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Sangue novo, tinta fresca. Estes tatuadores estão a pôr Lisboa no mapa

Já foi marginal, mas hoje faz parte da vida da cidade. Batemos à porta de dez tatuadores lisboetas, os mais recentes embaixadores de uma arte que continua a crescer e que continua a ganhar novas cores, temas e linhas.

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Douglas Cardoso
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Douglas Cardoso
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Mauro Gonçalves
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É agulha, mas não pica. É desenho, mas nem sempre tem cor. A tatuagem já foi marginal, mas hoje está ao virar de cada esquina e faz parte do pulsar da cidade. Pode ter um significado profundo, ou ser só mais um ornamento. Para provar que o desejo de desenhar sobre a pele arde mais do que nunca, batemos à porta de dez tatuadores lisboetas – dentro ou fora dos principais estúdios. São eles os mais recentes embaixadores de uma arte que continua a crescer em estilos, tons, temas e linhas. 

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Decore estes nomes

Elisa, a artista

Não é por acaso que o novo estúdio de Elisa Rezende se confunde com uma galeria de arte. Foi uma das primeiras inquilinas do 8 Marvila, o grande empreendimento artístico e cultural da cidade, e ocupou dois compartimentos outrora usados como cubas de armazenamento de vinho. Antes de se aventurar no mundo das agulhas, já explorava as possibilidades que a arte digital lhe oferecia. Aqui, encontrou o espaço que precisava para combinar as duas vocações.

“Comecei na arte digital e só depois é que veio a tatuagem. No ano passado, decidi que queria brincar nos dois lados.” Mas a vida de Elisa não foi sempre assim. Estudou Publicidade e Marketing – como tantos outros que adiam o impulso artístico – e trabalhou na área durante cinco anos. Viveu na Finlândia, na Índia e em Londres, mas foi uma viagem pelo Sudeste Asiático, depois da morte da mãe, a trocar-lhe as voltas. Mudou-se para a Austrália, e acabou por regressar a Portugal, já em 2020.

A arte levou a melhor. Depois de vender os primeiros trabalhos, Elisa fez a experiência: trocar a tela pela pele. A pandemia fez dela uma auto-didacta. 

A linguagem já estava criada – um imaginário repleto de figuras femininas, feras, olhos, corações e lágrimas, aos quais juntou uma caligrafia própria, que levou para o estúdio de tatuagens. Em Marvila, há espaço suficiente para as duas faces da autora. Na parede ou no próprio corpo, a arte é uma só.

Catarina, a caçula

Chamam-lhe fine line e, no que depender de tatuadores como Catarina Duarte Silva, o traço fino e delicado sobre a pele veio para ficar. “É o primeiro estilo a conseguir entrar numa sociedade que ainda é muito conservadora. E tenho a certeza que vai abrir caminho para outros estilos.” A reflexão é de 2022, durante uma conversa com a Time Out.

Um ano e meio depois, com outra desenvoltura (e umas quantas tatuagens que não existiam à data), Papaya, como é conhecida pela clientela mais chegada, mantém a convicção, embora o aperfeiçoamento técnico a tenha feito alargar horizontes. Hoje, dedica-se a projectos maiores, mesmo que as figuras pequeninas continuem a ocupar-lhe um lugar especial no coração. Dá tudo no detalhe e introduz sombras para conferir alguma tridimensionalidade aos desenhos. As borboletas entraram no léxico e as frases e palavras continuam a angariar fãs em todas as idades.

“Falo muito com os meus clientes e já ninguém me diz que não pode fazer uma tatuagem por causa do trabalho, por exemplo”, conclui agora, percorrido um longo caminho rumo à normalização. Os flashes continuam a ir de vento em popa – formas rápidas de escolher um novo desenho para adicionar à colecção ou uma primeira e discreta aventura. Para Catarina, a fórmula de eleição continua a ser só uma: muitas e pequenas, como se, em vez de pele, tivessemos uma caderneta de cromos cheia de espaços para preencher.

É residente no The Venus Room, no coração de Lisboa, juntamente com outros seis tatuadores. Pela porta entram cada vez mais estrangeiros, um empurrão na procura que justifica que o número de profissionais da tatuagem que povoam a cidade também esteja a crescer. São mais e com estilos cada vez mais diversificados, segundo a jovem artista. Já o público internacional, chega muitas vezes à procura de uma recordação mais duradoura. São os novos souveniers – em vez de se comprarem na loja, gravam-se na pele.

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Douglas, o roqueiro

Entramos na Casa Tigre e somos recebidos por Douglas Cardoso, o homem de cabelo comprido, braços tatuados e estilo inspirado no século passado, que faz as honras de um espaço híbrido, que mistura loja, galeria e estúdio em pleno bairro dos Anjos. Cruzou esta porta pela primeira vez como artista convidado. Com ele, trazia já o fascínio por este universo onde tatuadores e músicos convergem – afinal, estamos numa casa fundada por Paulo Furtado, também conhecido como The Legendary Tigerman, Afonso Rodrigues, vocalista dos Sean Riley & the Slowriders, e Luís Raimundo, vocalista dos The Poppers. Em suma, três animais de palco.

“Sempre quis fazer essa fusão de tatuagem com música. E sempre me perguntava: quem é que tatua esses músicos?”, recorda. Hoje, no estúdio onde não só se tornou residente como também curador, vive-se esse ambiente. Numa primeira sala, a Casa Tigre é loja, com edições limitadas de vestuário, mas também peças personalizadas por artistas. Mas é no backstage que as agulhas de cinco artistas trabalham – e todas para o mesmo.

O estilo tradicional americano é uma assinatura comum e foi o primeiro a chamar a atenção de Douglas. “Foi o primeiro que me atraiu, mas achava muito complexo. Então comecei no pontilhismo, uma cor, uma só agulha.” Lembra-se da primeira vez que viu uma tatuagem — “no braço de uma criança, num ônibus.” A partir daí, primos e amigos tornaram-se cobaias. Na faculdade, escolheu o caminho do design, área que o fez mudar-se para São Paulo, e mais tarde para a Europa. Portugal era só uma escala de quatro meses (para depois rumar a Madrid ou Barcelona), mas acabou por se tornar no destino final. Em 2011, fixou-se em Lisboa. Arranjou trabalho numa agência, dedicou-se à ilustração, mas não ficou por aí.

“Comprei equipamento e comecei a tatuar em casa, enquanto trabalhava em publicidade. Era um designer com a mania que era tatuador, até que conheci o homem.” O homem é Francisco Mascarenhas, fundador da El Diablo, o estúdio de tatuagens mais antigo da cidade. Além de aprendiz, Douglas era também o genro do mestre, dois motivos de peso para reaproximá-lo do estilo que hoje o representa, o tradicional americano. Três anos depois, ganhou o próprio espaço e criou uma linguagem própria. Inovou com linhas mais finas e adicionou cor.

Há 12 anos que a tatuagem é uma ocupação a tempo inteiro. Das flash tattoos aos trabalhos personalizados – e até eventos de tatuagens temporárias para crianças –, desenhar sobre a pele normalizou-se. Para Douglas, uma tatuagem é uma obra de arte, o que faz dele um coleccionador. “O coleccionismo na tatuagem ainda é um assunto novo. A mentalidade de coleccionar, de escolher o artista e de guardar a mão ou um braço para tatuar com ele. E não é só sobre significado, pode ser o que você quiser.”

João, o poeta

As tatuagens não foram um caminho óbvio para João Gonçalves. Hoje, diz que foi “uma curiosidade que correu bem” e, a julgar pela extensa carteira de clientes (e pelos quase 28 mil que o seguem no Instagram), correu mesmo. Há quatro anos, abriu um espaço no Campo Grande e que em nada se assemelha à imagem de um estúdio de tatuagens convencional. As paredes são brancas e tornam o ambiente ainda mais luminoso. A banda sonora oscila entre jazz e um qualquer instrumental sem sobressaltos. “A tatuagem já é muito intrusiva, causa alguma dor, envolve agulhas. Ter um espaço calmo e organizado torna toda a experiência mais leve.”

No princípio, era o tradicional americano, as linhas espessas e os preenchimentos de cor. Ao fim de três anos a exercitar um gosto, uma cliente desafiou-o a estreitar o traço e a inaugurar um novo capítulo na carreira – mais minimal, subtil e com destaque dado à palavra. “É o que muita gente procura quando quer fazer a primeira tatuagem.” E a clientela mudou – hoje, a esmagadora maioria são mulheres, as idades vão dos 16 aos 80 anos.

Para João, a personalidade de um tatuador está na linha e a sua aprendeu a seguir aquilo a que chama de “registo fotográfico”. Uma alternativa ao realismo que consiste em usar uma única e fina linha contínua, capaz de desenhar rostos, silhuetas e o meio envolvente. A palavra escrita é outro dos trunfos deste tatuador de 36 anos, que também tem por hábito colocar alguns pensamentos no papel. Muitos deles acabam por ver a luz do dia na forma de tatuagens.

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Vahine, a botânica

No caso de Vahine Correa, nunca houve nada para afinar. Desde o primeiro dia como tatuadora, muito antes da fine line tomar de assalto os estúdios, que o traço lhe saiu fino e assim continuou. A botânica veio depois. Cliente após cliente, os pedidos por espécimes vegetais ajudaram a moldar o registo autoral da jovem autora. Hoje, tem nas folhas, caules e flores o principal cartão de visita.

“Não é que a botânica já não estivesse presente – a minha mãe sempre adorou plantas –, mas percebi que era o que me dava mesmo gosto desenhar. É o que me preenche, o que me deixa mais feliz.” Recentemente, quis elevar a sua temática de eleição a um novo nível. Como? Reciclando parte do que aprendeu quando estudou animação. Os desenhos de Vahine começaram então a ganhar movimento e profundidade, não só porque a linha ondula sobre a pele (ou sobre o papel) de forma mais orgânica, mas também devido ao desenvolvimento da técnica de whip shading, um sombreado gradual que também contribui para acentuar o realismo das figuras.

Adepta da mão livre, está a pensar em voltar a tatuar fora do país, prática cada vez mais comum entre muitos tatuadores portugueses. Amesterdão está no topo da lista, Suíça e Polónia vêm logo a seguir. “Gosto de ir lá para fora, há uma abordagem mais desapegada em relação à tatuagem. Aqui, as pessoas ainda acham que tudo tem de ter um significado quando é só estética.”

Por cá, vai dividindo o tempo entre a tatuagem e a ilustração, um caminho que quer trilhar em simultâneo e de forma igualmente profissional. No Quarto Escuro, onde é residente desde Setembro, trabalham muitos outros tatuadores e funciona ainda um estúdio de risografia e outro de animação. É dessas vizinhanças que se quer rodear e é a partir delas que tenciona expandir horizontes artísticos. Além disso, é como diz: “Há muita gente a tatuar, mas nunca é demais.”

Hugo, a mão livre

Tal como já acontece com tantos outros tatuadores, em vez de uma porta aberta para a rua, Hugo Makarov prefere o recato de uma boa campainha. Sem horário fixo, trabalha em função das marcações que tem na agenda. “É um estúdio privado e faz todo o sentido que funcione assim, é um prolongamento de nós.” E é, de facto. A primeira sala assemelha-se a uma sala de estar, com elementos tão familiares como um sofá ou uma estante com livros.

Há mais de seis anos que deixou para trás os estúdios partilhados e fez desta uma extensão da própria casa. Chamou-lhe Mau Feitio Social Club. “A tatuagem está a mudar. Antes era essencialmente um fenómeno ligado à música, não a expressão artística que vemos hoje.” Tinha 20 anos quando começou a trabalhar num estúdio. Entretanto, passaram-se outros tantos, mas ainda se lembra das primeiras tarefas – lavar o chão e esterilizar material –, além de não esquecer as primeiras inclinações artísticas. “Sempre desenhei, foi só uma questão de perceber o que é que podia pôr na pele. Por isso, tatuar é só um prolongamento do que já faço naturalmente.”

Inspirado pelo imaginário da tatuagem japonesa, começou pelos clássicos. Mas depressa percebeu que o que queria era ir além do cânone e adicionar um toque autoral a figuras como flores e caveiras. “Fui-me distanciando daquela imagem do tatuador mauzão. Em tempos gostei de tatuar com um traço mais forte, linhas mais grossas. Hoje, gosto de dar detalhe aos desenhos.”

A evolução não é alheia à tendência. Com o fine line a ganhar terreno dentro dos estúdios – e a convencer muitos indecisos a tatuar pela primeira vez –, Makarov dedicou-se mais e mais ao pormenor, mesmo a desenhar à mão livre, uma espécie de assinatura enquanto tatuador. Em trabalhos de escala maior, ou nas pequenas tatuagens, cada vez mais pedidas, há que respeitar a espontaneidade do traço.

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Margarida, a colorista

Daisy pode hesitar em admitir, mas foi uma das pioneiras na criação de um ambiente alternativo aos estúdios tradicionais. Abriu o próprio espaço há seis anos. Na altura, o Flourish & Blotts (que viria a chamar-se apenas Flourish, depois das polémicas declarações de J. K. Rowling sobre pessoas transgénero) permitiu a uma nova geração de tatuadores estabelecer-se. Chegaram a ser 12 os artistas a partilhar o mesmo espaço seguro. Hoje, encerrado esse capítulo e inaugurado um novo, Margarida Conceição olha para trás e não vê apenas uma evolução enquanto autora – vê uma missão cumprida com a comunidade de tatuadores de Lisboa.

“Havia muita gente na minha situação. O lugar que nos estavam a dar no mundo das tatuagens não era o que queríamos. Então, arriscámos e criámos o nosso próprio mundo, feito de artistas queer e não brancos, para quem estava a começar.” O projecto começou a pesar-lhe sobre os ombros. O Flourish fechou portas em Setembro do ano passado. No mês seguinte, abria o Piri Piri Estúdio, uma casa de escala mais modesta, habitada por um pequeno colectivo de criativos, e onde Margarida recuperou uma velha paixão: a pintura.

“Comecei a fazer este exercício de trazer a tatuagem para a pintura e vice-versa. Consegui crescer enquanto artista plástica e perceber que as coisas não estão separadas.” Redescobrir-se enquanto artista para além da pele e da agulha (mas também no pincel e na tela) fê-la ganhar confiança e liberdade, algo que hoje se reflecte numa maior facilidade de tatuar à mão livre. A cor, essa, continua a ser uma imagem de marca, sobretudo o azul com que agora pinta a mais recente obsessão: ondas de inspiração oriental que ganham movimento em diferentes parte do corpo.

As flores e as silhuetas femininas continuam a fazer parte deste um léxico muito próprio, repleto de influências chinesas, cultura que também lhe corre nas veias e que pode ir das tradicionais lanternas à rice cooker que tem na perna. Uma arte sem fronteiras, à semelhança da carreira de Daisy. Nos próximos meses, vai passar por Madrid e pelo Reino Unido. Berlim e Amsterdão vêm logo a seguir.

Felipe, o antigo

Há uma curiosa semelhança entre os desenhos de Felipe Hort e os tectos trabalhados do estúdio onde trabalha, em pleno Saldanha. “Já era o meu universo visual, mesmo antes de tatuar, quando buscava estilos para as minhas próprias tatuagens. Quando comecei, já sabia o que me interessava. E continuo adorando essa estética dos séculos XVI e XVII, de artistas como o Albrecht Dürer ou o Alfred Rethel.” Para trabalhar sobre a pele, Felipe inspirou-se no detalhe destes e outros mestres da pintura.

Mas as referências não ficam por aí. “Esse estilo traz algo um pouco mais obscuro, diferente do que boa parte dos tatuadores acaba explorando. Tem esse caos, as guerras na Europa. E depois todo o imaginário católico, meio que uma briga entre céu e inferno. Essas imagens me despertam curiosidade e interesse.” Nem só de património pictórico é feito este universo – há ornamentos arquitectónicos da Renascença, escritos em latim e figuras escultóricas que parecem querem ganhar tridimensionalidade no corpo. Sempre a preto.

Felipe redefiniu-se profissionalmente há três anos. Foi ainda no Brasil que comprou a primeira máquina, já lá vão mais de dez anos. Faltou-lhe, na altura, a coragem para a pôr a trabalhar, embora as ideias estivessem lá todas. Formou-se em Design Gráfico e acabou por criar uma empresa própria, na área do e-commerce. Veio para Portugal, onde retomou algo que tinha deixado lá atrás. “Me apaixonei pelo craft, poder conversar com o meu cliente, entender o que ele quer e poder traduzir dentro do meu estilo as ideias que me traz. Acho sensacional poder ver que a pessoa está com aquela peça minha andando por aí. É por isso que a tatuagem está sendo um primeiro pé dentro da arte.”

Aos 33 anos – há um a tatuar a tempo inteiro – Felipe tem explorado outros suportes artísticos, nomeadamente a gravura, onde o nível de manualidade escala. Chega a demorar 30 horas a escavar o linóleo para depois imprimir artesanalmente uma edição limitada de peças. Um processo lento e demorado, como o que o trouxe de volta ao caminho da criatividade.

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Francisco, o nostálgico

O vasto universo da arte multimédia levou Francisco Pinto a explorar a mais palpável das técnicas. Afinal, foi durante a produção de um vídeo performático – que começava com a construção de uma máquina de tatuar com peças Lego e culminava no momento em que o próprio autor se tatuava na perna –, que despertou para o potencial criativo de desenhar sobre a pele. As pequenas peças coloridas, essas, não foram só uma matéria-prima inusitada. São até hoje um imaginário. “O lego começou quando era muito pequeno e porque desmontava os brinquedos todos, até lhes tirava os parafusos. Então, os meus pais começaram a dar-me legos, que assim não tinha de estragar nada.”

De uma máquina passou a duas, as únicas com que tatua. Inspiradas pelos engenhos construídos nas prisões – a partir de “lixo”, praticamente – são o principal chamariz para quem chega ao estúdio à procura do rapaz dos legos, um dos muitos criativos que, nos últimos anos, chegou à tatuagem pela via das artes visuais.

Francisco desenha quase de forma compulsiva – não é à toa que tem três álbuns de flashes à disposição. “São mais de mil, às vezes as pessoas até se perdem no meio daquilo”, comenta. São, na maioria, pequenas tatuagens, que levam qualquer um que tenha crescido nos anos 90 numa viagem pela cultura pop da última década do milénio – e também à loucura, na hora de se decidir por uma. São figuras pixelizadas, personagens icónicas de desenhos animados (Navegantes da Lua e Power Rangers incluídos), mascotes de cereais de pequeno-almoço, brinquedos, os universos Stars Wars e Pokémon em peso e claro, bonequinhos Lego à mistura.

Há um mês juntou-se a outros quatro tatuadores para criar um novo estúdio, o Castigo. Fora deste primeiro andar em Arroios, há toda uma agenda internacional que, ainda este ano, o vai levar a tatuar a cidades como Londres, Paris, Berlim e Edimburgo. Por muito que viaje, ainda não encontrou outra máquina assim, onde até os mecanismos dentados são feitos de peças para brincar. Até ver, as agulhas de Francisco são mesmo únicas no mundo.

Miguel, o irrepetível

Mais do que um estúdio de tatuagem, a primeira impressão é de que estamos a entrar numa sala de estar. É a sala de estar de Miguel Rosa, tatuador, músico, crânio da matemática e moço recatado, que sempre preferiu o sossego de uma casa própria à dinâmica de um espaço partilhado. “Gosto muito de poder manter essa privacidade para os meus clientes e de nos podermos sentir em casa quando vêm cá.”

O frente a frente é decisivo quando não existem desenhos pré-feitos e cada tatuagem é única, pensada para quem se senta no sofá. “Desenho a pensar naquela pessoa. É muito importante para mim enquanto tatuador que aquela tatuagem seja única e que não haja ninguém com uma igual.” É sob este princípio que tatua profissionalmente desde 2018. Esse foi, aliás, um ano especialmente refrescante – começou a trabalhar em casa, acabou por abrir um estúdio e ainda formou uma banda.

E tudo porque decidiu deixar para trás a engenharia e entregar-se às artes. O sucesso foi quase instantâneo. “Comecei logo com agulhas finas, não se via ninguém a tatuar assim cá. Já naquela altura me fazia confusão olhar para as tatuagens das pessoas e ver as letras todas coladas. Desenhos que podiam ser mais leves e ter mais definição, todos borrados por causa da linha ser mais grossa. Esse estilo atraiu muita gente e algumas influencers adoraram o meu trabalho. Foi um boom.”

Esteve entre os primeiros a estreitar a linha e assim continuou, adaptando o traço ao tema ou desafio proposto por cada cliente, dos retratos às palavras, das flores aos objectos de linha contínua. “Já faço esse tipo de desenho há alguns anos, um objectivo feito numa única linha. Há muito raciocínio matemático envolvido. É possível fazer tudo, mas é como um problema matemático.” A estética minimalista continua a atrair novos e velhos clientes. Mais importante do que a tatuagem, só mesmo a música. A banda Meses Sóbrio soma e segue – além de compor, Miguel canta, tecla e arranha na guitarra.

Cultura urbana em Lisboa

  • Compras

Quem disse que a ilustração é o parente pobre da arte? Em Lisboa, conseguimos encontrar lojas e galerias que provam o contrário, com o melhor que anda a ser feito nas áreas da ilustração e da serigrafia. Dos jovens artistas que ainda agora começaram a dar os primeiros passos aos nomes sonantes, dos autores portugueses aos génios criativos internacionais, esta arte é para todas as carteiras, dos 10€ aos 100€. Dos pequenos formatos, que ficam bem até na mesa de cabeceira, às ilustrações maiores para decorar a sala ou o quarto. Transforme a casa e dê-lhe mais cor e autor.  

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Da manicure mais discreta aos supra-sumos da nail art, cuidar das unhas é uma preocupação cada vez mais presente no quotidiano – delas, sobretudo, mas também deles, uma vez que os adeptos entre o público masculino crescem a olhos vistos. Em Lisboa, há serviços para todos os gostos: ases do detalhe, capazes de executar a arte final mais elaborada e minuciosa, cuidadores dedicados, dos que não descansam enquanto não o vêm sair de peles cortadas, unhas limadas e cutículas bem oleadas. E para ajudar quem ainda não encontrou a sua alma gémea (no que às lides das unhas diz respeito), sugerimos salões – ou nail bars – entre Lisboa e Cascais que valem uma visita.

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Poucas peças são tão democráticas e transversais a géneros, idades e estilos como um par de ténis. Dão para ir trabalhar, para ir jantar fora, para sair à noite e até para dar nas vistas numa festa (e o melhor de tudo é que servem para palmilhar Lisboa e as suas sete colinas) – e não só para fazer desporto, como noutros tempos. Mas têm de ser especiais e, em Lisboa, há um punhado de lojas que se especializaram na matéria. Dos modelos mais raros das marcas que todos conhecemos a etiquetas que só os entendidos sonham ter, sem esquecer as marcas portuguesas, estas são as melhores lojas para comprar ténis em Lisboa.

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