O Juízo Final
“Durante o século XVIII e XIX, Lisboa viveu situações terríveis. Mas, até antes disso, a peste e outras doenças mortais, que não podemos dissociar das questões de higiene pública, se declararam entre a população, estando registadas pela própria imprensa periódica lisboeta, que às vezes também contribuía para a difusão das falsas profecias”, revela o professor Joaquim Fernandes, que não escreveu este livro a pensar na actual pandemia, mas verificou várias semelhanças no comportamento das populações. “Falamos das reacções instintivas e emocionais, que têm a ver com o nosso cérebro primitivo. As teorias da conspiração, por exemplo, são uma tónica dominante, porque estamos sempre à procura de justificações inimagináveis para situações que não controlamos. Mas também a dualidade medo-festa, com uns a fazer penitência, acudindo às Igrejas para salvar a sua alma, e outros a gozar os últimos dias, em desconfinamento total.”