Jesus Christ Superstar (1973)
Photograph: Courtesy Universal PicturesJesus Cristo Superstar, de 1973
Photograph: Courtesy Universal Pictures

Páscoa, ou a paixão de Cristo em 11 filmes

O que não falta são filmes sobre a Páscoa. Não sobre a festa propriamente dita, mas sobre o caminho de Jesus até à cruz.

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Há muitas maneiras de filmar a Páscoa. A principal, a praticada pela maioria dos cineastas, é seguir o roteiro imposto pelo Novo Testamento e filmar o caminho de Jesus até à cruz – o que muda, aqui, é apenas quando começa a história, se quando o menino nasce, se na sua vida adulta, ou mesmo antes de Cristo. E se a maioria é basicamente conservadora e respeitadora do cânone, também há excepções entre estes onze filmes, que vão de O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille ao mais recente Maria Madalena, realizado por Garth Davis em 2018.

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Páscoa, ou a paixão de Cristo em 11 filmes

O Rei dos Reis (1927)

O segundo filme da trilogia bíblica de Cecil B. DeMille é um clássico do cinema mudo. O Rei dos Reis conta a história de Jesus (H. B. Warner) nas semanas antes da sua crucificação e posterior ascensão, recriado pelo caminho momentos icónicos do Novo Testamento como a ressurreição de Lázaro ou a Última Ceia. Curiosidade: Ayn Rand, na altura uma jovenzinha praticamente acabada de chegar aos Estados Unidos, foi uma das figurantes do filme.

A Túnica (1953)

É o que dá apostar. Por exemplo, o tribuno romano Marcellus Gallio (Richard Burton, que foi nomeado para o Óscar), um dos soldados que conduziram a crucificação, ganhou à jogatina o manto que envolvia Jesus e desde então vive atormentado por pesadelos. Vai daí, neste filme respeitoso de Henry Koster (em que também participam Jean Simmons e Victor Mature), regressa à Palestina para aprender e tentar compreender tudo sobre o homem que conduziu à morte.

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Barrabás (1961)

Abordagem diferente foi a do realizador Richard Fleischer, que escolheu contar a história de Barrabás, o criminoso indultado por Pôncio Pilatos, que, como se sabe, queria o auto-proclamado filho de Deus na cruz por motivos mais políticos do que religiosos. Barrabás (Anthony Quinn) viu-se livre da morte, é certo, mas o resto da sua vida torna-se um martírio permanentemente ensombrado pela imagem do crucificado que o substituiu.

O Rei dos Reis (1961)

Este épico bíblico acompanha e conta a história de Jesus (interpretado por Jeffrey Hunter), desde o seu nascimento até à sua ressurreição. E foi produzido por Samuel Bronston e dirigido por Nicholas Ray, a partir de um argumento de Philip Yordan inspirado nos quatro evangelhos canónicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) e nos escritos de Tácito. Com narração de Orson Welles, a partir de um texto de Ray Bradbury, que não foi creditado.

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O Evangelho Segundo São Mateus (1964)

Como seria de esperar, não só são estranhos os caminhos do Senhor, como peculiar é esta abordagem de Pier Paolo Pasolini (que chegou a declarar-se simultaneamente comunista e católico) à vida de Cristo. Para contar a sua versão da história o realizador italiano agarrou-se ao Evangelho segundo São Mateus, ou melhor, à parte dele que mais convinha à narrativa que imaginou, e mostra Jesus como uma espécie de marxista primitivo lutando simbolicamente pelos direitos dos pobres.

A Maior História de Todos os Tempos (1965)

Muito respeitador das regras cinematográficas e das imposições dos financiadores, George Stevens não se meteu em ousadias, releituras, ou fosse o que fosse capaz de pôr em causa o objectivo do filme: espalhar a palavra de Jesus. No entanto, este respeitinho, mais o talento do realizador e a sua especial queda para dirigir actores, permitiram a Max von Sydow, no papel protagonista, a Charlton Heston (João Baptista), Telly Savalas (Pilatos), e também a Claude Rains (Rei Herodes) e Donald Pleasence (Diabo) grandes interpretações que são, aliás, a mais valia cinematográfica da película.

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Jesus Cristo Superstar (1973)

Como não há clássico em que Andrew Lloyd Webber e Tim Rice não tenham metido a colher e transformado em teatro musical e contas bancárias muito, mas muito multimilionárias, é perfeitamente compreensível que uma das suas primeiras “ousadias” tenha sido a versão musical dos últimos seis dias de Jesus, contadas na perspectiva do traidor, Judas Iscariote. Primeiro como álbum conceptual, logo a seguir como peça em cena na Broadway durante mais de uma década, os compositores entregaram a versão cinematográfica de Jesus Cristo Superstar a Norman Jewison, os principais papéis a Ted Neeley e Carl Anderson, e, no processo, provocaram um pequeno escândalo entre os cristãos mais fundamentalistas e incentivaram os mais progressistas a introduzir a música pop-rock nas missas como forma de atrair a juventude.

A Última Tentação de Cristo (1988)

Por falar em provocação, Martin Scorsese, então já um realizador com o seu peso, aproveitou a iniciada com a publicação do romance de Nikos Kazantzakis, contou com as interpretações exemplares de Willem Dafoe, Harvey Keitel e Barbara Hershey, e apresentou a vida de Jesus Cristo como uma vívida jornada de um homem através da vida lutando em permanência contra as tentações terrenas. Enfim, um homem com um dom, decerto, mas principalmente um homem capaz de pecar, mas, também, como foi o caso, capaz do sacrifício por um ideal. Blasfemo foi provavelmente o menos insultuoso que chamaram ao realizador de Taxi Driver.

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A Paixão de Cristo (2004)

Representando apenas as últimas 12 horas de vida de Cristo (aqui soberbamente interpretado por Jim Caviezel), Mel Gibson dirigiu um filme carregado de controvérsia, repleto de sangue, suor e lágrimas. Todavia, também, um retrato realista do sofrimento e um estrondoso êxito comercial, apesar de falado exclusivamente em aramaico e latim e da sua extrema violência física e psicológica. Adoptado como uma espécie de manual pascal para devotos pela comunidade cristã norte-americana, A Paixão de Cristo, senão ultrapassou, está à beira de ultrapassar Os Dez Mandamentos como o filme bíblico mais visto de sempre.

O Filho de Deus (2014)

Diogo Morgado ficou conhecido como 'hot Jesus', após Oprah Winfrey lhe ter dado a alcunha durante o seu famoso programa The Oprah Winfrey Show. MAs voltemos ao filme: O Filho de Deus acompanha a história de Jesus Cristo desde o nascimento até à ressurreição, numa adaptação da série A Bíblia, emitida pelo canal História. E não se portou nada mal nas bilheteiras.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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Maria Madalena (2018)

Falamos menos de Jesus Cristo, neste filme de Garth Davis, e mais do trajecto de uma das figuras mais enigmáticas e incompreendidas da história bíblica: Maria Madalena. Rooney Mara interpreta a jovem pescadora que contraria todas as normas e pressões para se juntar ao pregador de Nazaré (Joaquin Phoenix) na sua incansável missão de propagar a fé.

Desejamos-lhe uma Páscoa cheia de filmes

  • Filmes
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Cinema bíblico é o que mais há na televisão (e não só) quando chegam as férias da Páscoa. Porém, nesta altura do ano, também há alguns filmes que estão longe da Bíblia. Não são muitos, mas que os há, há. Alguns aproveitam-se da época e usam as reuniões familiares apenas como um pretexto para contar as suas histórias. Outros fazem correr sangue que não o de Cristo durante esta quadra. E ainda há uns quantos que pura e simplesmente ajavardam a coisa. Para saber como, é ver estes dez filmes pascais pouco ou nada bíblicos.

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Não há Páscoa sem coelhos, habitualmente agarrados a ovos de chocolate. Os miúdos adoram-nos e não por acaso multiplicam-se os filmes animados sobre estes animais tão simpáticos. Mas deixamos um aviso, dois na verdade. Primeiro, fique já a saber que aqui não encontra nenhum filme desses, depois todos estes filmes são tão incrivelmente maus, como bizarramente divertidos. No fundo, são tão maus que são bons. A surpresa é existirem tantos cineastas que escolheram coelhos, ou alguém vestido de coelho para vilão. Eis sete exemplos para ver na Páscoa. Venham vê-los à solta e maldispostos.

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