Domingo de Páscoa é nos Anjos, não a celebrar a ressurreição mas o primeiro aniversário dos Anjos70. A Festa D’Anjos corre das 15.00 às 23.00 e reúne uma mão cheia de artistas que marcaram o primeiro ano de vida da associação.
A Feira das Almas foi o ponto de partida para o nascimento de um dos maiores pólos culturais da cidade, no número 70 do Regueirão dos Anjos. Catarina Querido, a mulher que v ê aqui ao lado e que desde início pode ser vista à frente do projecto, organizava a feira religiosamente e durante cinco anos criou uma referência no roteiro dos mercados da cidade. Mas a Feira das Almas não trabalhava directamente com a Associação Taberna das Almas, que tinha sugerido o nome para a dita feira e que na altura tinha ali a sua sede antes de terem abandonado o espaço. “Depois da confusão da saída da outra associação eu não podia simplesmente deixar o espaço morrer, não era só a feira que deixava de acontecer, era todo local. Atirei-me de cabeça e aluguei o espaço”, conta. “Não pude usar mais o nome Feira das Almas e as pessoas não perceberam o que tinha acontecido. Acharam que tinha acabado, apesar de termos alertado que a feira era a mesma, apenas tínhamos mudado de nome.”
Feitas as alterações, a 1 de Abril de 2017 abriam as portas com uma festa semelhante àquela que acontece este domingo. “Havia muitas coisas contra o projecto na altura e ter aberto no Dias das Mentiras parecia mesmo uma mentira. Não foi uma história floreada, não foi um arranque bonito, foi com muito pouco investimento, ou quase nada”, garante Catarina, que juntamente com Maria Lopes forma a dupla responsável por levarem o projecto para a frente.
“O que estamos a fazer com os Anjos70 é uma espécie de renovação da cena cultural em Lisboa. Começámos do zero, sem nada. Foi tudo um processo de tentativa erro, um ano experimental onde aprendemos muito sobre o que podemos e devemos fazer.” A necessidade de manter o espaço de portas abertas acabou por ver nascer outras ideias além da feira, e os Anjos70 começaram a apontar em todas as direcções. A taberna do espaço apareceu de cara lavada (Seg-Sex 17.00-00.00), as oficinas de cerâmica e costura têm cada vez mais adeptos, assim como o espaço de co-work que ali nasceu.
Tudo isto sem contar com os eventos temáticos semanais: o Cineclub70 às segundas, a Jam70 às quartas, a feira Art&Flea Market no primeiro fim-de-semana de cada mês ou a Rádio70 no último sábado de cada mês, evento em que convidam personalidades "conhecidas" a serem DJs. “Agora está tudo em movimento, estes eventos foram surgindo ao longo do ano que passou, tivemos que responder à associação cultural que éramos”, explica Catarina que, futuramente, quer explorar cada vez mais a vertente social e projectos solidários. Isso e ter o máximo de programação própria. “Há pessoas que chegam aqui e gostavam de fazer acontecer um evento, fazem-nos propostas. Damos voz a artistas que estão num panorama mais alternativo e novo na cidade”, afirma, explicando que trabalham muito à base de parcerias, como é o caso da que selaram com a editora Maternidade para a Festa D’Anjos, cuja programação está mesmo aqui em baixo – é deixar as amêndoas em casa e passar a tarde debaixo de uma auréola.