril e final de Setembro. No Mercado de Alvalade tem outra, com frutas e legumes, maior. Aqui só tem uma dica: voltem a dividir a zona de peixe para equilibrar as pedras vazias e incentivar a malta a circular.

Os legumes do senhor Arlindo e a Frutaria Luísa Máximo  

A banca de Arlindo Silva é bem verdinha, com muitos grelos, hortaliças e favas. Arranja tudo direitinho se pedir e é bom ouvinte para uns quantos dedos de conversa – é fiel às clientes habituais e tem algumas que até o avisam quando vão de férias, para não estranhar. Em frente estão as frutas brilhantes e sumarentas de Luísa Máximo. Há décadas no Mercado de Arroios, são o oposto daquele bonito projecto português chamado Fruta Feia. São brilhantes, até parecem envernizadas, e isso apenas quer dizer uma coisa: vieram de avião. Se não lhe pesa a consciência a nível de ecologia (ai, ai, ai) compre pomelos da China, laranja-desangue de Madagáscar, uvas do Peru, maracujás do México, ananás da Costa Rica, abacates de Espanha e por aí fora. Abastece-se no MARL, sempre nos mesmos fornecedores, e quando o assunto são as hortaliças, gosta de jogar pela selecção nacional. “Tenho muita coisa da zona saloia. Ali de Mafra, Malveira, umas ‘abazinhas’ da Ericeira, vai até Loures.” Coisas ricas como uma couve lombarda que pesa nada menos que 8 kg.

Feijão no senhor José

“Agora há muito feijão cozido no supermercado, mas não é tão bom.” Todos sabemos disso, mas às vezes é preciso lembrete, e o senhor José tem feijão do bom, a par de figos com e sem farinha e amêndoas.

Os queijos de Armando Lopes Alexandre 

Só está no mercado às terças, sextas e sábados e, se quer sair daqui com a matéria-prima certa para compor uma tábua de queijos e enchidos, mais vale ajustar as suas visitas a esses dias da semana. O pouco espaço que tem a banca é inversamente proporcional à quantidade do que vende. Produtos de norte a sul do país – “olhe, está aqui o fornecedor de Ferreira do Zêzere a descarregar”, diz – que o próprio escolhe para ir aumentando o leque de novidades. “Vou buscar uns, passo numa queijaria que não conheço, entro e provo.” Há queijos frescos da marca Tété, alguns dos queijos da Beiralacte, há enchidos de Lamego, de Trás-os-Montes, tudo. “Há uns que só eu é que devo ter. São de uma queijaria pequena da minha aldeia. Os Flor do Vale, do Valado de Santa Quitéria, em Alfeizerão.”

O Talho Paulo Dionísio

Abriu portas em vésperas da revolução, no dia 1 de Abril de 74. Não é mentira que se tornou um ícone do edifício, que continua a ter muita procura, apesar de o próprio reconhecer que a afluência não é a de outros tempos. “A nível de mercado isto está superfraco.” Por isso, se anda à procura de preparados para o jantar e no meio do rol de peças de carne 100% nacional – “dali da zona de Almograve, de Beja, tal como os enchidos, do Alentejo” –, e só encontrar uns hambúrgueres feitos, não se coíba de perguntar pelos panados, as almôndegas ou os rolos de carne que também confeccionam. No caso de querer testar a qualidade antes da compra, sente-se à mesa do Solar dos Cortadores, também no mercado, restaurante-extensão deste talho.

À VOLTA DO MERCADO

Terrapão

Há uma padaria artesanal desde Dezembro de 2018, com bom pão de fermentação lenta, mas também pratos e petiscos. É um espaço pequeno, com o forno e o pão a ser amassado bem à vista, uns quantos lugares ao balcão e uma esplanada com mesa comunitária perfeita para pequenos-almoços. (Ter-Sáb 09.00- 19.00, Dom 10.00-16.00.)

Mezze

O projecto da Pão a Pão – Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente tem uma sala luminosa, com vista para o interior do mercado. Tudo se pode e deve comer com saj, um pão sírio caseiro, desde o hummus ao baba ghanoush. No fim, há uns quantos doces, como a baklava. (Ter-Sáb 12.00-15.00/19.00- 22.30.)

Zaytouna

Serenah Sabbat e o Hendi Mesleh são os responsáveis pela Zaytouna, uma mercearia especializada nos produtos do Médio Oriente, mesmo ao lado do Mezze. Aqui encontra os vegetais mloukhiya, uma espécie de espinafre, ou conjuntos de especiarias preparadas para pratos específicos – há a mistura para o arroz kabseh, há outra para o biryani, ou para o maqluba. (Ter-Sex 10.00-19.00, Sáb 10.00-15.00.)

Margarita

Esta pizzaria abriu em Outubro pela mão do venezuelano José Machado. Tem 15 opções na carta, das mais clássicas, como a Margherita (8,90€), à carbonara (9,90€) ou de ricota e espinafres (9,60). Acompanham com bons cocktails. (Ter-Dom 12.00-00.00.)

Churrasqueira do Mercado de Arroios

Terça-feira, dez e picos da manhã, e o Senhor Adelino Soares encontra-se de óculos de cientista e máscara de hospital a limpar e a trabalhar o carvão vegetal da grelha do seu restaurante. Enquanto prepara as brasas, atende telefonemas com encomendas – não há outra forma de provar estes óptimos frangos de churrasco – e mais tarde voltará a temperar um novo tabuleiro de frangos, que deixa um óptimo aroma na loja. “É secreto, é caseiro, feito por mim. Gasto em média 10 kg de alho por semana.” O frango, explica, “é temperado conforme as encomendas, com meia hora de antecedência. Não convém ficar mais tempo.” Na grelha demora mais 25 ou 30 minutos, “menos que isso queima por fora e fica cru por dentro. Cá serve-se em condições.” Feitas as contas, o que o leitor precisa é de uma hora para encomendar e apanhá-lo. Há também coelho no churrasco (13€/kg), entrecosto (13€/kg) e entremeada (12€/kg)… é escolher. (Ter-Dom 09.00-14.00/ 17.00-20.30.)

A Avó'Tinha

Esta petiscaria tem todos os clássicos: ovos mexidos com espargos e farinheira (8€), salada de polvo (6€), pica-pau de vitela (9€), choco frito (6€). Tudo bem acompanhado por um copo de vinho. Há também “carninha da boa”, como rabo de boi ou bochechas estufadas (13€), além de peixe fresco. (Seg-Dom 12.00- 15.00/19.00-23.00.)

Sabia que? Segundo a Junta de Freguesia de Arroios, o mercado foi considerado imóvel de interesse cultural no final dos anos 80.

Um segredo... A banca de hortícolas da Dona Rosa é uma das favoritas entre os restaurantes da zona. Tudo o que vende vem do MARL, e já leva 40 anos de história e conhecimento neste mercado.

Rua Ângela Pinto, 40 D. Seg-Sáb 06.00-02.00

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  • Benfica/Monsanto

Inaugurado em 1971

O formato circular é tramado para pessoas com pouco sentido de orientação, mas é meio caminho andado para dar voltas e voltas ao recinto e descobrir os tesouros que esconde aquele que é ainda um dos grandes mercados da cidade, com uma tendência para preservar a diferença – ou não existisse ainda um talho só com carne de cavalo e algumas bancas com produtos exóticos.

Maria da Conceição

O poster com a fotografia da equipa do Glorioso nesta banca de peixe, no Mercado de Benfica, denuncia o fanatismo de Maria Conceição. “Tenho sempre o poster actualizado, este ano estou a contar mudá-lo. Vamos lá ver se sabem jogar à bola”, diz a peixeira, sócia do Benfica há 40 anos. “A vida de mercado é muito dura. Acordar cedo, estar aqui de pé. E eu já não vou para nova. Saber que já não há assim tantos fregueses não dá alento a ninguém”, lamenta. Maria da Conceição está no mercado desde que abriu, em 1971, já mudou de banca uma vez, mas o peixe continua a brilhar da mesma maneira – o pior é a falta de clientela, “que acaba toda por ir aos supermercados”. Fica ali de terça a sábado, com uma montra bem composta de pescadas, douradas, robalos e garoupas, vindos do MARL, mas o dia forte é sempre ao fim-de-semana, “que é quando as pessoas não trabalham e têm horários para poder vir aos mercados de bairro”.

A charcutaria Casa Santos

O império de pães, queijos, enchidos, azeitonas e azeites de José Santos é tão grande que de uma ponta da sua charcutaria, quase tem dificuldade em ver a outra – culpa também da planta circular, claro. “Sou mais conhecido aqui que na minha aldeia.” Está no mercado desde 1976, hoje com a companhia da mulher e dos dois filhos e a organização e disposição do seu estaminé é meio caminho andado para qualquer forasteiro parar e apreciar os exemplares em exposição. Estão dispostos por regiões ou por tipologias – queijos da Beira Baixa ou queijos de cabra curados, por exemplo –, cada qual com um significativo número de marcas, que atravessam várias zonas do país. Alheiras de Mirandela, queijos de Lamego, enchidos alentejanos de porco preto, tudo. “Há vários aqui que são meus”, diz. Apesar de não terem o selo da casa, se olhar bem verá lá o nome do dono. “Também faço enchidos em Vila de Rei [Castelo Branco]. Vou lá, preparo as carnes, tempero, encho e depois eles [de uma fábrica própria] secam e tratam do resto”, conta. Por isso, atende com sabedoria, simpatia e as necessárias explicações pedidas pelos fregueses. “Não há em Lisboa charcutaria igual à minha.” E é bem capaz de ter razão.

Exotismo de África e Brasil

O número de imigrantes na zona é uma das justificações para a existência de um conjunto de lojas com produtos raros em quase todos os mercados de Lisboa. Em Setembro, a loja 18 (que já tem mais de dez anos) mudou de gerência e passou para as mãos de Ana Patrícia Pereira, mas a Afromix mantém a essência de sempre, bem explicada no seu letreiro: Produtos Africanos, Brasileiros e Regionais Portugueses. Aqui encontra produtos raros destas origens e é ideal para quem procura arroz perfumado (aqui em baixo) – o produto mais vendido –, feijões, óleo de palma ou paçoquinha. Mas também frascos de óleo de palma, de vários tipos de feijão, de camarão seco, de sacos com cominhos ou caril, entre outras pérolas.

Um trio de talhos originais

Num mercado organizado por anéis, os talhos ocupam a circunferência maior. Alguns estão numerados, o que facilita a localização, outros têm denominação própria, mas como denominador comum está a importância dada a partes menos nobres dos animais. Veja-se o Talho Frescura, com uma montra que afectará as almas mais impressionáveis e encherá de alegria quem segue o lema nose to tail (aproveitar tudo de cada bicho). Do lado de fora vêem-se focinhos, rabos, couratos, bofes, papadas, tudo pendurado qual charriô de uma loja de roupa; do lado de dentro está a matéria-prima de um talho convencional, com almôndegas, costeletas e outras peças corriqueiras de vaca, porco, borrego e aves. Uns metros à frente (ou atrás, é impossível saber) fica o Talho de Cavalo, só com carne desta espécie de equídeo, com peças para cozinhar de todas as formas e feitios: costeletas, hambúrgueres, bifes, carne para guisar ou para rosbife. António Covas é dono e senhor de quase todos os negócios de carne no Mercado de Benfica. Vital, que toma conta do estaminé, aconselha a espécie a quem tem anemia, mas diz que já viu melhores dias nas vendas até porque o preço da carne de vaca desceu ao escalão da de equídeo. “Dantes compravam mais carne de cavalo porque a de vaca era muito mais cara. Agora é mais quem gosta, até porque ainda há um estigma em relação a esta carne”, explica, mas continua a ter clientela. E a mesma empresa é dona de outro talho de nicho, o Talho das Aves, que recebe também coelhos. Aqui encontra desde galinhas saloias inteiras a sacas com asas de frango, desde moelas de peru a hambúrgueres de aves, desde embalagens com o material necessário para uma canja aos simples bifes de peru.

A banca de peixes de Aristides Correia Henriques

No meio de tantas bancas de peixe, esta é fácil de decorar: fica mesmo no centro do mercado e tem sempre um número considerável de gente fardada de azul escuro a atender – infinitamente inferior à que vem comprar. Se quer apanhar os melhores exemplares, convém ir cedo, porque pelas dez e meia já começam a escassear os robalos, as douradas, as raias, as ovas de pescada, os peixes espada, os carapaus… vocês sabem o resto.

Azeitonas e feijões é com a Lurdes Ferreira

Caso tenha ouvido dizer que as leguminosas fazem bem à saúde, passe pela banca de Lurdes Ferreira, que abriu o mercado em 71 e tem um rol de feijões desconhecidos de muito boa gente. Já ouviu falar do feijão lindo, do canário ou do congo? Pois. A eles se juntam o preto, o manteiga, o branco ou a feijoca. Além de farinhas portuguesas e estrangeiras e de um conjunto de azeitonas de diversas espécies, como a cobrançosa, a galega, a britada nova ou a preta.

Sabia que? A quantia envolvida na construção do Mercado de Benfica, no final dos anos 60, rondou os 12 723 700$00, o que equivale a cerca de 3 milhões de euros actualmente.

Um segredo... É difícil escolher uma só banca de frescos no Mercado de Benfica. Dos mais corriqueiros a outros exemplares mais exóticos – em dois ou três sítios encontra banana pão, mandioca ou quiabos –, há de tudo. Mas só Aida Morgado é rainha das promoções de fruta cheirosa e de qualidade. Entretanto, já está aberta a época de pôr os corninhos ao sol, como o caracol; e várias bancas do mercado já têm a enfeitar a montra sacos de caracóis e caracoletas – uma das mais aclamadas é a do Zé Luís dos Caracóis, que tem um cachecol da Selecção mas com o seu nome (não há que enganar). 

Rua João Frederico Ludovice, Seg-Sáb 07.00-14.00.

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Mercado de Campo de Ourique
Mercado de Campo de Ourique

Inaugurado em 1934

Foi o primeiro mercado de Lisboa a ser revitalizado ao estilo de nuestros hermanos, com inauguração em 2013, o que levou muita gente de fora do bairro a partir à descoberta de território desconhecido. O novo projecto faz seis anos em Novembro e, de acordo com o seu gestor, Diogo Coutinho Vilhena, “fez com que o bairro de Campo de Ourique voltasse a ser falado”. Diogo é o grande responsável pela zona de restaurantes do mercado e foi quem projectou a renovação do mercado em conjunto com o arquitecto da CML António Braga. A inspiração veio de vários mercados europeus, principalmente o mercado de San Miguel em Madrid e o La Boqueria em Barcelona. Foi com Diogo que fizemos uma visita guiada a todo o mercado. Na foto vemo-lo ao lado de Dona Mena, funcionária da CML que trabalha neste mercado há 47 anos. O tradicional modernizou-se, mas ainda se consegue sair daqui com pão e queijo para o pequeno-almoço, peixe para o almoço, frutos secos para o lanche e carne para o jantar. Ou vegetais, óbvio.

Dona Fernanda

A Dona Fernanda é uma das vendedoras mais antigas deste mercado. As flores saltam à vista, mas Fernanda tem um outro dom, que salta aos ouvidos: é dona do pregão mais ruidoso do mercado e arredores.

Banca 8

“A Banca 8 é o restaurante que tenta homenagear todas as pessoas que estão aqui dentro”, conta Diogo. É a mais recente hamburgueria do Mercado de Campo de Ourique e tem como objectivo mostrar a fusão entre a zona de restaurantes e o mercado tradicional, já que a maior parte dos seus fornecedores de produtos são as bancas tradicionais. “A carne é do talho da Dona Zezinha e todas as hortícolas são da banca da Dona Aurora”.

Peixe do dia na banca da Sofia

A rima, digna de aluno da quarta classe, vem no seguimento de outra que está nesta completa banca de peixes. “Bom peixe e simpatia venha à peixaria da Sofia”. É a própria quem lá está a atender todos os dias, a cortar cabeças e rabos, a escamar peixes e outros trabalhos mais delicados – “os franceses pedem muito peixes em filetes”, conta, enquanto prepara um salongo, lá está, em filetes. Vende matéria-prima de Sesimbra e da Fonte da Telha, apesar de, admite, a termos apanhado num dia mau – “este tempo não ajuda”. Além da venda a particulares, abastece alguns restaurantes da zona, como o Verde Gaio e o Solar dos Duques.

Dos ovos aos queijos na Charcutaria Gonçalves

Grão a grão enche a galinha o papo, sabe de cor e salteado José Carlos Gonçalves, que aqui está desde 77, o primeiro a vender ovos, com a mulher, e que agora tem uma charcutaria. À medida que os anos foram passando, somou metros à sua banca, foi comprando os lugares que esvaziaram à volta e hoje tem um reino de tamanho decente, com clientela fiel, a quem vende tanto pão alentejano como broa de milho, tanto bolos secos avulso como requeijão de Azeitão, tanto palmiers como línguas de veado, enchidos e carnes frias, leitão de Negrais (aos fins-de-semana) e rebuçados para a criançada. Só está aberto até às 14.00, porque ainda respeita as leis do comércio à moda dos antigos mercados.

Os Frutos Secos do Mercado

O infalível cheiro a caramelo, em tudo semelhante ao cheiro de um carrinho de pipocas (agora a sério: eles fazem de propósito para o pôr a trabalhar à hora do lanche, não fazem?), é um forte chamariz desta banca, que tem um irmão mais novo no Time Out Market. Num canto da zona de exposição está uma máquina em acção e à frente estão cubas onde repousam frutos secos caramelizados como a avelã com chocolate, as amêndoas com flor de sal ou os cajus com a mesma receita. Ao lado há frescos com sementes, frutos secos para todos os gostos, frutas desidratadas e superalimentos como o guaraná, maca ou clorela. Há espaço ainda para as compotas de Figueira de Castelo Rodrigo da marca Sabores da Geninha e para a muito procurada, dizem, geleia de marmelo, aqui da Quinta do Côro.

Sabia que? Apesar de contar com 84 anos de vida, o Mercado de Campo de Ourique tem um look diferente daquele com que inaugurou. Foi alvo de uma profunda remodelação no final dos anos 80, dando-se a conhecer em 1991.

Um segredo... O Mercado de Campo de Ourique sempre foi famoso pelos seus talhos com produtos estranhos. Uns já fecharam as portas, outros mantêm-se em plena actividade, caso do Talho Nuno Félix. A fazer companhia aos preparados e às salsichas frescas há, tome nota: mioleiras de porco, mão de vaca, dobrada, língua de vitela, rabo de boi e rins de vitela.

Rua Coelho da Rocha 104. Dom-Qui 10.00-23.00; Sex e Sáb 10.00-01.00.

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Inaugurado em 1956

Foi em 1956 que, pela mão do arquitecto Eduardo dos Reis e do construtor António Veiga, as antigas fábricas de tijolo e de telha haviam de dar lugar a um mercado. Hoje, apesar das alterações que foi sofrendo, o espaço no número 5 da Maria da Fonte continua a mexer, do vinho aos legumes, do peixe às frutas, com o FabLab a servir de bandeira para o futuro e a Casa da Diversidade e o Centro Municipal para a Interculturalidade na calha. Pelo meio, há também uma biblioteca, uma Academia sénior e o projecto para um co-work onde dantes estavam as bancas.

Ana Maria Rosa

Quando perguntámos a Ana Maria Rosa, peixeira de 55 anos, há quanto tempo fazia do Mercado vida, a resposta veio rápida e por entre risos: “Desde a barriga da minha mãe, ainda no [mercado] Chão do Loureiro”. Assim cresceu, pelo meio das bancas, seguindo as pisadas, sempre com o peixe fresco pronto a ser levado. E é esse o quotidiano ainda hoje, da Madragoa para os Anjos, da lota para a banca.

Alfredo Ventura

Na banca de Alfredo Ventura, as garrafas e garrafões são o único pregão que é preciso. Natural de Paiol, no concelho de Alenquer, foi aos 15 que começou a trabalhar, mas a vida de mercado chegaria mais tarde, quando se reformou, depois de uma longa jornada ligado à Direcção Geral dos Serviços de Agricultura. Hoje, aos 83, é o responsável pela banca dos vinhos da adega de Carvoeira.

Clara Fonseca

Clara Fonseca já não sabe há quanto tempo está pelo Forno do Tijolo. “Não lhe sei dizer se são 18 ou 20”, mas o negócio, que migrou do antigo Chão do Loureiro, já leva mais anos. A banca desta transmontana de Torre de Moncorvo enche-se de fruta fresquinha, das maçãs às cerejas, dos melões aos limões, e o sorriso é meio caminho andado para atrair fregueses.

Rua Maria da Fonte. Mercado: Seg-Sáb 07.00-14.00. Supermercado: Seg-Dom 08.00-21.00.

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  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Aqui não se vende peixe fresco, nem legumes, nem bons cortes de carne. O que há de bom aqui é mesmo a vizinhança. Foi em 2016 que a associação de moradores Boa Vizinhança instalou aqui a Dona Ajuda, uma personagem fictícia que criou no mercado uma loja solidária dividida em várias secções com artigos usados, entre roupa, objectos de decoração, tudo a preços bem simpáticos. Isto para quem compra, porque a ideia é também oferecer cinco artigos por mês a pessoas com carência económica referenciadas pela associação. Em representação da Dona Ajuda (e da Boa Vizinhança) encontra Cristina Velozo e Paula Berberan, que nos fizeram o tour pelo espaço. O Talho das Miudezas é agora uma boutique de senhora, o Talho do Fernando, uma livraria com jogos infantis e CDs (há três exemplares do álbum Eu Sou Aquele, dos Excesso, a 1€); e o Talho 301 é uma loja de moda masculina decorada com taças de antigas glórias desportivas da cidade (uma, por exemplo é do Club Sportivo de Pedrouços). Depois há ainda uma loja com roupa de criança e brinquedos e ainda outra com decoração para a casa e alguns pequenos electrodomésticos. Bem lançado está o Arraial# que costuma passar por aqui. Já foram feitas três edições deste evento, organizado por Frederico Mira Godinho, João Gaivão e João Berberan, que aposta na divulgação de novos talentos da música portuguesa – o próximo acontece a 5 de Junho. A Dona Ajuda estende ainda o braço a alguns projectos solidários e sustentáveis, como o projecto Dress a Girl, que reúne voluntários da costura às segundas de manhã, a Bengala Mágica, que apoia crianças cegas, ou os Amigos Improváveis, que juntam jovens universitários a idosos. As bancas centrais do mercado são decoradas pelas cores da Fruta Feia, que pára aqui às terças-feiras das 14.00 às 21.00. (Seg-Sex 11.00-18.00, Sáb 10.30-13.30.)

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Inaugurado em 1882

Perguntar à Time Out o que de melhor há no Mercado da Ribeira tem uma resposta imediata que está à vista: as bancas ocupadas em Maio de 2014 falam por si. Mas nesta edição deixámos os comes e bebes do Time Out Market de lado e percorremos as outras alas do edifício, onde a venda de frescos ainda escoa produtos da mais alta qualidade.

Teresa e Carla Carvalho

Mãe e filha, admitem que este ano fugiu tudo à época. “O nosso clima está completamente diferente, claro que depois a fruta chega toda maluca.” Ainda assim, têm uma banca bem colorida, com fruta bonita e legumes verdejantes. O dia forte para clientela habitual é à terça-feira – “como o mercado fecha ao domingo e segunda, terça vêm todos abastecer-se com os produtos mais frescos”, justificam – mas é ao sábado que há mais movimento, tanto de turistas como de lisboetas. “Isto até fica com outro ar. À terça está entupido em vendas, ao sábado tentamos embelezar tudo, até porque já temos menos produto”, explica a filha, que se juntou há “poucochinho” à mãe, que leva cerca de 40 anos de mercado. Apesar de o volume de vendas ter diminuído ao longo dos últimos anos, deixam elogios à renovação do mercado: “Dantes estávamos todas espalhadas e houve uma altura que aquele lado [onde estão agora os restaurantes do Time Out Market], parecia mais um armazém do que outra coisa. Quem disser que isto não veio embelezar o mercado, está a mentir.”

Morangos (3,50€/kg): Já está a acabar a época deles, mas agora “está muito bom”. São bonitos, carnudos e saborosos e vêm de Torres Vedras.

Cerejas (7,90€/kg): Está a começar a época da cereja. No dia em que lá fomos, tinham acabado de chegar da Gardunha. E este ano a caixa vem já com a cereja gordinha, cor de vinho.

Alperces (3,90€/kg): É um dos primeiros frutos a anunciar o Verão. Mas os pêssegos também já estão a chegar: primeiro o vermelho, a nectarina, depois os paraguaios e por último os amarelos.

Os exóticos de Paulina e Elisabete

“Os habaneros e as malaguetas estão a 15€ o quilo, as cherovias a 4,99€, os pimentinhos doces a 15€ e a abóbora amarela a 9,90€”, debita Paulina, enquanto aponta para os mui fotogénicos produtos exóticos, continuando a enumeração por outros espécimes menos comuns, como a pitaia amarela, os granadilhos, os ruibarbos ou as raízes de aipo. Tal variedade – e qualidade –, que tem sobretudo origem em França e Holanda, tornam esta banca de mãe (Paulina, 72 anos) e filha (Elisabete, 43) um válido fornecedor para alguns restaurantes e chefs da cidade. Abastecem a Taberna Moderna, A Taberna da Rua das Flores e a Taberna Fina, a Gelato Davvero, a Tartine, os Esperança (Sé e Bairro Alto), o The Food Temple e o restaurante do chef Miguel Laffan no mercado, por exemplo. “Aqui é tudo bom, o que é ruim a gente não põe à venda. E o que está estragado por dentro só pomos porque não sabemos”, acrescenta Elisabete. Têm também alguma oferta portuguesa, como o ananás dos Açores e a banana da Madeira e admitem que os preços nem sempre são acessíveis para todos, razão pela qual já deixaram de fornecer alguns chefs. “Posso ter caro, mas gosto de ter bom”, remata Paulina.

Os hortícolas de Celeste Machado

Como a maioria dos comerciantes dos mercados de Lisboa, muito do que se vende na banca de Celeste Machado (a do canto esquerdo, de quem está de saída para a Rua da Ribeira Nova) vem do MARL. Só que anda no negócio há tantos anos – 19 aqui, onde herdou a banca da mãe, com 50 anos de Mercado, e mais uns quantos de Mercado do Rato – que conhece os frescos como ninguém. “Tenho pessoas a produzir para mim. Produções pequenas, só com água corrente, à antiga, quase biológicas. Gente que produz para consumo e me vende uma parte. Ficam para cima de Loures.” É daí que vêm, por exemplo, os espinafres, as nabiças ou os agriões, tudo com folhagem grande, cor forte e, sobretudo, sabor. De outras produções, no Montijo, chegam a batata e a cebola; e de Pegões vêm os morangos nacionais; e do Algarve, abacates, laranjas e tangerinas. É escolher, freguês.

As estufas da Alcina Flor

Está fora do corredor das floristas, na esquina do edifício com a praça do Jardim Dom Luís e porta para a 24 de Julho, mas vale a pena passar lá à saída do mercado. Sim, à saída. Já vai de braços cheios, mas vai querer ter mãos para os ramos de flores frescas, de flores secas e de suculentas que Maria Alcina Vende. “Sabe que nós somos produtores”, conta, para apresentar depois os terrenos que tem no Montijo de onde vem quase tudo o que vende. Se é adepto de produto de época, compre frésias, ranúnculos, tulipas ou bocas de lobo. “Mas em Maio tem de vir cá às peónias.” Palavra de florista.

O peixe da Rosanamar

As quatro bancas que ocupa, os recortes de jornal nas paredes e o número de saudações afáveis que recebe de quem passa não deixam margem para dúvidas: Rosa Cunha é a peixeira mais famosa do mercado. Com 49 anos, 30 e picos de mercado, é uma figura da casa. Recebe peixes de águas frias – “onde ganham músculo e sabor”, diz –, das lotas de Peniche e Sesimbra e, admite, ao “MARL só vamos buscar coisas estrangeiras, como a garoupa, o pampo ou o salmão.” Tudo fresquinho, como faz questão de frisar, mostrando as guelras dos peixes. O que sai mais, conta, é a pescada e os “bons salmonetes e linguados”. Só ali do Time Out Market fornece restaurantes como a Tartar-ia e o Pap’Açorda – “falei com a Manuela [Brandão, cozinheira] aí uns 17 anos ao telefone sem nos conhecermos” –, além de ter vários outros clientes. “O cherne também é bom. Temos sempre.” Daqui a nada é tempo da sardinha e Rosa é a pessoa certa para a aconselhar.

Sabia que? O primeiro Mercado da Ribeira, no século XVII, ficava em frente à Casa dos Bicos e estendia-se até ao Chafariz d’El Rei.

Um segredo... A Herdade do Freixo do Meio, no Alentejo, tem uma loja num corredor paralelo aos frescos, onde vende tudo o que produz na herdade, com certificação biológica. Têm carne biológica, do vitelão e porco preto ao borrego, hortícolas, frutas e o pão alentejano. Este é um dos pontos de entrega para os cabazes e em Fevereiro aumentaram a oferta da cafetaria biológica – há menus com snacks vegetarianos, vegan e sem glúten para o pequeno-almoço ou lanche, refeições ligeiras para almoço, sumos naturais, sopas ou gelados artesanais. O único risco depois de provar uma vez é ficar viciado. (Seg-Sex 10.00-19.00, Sáb 09.00- 17.00. 266 877 136.)

Avenida 24 de Julho. Seg-Sáb 06.00-14.00 

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  • Beato

Inaugurado em 1994

A requalificação, já nos anos 2000, trouxe-lhe vida nova e mudanças na disposição. Aos produtos frescos, a fibra que o fez mexer muitos anos, juntaram-se negócios de outras estirpes: um estúdio de tatuagens, uma gelataria, uma pizzaria e até o projecto Amigos do 8mm, uma das poucas casas em Portugal que recupera filmes nessa película. A força dos fregueses foi-se perdendo com o tempo mas, para quem ficou, mais do que tradição, o Mercado é a vida.

Maria Teodora da Costa Martins Silva

Os dedos apontam-se-lhe sistematicamente quando perguntamos “quem é que cá está há mais tempo?”, e Maria Teodora é, de facto, um pedaço de história inerente ao Mercado. “Isto não era nada assim, vendíamos na rua”, começa por dizer a octogenária, “éramos muitos, não havia espaço para todos e até cheguei a ser levada porque faziam queixa”, recorda. Na sua banca é a fruta que salta à vista: as laranjas e as bananas, frescas, frescas.

Fátima Lopes

Natural da Cidade da Praia, em Cabo Verde, Fátima Lopes é a outra cara que se ocupa de tudo o que é mar. Há quatro décadas que a vida no Mercado se vai fazendo entre os peixes frescos, do robalo à perca, e aos 63 é com a irmã que divide a banca em Sapadores.

José Carlos Alfredo

“Estou por cá há 38 anos”, diz José Carlos Alfredo, enquanto leva um molho de coentros à balança. Na banca, preenchida pelo verde dos legumes e pincelada de outras cores, como o vermelho e o amarelo, as hortícolas e as frutas são o ganha-pão.

Alice Guerra

Logo ao lado de José Alfredo, Alice Guerra, vila-franquense de 63 anos, não perde tempo a amanhar os carapauzinhos. “Chegam de várias lotas, de Sesimbra, de Almada, do Norte”, conta. A banca é concorrida, apesar da chuva incessante, “mas já correu melhor”, atira, enquanto vai escamando um peixe-espada que lhe ocupa toda a tábua de corte.

Rua da Penha de França. Mercado: Seg-Sáb 07.00-14.00. Lojas: Seg-Sáb 07.00-21.00.

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  • Chiado/Cais do Sodré

Antigo mercado de São Bento erguido em 1881, demolido em 1938 e reinaugurado em 1992

Este sim, devia ser chamado de mercadinho, como parece ser moda agora. Longe vai a vida ao serviço de abastecimento de hortícolas e afins, com quase todas as bancas a serem substituídas por sangue estrangeiro. Aos poucos tornou-se numa espécie de enclave austro-italiano, vocacionado para as comidas e bebidas ao invés da venda propriamente dita. Há, porém, duas excepções: as flores do Cantinho Verde e as carnes da Naco – Pedaços de Verdade (Seg-Sáb 07.00-19.30), onde Nélson Pereira faz preparados variados, vende várias peças de porco preto de Barrancos e Estremoz e ainda se organiza para fazer entregas ao domicílio nos bairros à volta. Ainda assim, o mercado merece ser visitado. Pode lá passar para comer as salsichas artesanais biológicas da Wurst – Salsicharia Austríaca, que vêm da Herdade do Freixo do Meio e levaram cinco estrelas do nosso crítico; para preparar uma refeição italiana com a os produtos da La Dispensa di Nannarella, onde se contam as massas da De Cecco, da Rumo e da Liguori (fornecedores de alguns dos bons italianos da cidade) ou as bolachas da Mulino Bianco; ou para beber um café italiano da marca Passalacqua de sabor intenso e muito aroma, comer cannoli sicialliani, crepes com gelados da Nannarella ou focaccias, na pequena cafetaria Baretto, com janela para a Rua Nova da Piedade.

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  • Lisboa

Inaugurado entre 1996

A nível de mercados municipais é um millennial, tendo apenas nascido em 1996. Ergueu-se em dois andares, mas por enquanto a actividade concentra-se apenas num piso, com alguma vida para além das frutas, legumes, peixes e carnes, graças a novo sangue que veio dinamizar o edifício. Lá em cima, as obras da futura Loja de Cidadão, que poderá abrir no final de Junho. Em baixo moram todas as cores de um mercado tradicional, dos vermelhos das carnes a todas as nuances do arco-íris entre flores, frutas ou legumes (e cachecóis dos clubes todos pendurados na banca da Fasquia de Sucesso Lda). Além de sair com o saco de compras completo para encher o frigorífico, ainda encontra especiarias, frutos secos e café artesanal. 

Os peixes frescos da banca de Açucena Veloso

Inês Félix

Açucena Veloso, bem conhecida entre os chefs da cidade e durante anos a cara deste mercado, já não está entre nós. Morreu em 2018, num trágico acidente de automóvel. Mas na sua banca continuam a sorrir, a servir e a prestar-lhe homenagem da melhor forma possível: com matéria-prima de qualidade. A banca ficou nas mãos da família, “está cá o meu avô, Vítor Veloso, e a minha mãe, Susana Veloso”, conta Tatiana Santos, neta de Açucena. “Já conhecemos os clientes, já sabemos o que gostam.” E o que gostam é bom peixe de selo nacional (salvo algumas excepções) daquele com o olho brilhante e as guelras garridas (agora releia sem se engasgar nos “r’s”). Ao leme, determinada, encontrámos Susana Veloso, a filha que foi praticamente criada à volta das bancas de peixe, produto que hoje vai buscar todos os dias ao Mercado Abastecedor à uma da manhã. É dura a vida de quem quer vender os mais frescos produtos e que ainda hoje reúne uma panóplia de clientes que vão de reconhecidos chefes a hotéis de cinco estrelas. Sente-se como peixe na água, também por causa da ajuda de uma alegre equipa de 15 pessoas, entre a venda e a distribuição, que faz com que os dias de trabalho pareçam mais curtos. Continuam a lembrar Açucena, como se ainda estivesse presente. E está, quando dizem “a patroa não quer isso assim” ou “ai se a patroa vê”. “Neste momento estamos a fazer o que ela sempre quis. A vestir a camisola, damos o nosso melhor todos os dias. Se ela visse isto ficaria orgulhosa”, diz Susana, comovida. Agora espera que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa cumpra uma promessa feita: a de, concluídas as obras, rebaptizar o mercado como Mercado Açucena Veloso.

A Torra Média do Alan

O que outrora foram bancas de hortícolas, é agora poiso para as embalagens de café artesanal de Alan, natural do Gabão. A marca Torra Média, com café das Honduras, Etiópia ou Ruanda, por exemplo, aposta na, perdoem-nos a repetição, torra média, uma torra mais leve. “É um café que se bebe como um chá”, diz. “Só temos cafés de pequenos produtores, de zonas específicas de planalto onde cresce arábica. Mando torrar numa micro roastery em Varsóvia, que é para mim uma das melhores do mundo”, acrescenta. O café é vendido em grão e deve ser moído na hora – apesar de o poder moer à  ali mesmo. Aos sábados, Alan faz degustações daquilo que vende, por isso aproveite.

Os frescos de Maria de Fátima Sousa

Fátima Sousa veio para o mercado com 15 dias de vida. Hoje tem 26 anos e ajuda a mãe, sua homónima, a tratar de escolher as hortaliças, as frutas, as azeitonas, os frutos secos, os feijões. “Vamos ao MARL e compramos maioritariamente no pavilhão 3, que é o dos pequenos produtores. Compramos pouca quantidade, para ir mais vezes e comprar fresco.” A juntar aos espinafres carnudos e couves que nos deixam a sonhar com uma boa sopinha, tem rábanos e rabanetes frescos, cebolete, cebolas novas, muita e boa fruta nacional.

Treinar o olfacto na Rota das Índias

Vale a pena ir à Rota das Índias só para abrir o frasco do sal negro dos Himalaias e o poder cheirar. Vai reconhecer o aroma a ovo (!) e se puser uma pedrinha na boca, achar que está a comer um ovo cozido (o nome é kala namak). Mas este é só um dos 500 e muitos produtos que a loja, inquilina no mercado há um ano e meio, vende a granel. Tem chás de todos os sabores e origens, dos mais simples a blends complexos, tem um rol de sementes para temperos, pimentas, plantas medicinais para todas as maleitas, frutas desidratadas, superalimentos, frutos secos, especiarias de todo o mundo, farinhas e até misturas próprias de muesli. “Acho que somos a única no género em Lisboa”, afirma, orgulhoso, Marco Sebastião, o dono, que também faz revenda para vários espaços do país. (Ter-Sex 09.30-19.00, Sáb 09.00-16.00.)

Leitão com todos no HM Caneira Negrais

As sandes de leitão voam à velocidade da luz neste café-charcutaria dentro do mercado. A empresa de origem familiar fica em Negrais, tem a seu cargo o abate, a assadura e a venda dos bichos e no Mercado 31 de Janeiro serve vários preparados para comer in loco, como congelados e refrigerados. Falamos de rissóis de leitão, claro, de quiche de leitão e de entremeada fatiada. A juntar a isto, tem queijos, manteigas e enchidos. (Ter-Sex 07.00-19.00, Sáb 07.00-16.30.)

Sabia que? Há dois restaurantes cujas cozinhas recebem matéria-prima de uns metros ao lado: o Aron Sushi e a Casa do Peixe.

Um segredo... Na Pão Marca-te (um válido trocadilho como nome), lojinha de esquina numa das entradas do mercado, encontram-se pão de Rio Maior e caralhotas do Ribatejo aos fim-de-semana. Há ainda empadinhas para enganar a fome e um café de máquina que custa 0,60€ para gente mal-educada e 0,50€ para os bem-educados. Basta que use um “se faz favor” e tiram 10 cêntimos à conta. (Seg-Sáb 08.00-14.30).

Rua Engenheiro Vieira da Silva. Ter-Sáb 07.00-14.00

Mais compras em Lisboa

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Poucas peças são tão democráticas e transversais a géneros, idades e estilos como um par de ténis. Dão para ir trabalhar, para ir jantar fora, para sair à noite e até para dar nas vistas numa festa (e o melhor de tudo é que servem para palmilhar Lisboa e as suas sete colinas) – e não só para fazer desporto, como noutros tempos. Mas têm de ser especiais e, em Lisboa, há um punhado de lojas que se especializaram na matéria. Dos modelos mais raros das marcas que todos conhecemos a etiquetas que só os entendidos sonham ter, sem esquecer as marcas portuguesas, estas são as melhores lojas para comprar ténis em Lisboa.

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  • Lojas de segunda mão

Nunca se falou tanto em sustentabilidade como agora – não pela falta de aviso, mas pela urgência na mudança de hábitos. Comprar em segunda mão ou apostar em peças vintage não é só uma tendência de moda crescente, é mais do que isso – reflecte um comportamento mais sustentável. Recheie o armário nestas lojas de roupa em segunda mão em Lisboa e, quando fizer limpeza do armário, lembre-se que nem tudo é lixo e pode canalizar a sua imaginação para o upcycling, a chamada reutilização criativa que transforma peças ou produtos que já não usa ou em fim de vida em novos materiais.

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Quem disse que a ilustração é o parente pobre da arte? Em Lisboa, conseguimos encontrar lojas e galerias que provam o contrário, com o melhor que anda a ser feito nas áreas da ilustração e da serigrafia. Dos jovens artistas que ainda agora começaram a dar os primeiros passos aos nomes sonantes, dos autores portugueses aos génios criativos internacionais, esta arte é para todas as carteiras, dos 10€ aos 100€. Dos pequenos formatos, que ficam bem até na mesa de cabeceira, às ilustrações maiores para decorar a sala ou o quarto. Transforme a casa e dê-lhe mais cor e autor.  

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