Festival PLAY: estes filmes não são para meninos

Para dar início à 10.ª edição, o festival Play decidiu destacar o cinema nacional, com a exibição de Águas do Pastaza, que estreou em 2022 na secção Generation do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Realizado por Inês Alves, o documentário leva-nos até ao centro de uma floresta profunda. Ao longo do rio Pastaza, na fronteira entre o Equador e o Peru, um grupo de crianças indígenas Achuar não só caça, pesca e cozinha, como se balança em cipós ou brinca ao pião nos painéis solares da sua aldeia. Se não o conseguir ver na primeira sessão (25 Fev, Qua 17.30), há uma segunda (5 de Março, Dom 15.00), que contará com a presença da realizadora.

O público que tem seguido o Play desde o início está cada vez mais velho e, para o acompanhar sem dores de crescimento, criou-se uma secção para maiores de 13 anos, que dá espaço à exibição de filmes com temas mais adequados a essa faixa etária (cheia de desafios). Entre os títulos seleccionados, encontra-se Shabu, realizado por Shamira Raphaëla: um filme que testa as fronteiras entre a realidade e a ficção ao acompanhar as aventuras e desventuras de um jovem de 14 anos que toca bateria, canta e dança onde quer que vá, mas cuja família quer que cresça à força e pare de sonhar acordado.

Este ano, o ciclo de Cine-poesia (que se estreou em 2022 com uma homenagem a Manuel António Pina) presta tributo à poeta brasileira Cecília Meireles (1901-1964), que foi criada pela avó materna, emigrante portuguesa dos Açores, e se estreou na literatura com apenas 18 anos. Considerada uma das grandes poetas da língua portuguesa e do Brasil, os seus poemas vão ser desvendados em cada uma das sessões programadas.

O habitual – e muito acarinhado – cineconcerto está de volta à Sala Manoel de Oliveira. Desta vez, o palco será de The Legendary Tigerman, que irá interpretar musicalmente As Comédias de Alice, uma série de quatro filmes a preto e branco criados por Walt Disney na década de 1920. Recentemente restaurados, seguem a estrondosa Alice, uma pequena heroína de carne e osso, que se move num universo de desenhos animados.

Nesta edição, a agenda de actividades paralelas volta a encher-nos o olho (e a dar-nos muito que fazer). Nos dias 25 e 26 de Fevereiro, as Bibliotecas de Lisboa marcam presença no festival com a Hora do Conto, às 10.30 e às 11.45. Nas mesmas datas – e também em Março, nos dias 5 e 6 –, a livraria Tigre de Papel convida pais e filhos a descobrirem histórias em papel e até a doar livros que, porventura, tenham adormecidos lá em casa e estejam a precisar de novos donos. E não, não se preocupe, que também não vão faltar ateliês Play. Serão sete ao todo, e o mais popular, de Dobragens, está marcado para 4 de Março. A orientar estará Leonor Cabral, que vai ensinar os mais novos a pegar na sua voz e a transportá-la para dentro de um filme. 1, 2, 3… Acção!

Um concurso de ideias e dois dias de conferências entre criadores. É assim que se apresenta o novo Laboratório de Cinema Infantil do Festival Play, que pretende promover a produção de filmes em português para crianças dos 3 aos 11 anos. Entre dez ideias pré-seleccionadas, apresentadas numa sessão de pitching aberta ao público (4 Mar, 11.00), a vencedora receberá um prémio de 2500€, para concretizar o seu projecto, que deverá ter início nos 12 meses subsequentes à disponibilização dos fundos.