Bram Stoker's Dracula, Best Costume Design, 1993

Especial Halloween: Drácula, o mito aos 120 anos

Foi criado há 120 anos e tornou-se o conde reinante entre a vampiragem; mais, o senhor dos vilões; pior, o paradigma do Mal. No cinema, 'Drácula', de Bram Stoker, é uma inspiração e fonte de muitas interpretações. Mas só alguns filmes e actores se safaram

Publicidade

A primeira vez foi Nosferatu. E depois foi um corrupio que, com todas as suas variações e declinações, tornou o romance na franchise informal mais bem sucedida de sempre. Oportunidade para actores, alguns que quase se confundiram com a personagem, embora a maioria não tenha deixado rasto. Mas estes 10 Dráculas não se esquecem. Já andava em busca de inspiração para o Halloween? 

Especial Halloween: Drácula, o mito aos 120 anos

Max Schreck

Nosferatu (1922) pode não ter sido a primeira adaptação do romance ao cinema. Tudo indica que dois anos antes um realizador soviético dirigiu um filme mudo inspirado na obra de Bram Stoker. No entanto, alguma coisa aconteceu e nenhuma informação factual sobrou deste filme, assim como da produção húngara supostamente realizada um ano depois, pelo que, tenham ou não existido, a película de F.W. Murnau é o primeiro testemunho verificável de uma adaptação cinematográfica. E, como o realizador não quis pagar direitos autorais nem abdicar da história, limitando-se a mudar os nomes das personagens, também é um dos primeiros casos de plágio julgados por um tribunal alemão. A sentença foi dura: destruir todas as cópias existentes. O que felizmente não aconteceu, pois alguém teve o bom senso de guardar algumas, no processo conservando uma das grandes obras do cinema. Ao mesmo tempo, guardando a melhor interpretação de Max Schreck (Conde Orlock), cuja característica animalesca e repelente raras vezes foi repetida, e no futuro quase imediato substituída por uma visão mais sedutora e sexualizada do descendente de Vlad, o Empalador.

Bela Lugosi

Menos de uma década depois, em Drácula (1931), de Tod Browning, Bela Lugosi tornou-se um ícone do cinema de terror com a sua interpretação do nobre transilvano em turismo vampírico por Inglaterra. A sua contratação pela Universal, depois de ter interpretado o mesmo papel na Broadway, é a mais valia da obra, pois a sua representação como que ilumina e dá ritmo a um filme claustrofóbico, emparedado entre um orçamento minúsculo e a má vontade dos censores, que impuseram o corte das cenas mais “sórdidas” e “eróticas”.

Publicidade

Gloria Holden

Gloria Holden, a única mulher neste panteão de intérpretes de Drácula, beneficiou de A Filha de Drácula (1936) ser uma das melhores variações sobre o mito. Foi o realizador, Lambert Hillyer, quem fez questão de lhe dar o papel protagonista, em grande parte graças ao ar, digamos, exótico da actriz, que lhe dava o tipo vampiresco ideal à filha de um vilão de renome. No filme, por momentos, a Condessa Zaleska tenta rejeitar o seu vampirismo (que aqui é usado como uma metáfora de lesbianismo), mas de pronto a necessidade de sangue humano a faz voltar à acção, isto é, ao combate com Van Helsing (outra vez, como na obra de Browning, interpretado por Edward Van Sloan).

Lon Chaney Jr.

Em O Filho de Drácula (1943), um filme não muito brilhante de Robert Siodmak, Lon Chaney Jr. é um Drácula, melhor, um Conde Alucard, conforme as regras: engata umas raparigas, torna-as em vampiros e, assim, dentada a dentada, cria uma, digamos, base de apoio e de cumplicidade para levar a sua avante. O filme está longe de merecer ficar na História do Cinema, mas a interpretação de Chaney dá à personagem uma energia e uma graça dificilmente repetida no futuro.

Publicidade

John Carradine

John Carradine (ou o Carradine que sabia realmente representar), um dos mais seguros e versáteis actores da época, interpreta em O Castelo de Drácula (1945), de Erle C. Kenton, o segundo (depois de participar em A Casa de Frankenstein, uma tentativa mal sucedida dos Estúdios Universal de misturar monstros) dos seus cinco filmes de capa sobre as costas e caninos afiados em busca de delicados pescoços, o que faz dele, juntamente com Bela Lugosi e Christopher Lee, com certeza um dos Drácula mais facilmente reconhecíveis. Aqui, como em outros filmes desta série da produtora norte-americana, Carradine surge rodeado por outros astros do cinema de terror (Boris Karloff, Lon Chaney, Jr.), mas ainda assim é a sua olímpica placidez escondendo a sua imensa maldade o que sobressai da película.

Christopher Lee

O Horror de Drácula (1958), de Terence Fisher, uma criação da produtora britânica Hammer (que se tornaria praticamente sinónimo de cinema de terror durante a década seguinte), revitalizou o subgénero gótico. Em grande parte graças a Christopher Lee, na primeira das suas oito interpretações da personagem, ao seu olhar penetrante (que também servia para compensar o parco diálogo) e à sua pose aristocrática e simultaneamente ameaçadora e sensual.

Publicidade

William Marshall

Blacula (1972), de William Crain, não se pode dizer que seja Drácula no seu melhor, e, visto hoje, é mais um filme cómico do que uma película de horror, com o seu argumento baseado na ideia de um príncipe africano vampiro que, em Los Angeles, sai do caixão e começa espalhando o terror ao mesmo tempo que fica obcecado por uma mulher que julga a reencarnação da sua esposa. Parte do que se chamou “blaxploitation”, Blacula cedo no argumento se dedica a uma espécie de absurdo “camp”, ao qual William Marshall se entrega com garra e dignidade, de certo modo, com a sua representação, dignificando um pouco a película.

Klaus Kinski

E entra Klaus Kinski, como é quase inevitável pela mão de Werner Herzog, que dirigiu o actor em Nosferatu – O Vampiro da Noite (1979), assumida versão do clássico de Murnau. Como de costume na sua relação cinematográfica, durante a rodagem, Herzog e Kinski pegaram-se e despegaram-se, amaram-se e odiaram-se, e, também como de costume, acabaram fazendo um filme único, onde o actor alemão interpreta o seu Drácula muito mais como um assassino serial do que um cavalheiro da nobreza com inclinação por pescoços virgens.

Publicidade

Gary Oldman

Drácula de Bram Stoker (1992), de Francis Ford Coppola, é, sem dúvida, com o Nosferatu original, o melhor de todos os filmes sobre o maior vampiro da ficção. O realizador parte dos factos históricos conhecidos sobre Vlad, o Empalador, para, sobre a batalha de vontades entre Van Helsing (Anthony Hopkins) e o vampiro, criar um sub-enredo carregado de romantismo completamente fiel ao original. Gary Oldman interpreta o papel como um homem movido pela raiva e pelo desejo de vingança, acrescentando substância psicológica e maldade em estado puro à personagem.

Leslie Nielsen

Se Blacula é uma paródia involuntária, o filme de Mel Brooks com Leslie Nielsen, Drácula: Morto Mas Contente! (1995), é a farsa que desconstrói o mito. Verdade, verdadinha, a película vale mais pela interpretação desembaraçada e patusca de Nielsen do que pela direcção errante de Brooks (talvez demasiado confiante depois do êxito de Frankenstein Júnior, uns 20 anos antes). Mas não há dúvida que o realizador se esforçou por desmanchar a versão corrente da lenda, e menos dúvida ainda em ter encontrado no protagonista de O Aeroplano e da série Aonde É Que Pára a Polícia intérprete à altura de um Drácula desconcertante.

Tenha medo, muito medo

  • Filmes
  • Terror

Quem diz Halloween diz cinema de terror, e quem diz cinema de terror diz John Carpenter, Tobe Hooper e Dario Argento, entre outros mestres do género. Claro que é possível fazer uma lista alusiva à época mais abrangente, até com filmes para toda a família, mas não é isso que aqui se quer. Estes são os melhores filmes para se arrepiar e tapar os olhos de medo no dia das bruxas.

  • Filmes
Os dez filmes da série "Halloween" revisitados
Os dez filmes da série "Halloween" revisitados

Quando em 1978 rodou Halloween – O Regresso do Mal e revolucionou o cinema de terror, John Carpenter decerto não pensaria que Michael Myers, o assassino sobrenatural que é o fio condutor dos Halloween, se tornaria numa das grandes figuras mostruosas do género. Nenhum dos filmes que se seguiram ao original conseguiram estar à sua altura, mas houve alguns melhores que outros, como se pode constatar nesta revisitação de todos esses títulos.

Publicidade
  • Filmes

Escolher os melhores filmes de terror de todos os tempos é assustador, a todos os níveis. Sobretudo tendo em conta a atenção e adulação crítica que o género tem recebido em anos recentes. Ainda assim, quando chegou a altura de eleger os filmes mais assustadores de sempre, além dos críticos da Time Out, consultámos alguns especialistas e amantes do género. O resultado é uma lista variada e que inclui, inevitavelmente, algumas escolhas polémicas.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade