A Apple TV+ é um serviço de streaming jovem (nasceu no final de 2019) e de catálogo limitado, mas ao contrário do que possa parecer isso não é uma desvantagem. Em época de abundância, os espectadores encontram aqui um porto seguro, que tenta ter uma oferta mais apostada na qualidade do que na quantidade.
★★★☆☆
Não faltam filmes passados no Japão sobre o choque de culturas entre nipónicos e americanos: O Mistério da Casa de Bambu, de Samuel Fuller, Yakuza, de Sydney Pollack, Chuva Negra, de Ridley Scott, ou O Último Samurai, de Edward Zwick. É por aqui que vai a série Tokyo Vice (HBO Max), com a particularidade de se centrar no conflito de culturas jornalísticas. O protagonista, Jake Edelstein (Ansel Elgort), vai trabalhar em Tóquio no maior jornal do Japão (a série baseia-se no livro que escreveu sobre a sua experiência ali), e além de ter muita dificuldade em adaptar-se às rígidas práticas do título, é tratado com distância (e, nalguns casos, hostilidade) por quase toda a gente.
Edelstein toma a iniciativa de começar a investigar duas mortes suspeitas, que o irão conduzir aos Yakuza, os mafiosos japoneses, e encontra um aliado no inspector Katagiri (o grande Ken Watanabe), um polícia que, como ele, não se contenta com as aparências. Michael Mann, também produtor, realiza o primeiro episódio, que incorpora a identidade visual e dramática dos seus melhores filmes, e a série tem uma história magnética, personagens robustas, muita atmosfera, e boa voltagem de tensão e acção. E que actor é Watanabe! Basta ele aparecer para Tokyo Vice ganhar logo em peso e densidade.