A grande aquisição foi um marco aos 25 anos. Tinha acabado de se mudar de Maputo para Londres, cidade onde ia começar a viver pela segunda vez, e escolheu um caminho sem retorno. “Comecei a ficar um bocado viciada, sobretudo porque é quase como teres um pedacinho da criatividade daquela pessoa em casa, um bocadinho da alma de outra pessoa”, continua. Numa cidade artística e culturalmente pulsante, encontrou os próprios truques – aproveitar edições limitadas, revirar a internet em busca de bons negócios e apontar a mira a artistas acabados de chegar ao mercado. “Se começasse a comprar artistas muito novos, podia comprar obras, em vez de andar só a comprar catálogos de exposições da Cindy Sherman. Passei a ir a feiras, aos graduation shows das escolas de arte. Aos poucos, fui aumentando a colecção.”
Sobre o sofá da sala está a aquisição mais recente – duas telas de Ana Xotová, uma jovem artista de ascendência soviética, agora a dar os primeiros passos em Londres. Recorre frequentemente ao auto-retrato, mas também pinta as mulheres que lhe são mais próximas. Aqui, é a melhor amiga. Noutro canto da divisão, está um nu da fotógrafa israelita Roni, comprado em Tel Aviv. Mede um metro e meio de altura ao contrário de todas as outras imagens da série, demasiado altas para caberem no apartamento onde Sofia morava na época. As duas ficaram amigas e a coleccionadora ficou com uma obra de arte à medida.