★☆☆☆☆
As séries históricas portuguesas melhoraram bastante no aspecto geral, de há décadas para cá. O guarda-roupa já não parece todo alugado no Paiva e os ambientes de época são mais cuidados e verosímeis. Mas continuam a ter um défice de quórum, como se pode constatar em A Rainha e a Bastarda (RTP Play). A corte de D. Dinis são meia-dúzia de pessoas, os exércitos têm um punhado de soldados e as batalhas são travadas por micro-exércitos. A história deveria centrar-se na investigação da misteriosa violação e assassínio de Maria Afonso, filha bastarda mais nova de D. Dinis, no Convento de Odivelas, por um nobre designado pelo monarca, o seu fiel escudeiro Lopo Aires. Mas A Rainha e a Bastarda perde-se num emaranhado de subenredos: a guerra civil que opõe aquele a Afonso, o seu primogénito; as infidelidades do rei; as movimentações da rainha Santa Isabel, que tanto anda a cuidar de leprosos e indigentes como a flagelar-se; o trauma de Lopo Aires por causa do filho que morreu; as andanças de dois monges assassinos saídos não se sabe de onde; as tricas de Vataça, aia da rainha. O enredo “policial” principal perde-se entre toda esta trapalhada. A Rainha e a Bastarda estava a pedir não um argumentista, mas sim um barbeiro, para lhe dar uma valente desbastadela.