Elisa, a artista
Não é por acaso que o novo estúdio de Elisa Rezende se confunde com uma galeria de arte. Foi uma das primeiras inquilinas do 8 Marvila, o grande empreendimento artístico e cultural da cidade, e ocupou dois compartimentos outrora usados como cubas de armazenamento de vinho. Antes de se aventurar no mundo das agulhas, já explorava as possibilidades que a arte digital lhe oferecia. Aqui, encontrou o espaço que precisava para combinar as duas vocações.
“Comecei na arte digital e só depois é que veio a tatuagem. No ano passado, decidi que queria brincar nos dois lados.” Mas a vida de Elisa não foi sempre assim. Estudou Publicidade e Marketing – como tantos outros que adiam o impulso artístico – e trabalhou na área durante cinco anos. Viveu na Finlândia, na Índia e em Londres, mas foi uma viagem pelo Sudeste Asiático, depois da morte da mãe, a trocar-lhe as voltas. Mudou-se para a Austrália, e acabou por regressar a Portugal, já em 2020.
A arte levou a melhor. Depois de vender os primeiros trabalhos, Elisa fez a experiência: trocar a tela pela pele. A pandemia fez dela uma auto-didacta.
A linguagem já estava criada – um imaginário repleto de figuras femininas, feras, olhos, corações e lágrimas, aos quais juntou uma caligrafia própria, que levou para o estúdio de tatuagens. Em Marvila, há espaço suficiente para as duas faces da autora. Na parede ou no próprio corpo, a arte é uma só.