1.
Qual é a sua história deste Variações, um projecto que vem de muito longe?
Eu concorri a um apoio à escrita em 2003, mas comecei a recolher material em 2001, 2002. Quando era adolescente, vinha muito a Lisboa ver concertos das bandas que apareceram nos anos 80. Conhecia mais ou menos o repertório do António Variações, mas houve canções que ou não tinha ouvido devidamente na altura, ou me tinham passado ao lado. Ele tinha um repertório de observação dos portugueses, de homem que viveu fora do país. E depois, tinha canções íntimas sobre dúvidas de ser artista, sobre a existência dele. Curiosamente, quase não tem canções de amor. Tem uma que dedica à mãe, outra à Amália, e depois não há mais. Ora esse é o repertório típico de quem faz canções pop. E fui ver porquê. O António tinha dificuldade no amor. O amor era uma caixinha que ele estava sempre a abrir aos bocadinhos, e talvez só mais perto do final da vida é que tenha reflectido sobre isso.