Coelhos sangrentos, ou terror na Páscoa

Os coelhos são adoráveis e escondem ovos coloridos para as crianças encontrarem na Páscoa. Mas não nestes filmes de terror.

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Não há Páscoa sem coelhos, sempre queridos e fofos, habitualmente agarrados a ovos de chocolate. Os miúdos adoram-nos e não por acaso multiplicam-se os filmes animados sobre estes animais tão simpáticos. Mas deixamos um aviso. Dois, na verdade. Primeiro, fique já a saber que aqui não encontra nenhum filme desses, depois todos estes filmes são tão incrivelmente maus como bizarramente divertidos. No fundo, são tão maus que são bons. A surpresa é existirem tantos cineastas que escolheram coelhos, ou alguém vestido de coelho para vilão. Eis oito exemplos para ver na Páscoa. 

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Coelhos sangrentos, ou terror na Páscoa

Night of the Lepus (1972)

A mania do controlo é má conselheira. E foi o que foi para este rancheiro do Arizona que contratou um especialista universitário para controlar a praga de coelhos que lhe devastava as colheitas. No filme de William F. Claxton, com Stuart Whitman, Janet Leigh (pois, essa) e Rory Calhoun, o tal doutor começa a injectar hormonas e a manipular geneticamente os animais e, pronto, a coisa dá para o torto, os bichos ficam gigantes, e é um banho de sangue.

Peter Rottentail (2004)

Os realizadores John Polonia e Mark Polonia procuraram a razão para a violência descabelada e gratuita que injectaram no seu filme em motivo mais psicológico. Como tal, a sua história (co-escrita com John Oak Dalton e interpretada por Brice Kennedy, Dave Fife e John Polonia) anda à volta de um mágico em sarilhos que ainda fica pior depois de tentar usar magia negra e a coisa acabar em tragédia. Recuperado, melhor, regressado das trevas, dá-lhe uma travadinha e decide vingar-se de toda a gente. É outro banho de sangue.

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Easter Bunny! Kill! Kill! (2006)

Chad Ferrin escreveu e realizou um dos mais famosos dos filmes maus, e decerto o queridinho de cinéfilos com instintos desviantes e taras adjacentes, ou especiais fervores anti-pascais. Com Timothy Muskatell, Ricardo Gray e Charlotte Marie (quem?) temos então um maluco de 16 anos (um adolescente perturbado, pronto) que queria que todos os dias fossem Páscoa porque… foi nesse dia que o pai morreu. Estabelecido o tom, vai daí, e depois de a mãe ir dar uma volta com mais um namorado, o rapaz entra numa fúria matadora e com a sua máscara de coelho atira-se e trucida quem lhe aparece à frente. Isto é mais um banho de sangue.

Kottentail (2007)

É o que dá o amor aos bichos. Senão vejamos: um par de libertadores de animais resgata um coelho de um laboratório e liberta-o na natureza sem saber a que experiência foi sujeito. Como era de esperar, Tony Urban, o realizador e argumentista, não perde muito tempo a pôr o coelhito a mostrar a sua raça e atacar mesmo à má fila um lavrador. Hans Kottentail (Nathan Faudree) sobrevive, mas algo em si está a transformá-lo num coelho sedento de vingança que vai até à cidade e inicia, claro, um banho de sangue. Qualquer comparação com A Mosca não é pura coincidência.

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Easter Bunny Bloodbath (2010)

Décadas atrás, a irmã de Peter McKay (Shayan Bayat) foi decapitada por um lunático vestido de coelho de Páscoa. Naturalmente o rapaz evitou o mais possível a festividade, mas o tempo amoleceu a memória e, agora, no filme de Richard Mogg, para gozar as férias da Páscoa lá vai ele com os amigos passar uns dias numa cabana obviamente isolada e sem comunicações algures no meio de bosque. Sexo, drogas e rock’n’roll é o objectivo, mas no meio da floresta umas criaturas peludas e amorosas congeminam (o que havia de ser) um banho de sangue. 

Easter Casket (2013)

Dustin Mills escolheu um diferente caminho cinematográfico e narrativo, que, se não faz o filme melhor que os outros, sempre o torna menos previsível, com a vantagem da premissa do enredo ser de origem exclusivamente pascal. Acontece que a igreja católica local resolveu cortar com todos os rituais não directamente relacionados com a ressurreição de Cristo. O que deixa Peter Cottontail (também conhecido por Coelho de Páscoa) pior que uma barata, quer dizer, um coelho enraivecido pronto para a matança antes do padre Asher impedir o obrigatório banho de sangue.

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The Bunnyman Massacre (2014)

Embora uma sequela de Bunnyman, um filme de 2009, The Bunnyman Massacre, de Carl Lindbergh, é muito mais interessante e praticamente porno-terror. O que não quer dizer melhor ou mais bem interpretado, pois David Scott, Joshua Lang e Julianne Dowler são um autêntico desastre. Aí está o factor de atracção. Como toda a gente pára e empata o trânsito para ver um desastre, aqui fica-se até ao fim pela mesma razão: voyeurismo. Pois a incoerência da realização e o destempero de um argumento em que Bunnyman, sem aparente razão, mas na verdade para fornecer matéria-prima a um fabricante e vendedor de carne seca, começa a matar indiscriminadamente provocando mais um banho de sangue cinematográfico.

Holidays (2016)

Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia dos Namorados, Ano Novo, Dia de São Patrício, Halloween, Natal e, claro, Páscoa. Neste filme de antologia, algumas das festividades mais populares do mundo Ocidental são revistadas em modo terror, divididas em vários segmentos. Não é das coisinhas piores desta lista e no segmento Páscoa, realizado por Nicholas McCarthy (Catch .44), o monstro/coelho é interpretado por Mark Steger, coreógrafo de movimentos em produções como Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie (2015) e American Horror Story (2013) e que curiosamente veste a pele do Demogorgon na primeira temporada de Stranger Things.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

Desejamos-lhe uma Páscoa cheia de filmes

  • Filmes

Há muitas maneiras de filmar a Páscoa. A principal, a praticada pela maioria dos cineastas, é seguir o roteiro imposto pelo Novo Testamento e filmar o caminho de Jesus até à cruz – o que muda, aqui, é apenas quando começa a história, se quando o menino nasce, se na sua vida adulta, ou mesmo antes de Cristo. E se a maioria é basicamente conservadora e respeitadora do cânone, também há excepções entre estes dez filmes, que vão de O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille ao mais recente Maria Madalena, realizado por Garth Davis em 2018.

  • Filmes
A Páscoa em dez filmes nada bíblicos
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Cinema bíblico é o que mais há na televisão (e não só) quando chegam as férias da Páscoa. Porém, nesta altura do ano, também há alguns filmes que estão longe da Bíblia. Não são muitos, mas que os há, há. Alguns aproveitam-se da época e usam as reuniões familiares apenas como um pretexto para contar as suas histórias. Outros fazem correr sangue que não o de Cristo durante esta quadra. E ainda há uns quantos que pura e simplesmente ajavardam a coisa. Para saber como, é ver estes dez filmes pascais pouco ou nada bíblicos.

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