É difícil imaginar uma coisa mais dura de fazer do que Prece ao Nascer do Dia, que estreia esta quinta-feira nas salas portuguesas. Filmado numa prisão de Banguecoque e baseado na história verdadeira do boxer toxicodependente Billy Moore, o filme realizado por Jean-Stéphane Sauvaire precisou de um actor principal preparado para ser ferido em combate em nome da arte. Esse actor é Joe Cole, o inglês de 29 anos que ficou conhecido com a personagem de John Shelby na série Peaky Blinders. Como Cole explica à Time Out, não foi preciso pensar duas vezes para alinhar.
Depois de duas temporadas na pele da rainha Isabel II, em The Crown, Claire Foy renunciou ao trono, por assim dizer. A actriz de 34 anos é a primeira a admitir que o papel e a série foram muito importantes para a sua carreira, mas agora prefere olhar para o futuro. E que futuro. Ainda há menos de um mês a vimos fazer de Janet Shearon, a mulher de Neil Armstrong, em O Primeiro Homem na Lua, de Damien Chazelle, e esta semana estreia-se no papel de Lisbeth Salander, em A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, de Fede Álvarez. Falámos sobre o passado, o presente e o que vem aí.
Lisbeth Salander, a personagem principal de A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, persegue homens abusivos. O movimento #MeToo teve algum impacto no filme?
Isso estava tudo a acontecer quando começámos a filmar. A questão é que a Lisbeth não está exactamente preocupada em ajudar as mulheres. Ela só quer fazer os homens pagar. É uma questão de vingança. O que está a acontecer agora, no mundo, é completamente diferente. Mas sei que muitas pessoas vão fazer essa comparação.
Achas que o #MeToo mudou alguma coisa?
Superficialmente, sim. Mas é preciso mudar a maneira como a sociedade vê as mulheres. E será que isso vai ocorrer? As coisas mudaram um bocado, mas estou para ver o que é que acontece a seguir.
És a terceira pessoa que interpreta a Lisbeth. Viste os outros filmes?
Sim, vi os filmes anteriores. A Rooney [Mara] foi incrível no filme que fez e a Noomi [Rapace] foi espantosa nos três.
A Olivia Colman vai substituir-te no papel da rainha em The Crown. O que achas disso?
Falei com a Olivia quando lhe ofereceram o papel e disse que ela tinha de aceitar. É uma actriz extraordinária. Mal posso esperar por ver o que faz.
Vais ter saudades de interpretar a rainha?
Não. Vou ter saudades das pessoas. Adorei esse papel, mas não sou possessiva em relação às personagens. A minha parte da história está contada. Acabou.
Estavas à espera que a série fosse um sucesso desde o início?
Não, de todo. Não fazíamos ideia do que ia acontecer, até por ser na Netflix. A série podia estar simplesmente ali, ser só mais uma e ninguém querer saber. Era arriscado.
Mas acabou por abrir-te algumas portas, ou não?
Sim. A minha carreira agora é completamente diferente, só porque entrei em The Crown. Nunca pensei que isso pudesse acontecer.
E já se fala em O Primeiro Homem na Lua para os Óscares. Prestas atenção a isso?
Nunca tive de prestar. Não sei. É um mundo novo para mim, deixa que te diga. Só sei que o filme é incrível.
O que achaste de o Matt Smith ter sido mais bem pago do que tu em The Crown?
Só soube disso pelas notícias. Foi estranho. E de repente as pessoas estavam a fazer-me perguntas sobre isso. Acho esquisito que as pessoas esperem que tu tenhas todas as respostas – é o mesmo com a história do #MeToo. As pessoas esperam que tenhas uma opinião sucinta e sejas uma autoridade no assunto. E eu não sei o que dizer. Estou a aprender e a saber das coisas ao mesmo tempo que o resto das pessoas. Esta situação com as remunerações, para mim, foi um pouco assustadora, porque não queria mesmo dizer algo errado.