The Nightmare Before Christmas
Photograph: Courtesy The Nightmare Before ChristmasO Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas)
Photograph: Courtesy The Nightmare Before Christmas

Doze filmes de Natal alternativos

Os filmes de Natal não têm de ser sempre os mesmos. Sugerimos uma dúzia de filmes de Natal alternativos para os dias vindouros.

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Há filmes de Natal, filmes para o Natal, filmes com o Natal por fundo. Nesta altura do ano, os mais populares estão alinhados para as programações televisivas. Mas as alternativas também são muitas. E algumas até acrescentam um bocadinho de consciência, para compensar consumismo e comezaina. Desde esse clássico absoluto que é O Apartamento (1960), de Billy Wilder, ao filme neo-noir natalício Kiss Kiss Bang Bang, escrito e realizado por Shane Black em 2005, e Um Conto de Natal disfuncional de Arnaud Desplechin, estreado em 2008, há óptimos filmes de Natal alternativos.

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Uma dúzia de filmes de Natal alternativos

'O Apartamento' (Billy Wilder, 1960)

Esta comédia de Natal negra, cínica e amoral realizada pelo grande Billy Wilder, a partir de um argumento de I.A.L. Diamond, arrebatou o Óscar de Melhor Filme, e mais quatro estatuetas, em 1961. Jack Lemmon interpreta um empregado de uma grande seguradora que empresta o apartamento aos seus superiores para eles estarem com as amantes. Até que uma das raparigas tenta suicidar-se lá no Natal. E é precisamente a colega por quem ele está apaixonado.

'Feliz Natal, Mr. Lawrence' (Nagisa Oshima, 1983)

David Bowie e Ryuichi Sakamoto, tutelados pela representação de Tom Conti, encontram-se num campo de concentração japonês durante a II Guerra Mundial, nesta película de Nagisa Oshima. Estão em lados opostos da barricada, situação que o realizador utiliza como símbolo da relação de atracção e repulsa entre os dois músicos feitos actores, mas também como exemplo da complexidade da interacção entre seres humanos colocados em circunstâncias excepcionais. Almas mais sensíveis ao espírito da quadra talvez devam ficar-se pela banda sonora de Sakamoto.

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'Os Ricos e os Pobres' (John Landis, 1983)

A relação amor-ódio da América com o capitalismo raras vezes foi melhor e mais estranhamente explorada do que neste sádico conto de fadas de John Landis, em que dois homens de negócios decidem substituir um dos seus melhores empregados, o elitista educado em Harvard interpretado por Dan Aykroyd, pelo vagabundo espertalhaço criado para Eddie Murphy. A imagem de Aykroyd, bêbado e suicidário vestido de Pai Natal na véspera das festividades, diz mais sobre as realidades (e as brutalidades) de Wall Street do que uma dúzia de quedas bolsistas – e ainda mostra como quando os dois adversários se juntam contra a manipulação dos seus antigos empregadores o espectador só pode escolher um dos lados.

'Gremlins' (Joe Dante, 1984)

O realizador Joe Dante, com argumento de Chris Columbus, meteu um pauzinho na engrenagem do modelo corrente de filme natalício (começando por estrear no Verão uma película com acção passada no Natal) e criou esta comédia destravada. Como toda a gente sabe a acção, quase sempre frenética, é criada por um grupo de monstrinhos verdes com grande inclinação para a destruição quando têm acesso a água e comida depois da meia-noite. Acesso concedido por um rapaz agradecido e de bom coração, que não esperava tão bizarro presente nem tamanha anarquia, mas que finalmente aprendeu a sua lição corrigindo o mal que gerou – felizmente só depois dos monstrenguinhos partirem a loiça toda, que é a grande graça da história.

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'Cobra' (George P. Cosmatos, 1986)

Da próxima vez que algum espertalhão lhe disser que o Assalto ao Arranha-Céus é o melhor filme de Natal, responda assim: “É porreiro, mas prefiro o Cobra.” E já ganhou. Tal como o clássico protagonizado por Bruce Willis, este violento filme de acção realizado por George P. Cosmatos, a partir de um argumento do protagonista Sylvester Stallone, também se passa durante o Natal. E os assassinos que nesta fita matam toda a gente que lhes aparece à frente à machadada são bem mais assustadores do que qualquer bando de pseudo-terroristas alemães.

'Assalto ao Arranha-Céus' (John McTiernan, 1988)

Apesar do parágrafo anterior, Assalto ao Arranha-Céus não deixa de ser clássico de Natal alternativo. E não só é passado no Natal como está cheiinho do espírito da época através da altruísta batalha de um homem só (Bruce Willis, a tentar reconquistar o amor da esposa, interpretada por Bonnie Bedelia, e de preferência safar o coiro) contra a quadrilha comandada pelo terrível mau da fita (Alan Rickman). É claro que a principal atracção do filme de John McTiernan são as cenas de acção e a maneira como o herói – pouco mais do que MacGyver apanhado desprevenido – se sai delas.

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'O Estranho Mundo de Jack' (Henry Selick, 1993)

O realizador é Henry Selick, mas tudo por detrás deste bizarro encantamento natalício tem escrito Tim Burton: o poema original, o universo “subterrâneo”, a fascinação pela luz, a técnica de animação, e a produção, que garante o controlo de tudo. E tudo é muito, nesta fábula musical e encantadoramente alucinada, onde o aborrecimento e um acidente levam Jack Skellington, da sua original Cidade do Halloween, até à Cidade do Natal. Tão encantado fica, tão obcecado, mesmo, perante a luz e a cor e a alegria e os presentes, que decide usurpar a festa e introduzi-la na sua cinzenta cidade. Infelizmente, Jack não compreendeu bem o conceito de Natal. Porém, a coisa compõe-se.

'Elf – O Falso Duende' (Jon Favreau, 2003)

Nas personagens de Will Ferrell existe sempre uma mistura entre vulgaridade (facção bronca), realidade, ingenuidade e (com dificuldade se afirma) ternura, que torna difícil levá-lo a sério. Ora, desta vez, quem duvidava deixou de duvidar pois o actor abandona, ou usa exemplarmente a favor da interpretação, os seus tiques habituais e, mais do que tudo, o ar geralmente boçal. Nesta farsa bem intencionada de Jon Favreau, Ferrell é um dos elfos do Pai Natal. Um particularmente optimista que, carregadinho de espírito natalício e distribuindo boa vontade, parte numa jornada em busca do seu pai biológico espalhando amor terra afora.

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'Bad Santa – O Anti-Pai Natal' (Terry Zwigoff, 2003)

Esperar de Billy Bob Thornton um Pai Natal de centro comercial bem-comportado e conformado com o desfile de criancinhas e seus desejos irrealistas, enfim, não cabe na cabeça de ninguém. O que foi provavelmente a principal razão para Terry Zwigoff lhe dar o papel de Willie Stokes, um bandideco de meia tijela, com um golpe engatilhado, e para mais egoísta, bêbado, asneirento… Enfim, é só acrescentar adjectivos relacionados com mau carácter. O realizador não tem qualquer intenção de se encontrar com o espírito do Natal. Dirige uma farsa, e uma farsa sem papas na língua, isto é, um constante e saudável desrespeito pelas convenções.

'Kiss Kiss Bang Bang' (Shane Black, 2005)

Shane Black gosta de introduzir o Natal nas suas histórias por tudo e por nada. E neste Kiss Kiss Bang Bang criou na soalheira Los Angeles decerto o seu mais natalício filme. Em cena nesta comédia negra está o ladrãozeco Harry (Robert Downey Jr.), que, para se safar de um sarilho, se faz passar por actor. No processo lá tem de alinhar com o investigador gay Perry van Shrike (Val Kilmer), e ambos, depois de muita peripécia e ainda mais cómicas contrariedades, acabam por resolver um homicídio misterioso.

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'Um Conto de Natal' (Arnaud Desplechin, 2008)

Ora aqui está o clássico filme em que argumentista e realizador aproveitam a reunião de uma família para mostrar todas as disfuncionalidades que se escondem por debaixo da hipocrisia das festas obrigatórias. Arnaud Desplechin, seguindo o modelo americano deste subgénero, apesar da falta de originalidade do tema, conseguiu ainda assim apresentar uma obra onde equilibra profundidade de observação numa farsa jovial. Aqui, a acção é desencadeada pelo diagnóstico de leucemia à matriarca da família (Catherine Deneuve) e pela chegada da ovelha tresmalhada (Mathieu Amalric), ausente há anos. Mas é no desenvolvimento do entrecho (e na colaboração inspirada de Jean-Paul Roussillon, Anne Consigny, Melvil Poupaud e Chiara Mastroianni) que está a graça e a habilidade de Desplechin.

'Tangerine' (Sean Baker, 2015)

Filmado integralmente com iPhones pelo realizador Sean Baker, Tangerine acompanha duas trabalhadoras sexuais transgénero, Alexandra e Sin-Dee Rella, durante o dia 24 de Dezembro. Acabada de sair da prisão, Sin-Dee descobre namorado e chulo anda a traí-la com uma mulher cisgénero (cuja identidade de género corresponde ao sexo e ao género atribuídos à nascença). Há ainda um taxista arménio, Razmik, amigo e cliente de Alexandra, que descarta a família para passar a noite com ela. O que não cai bem junto da sogra, neste conto de Natal transgressivo.

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Cinema bem intencionado e xaroposo é próprio do Natal. E, lamecha que seja, muitas vezes faz falta e é compensador olhar estes filmes e pensar como o mundo seria bem melhor assim: uma ficção atribulada com final feliz. Mas não são só essas películas que associamos à quadra. Antes, durante e depois da deglutição do bacalhau ou do polvo, do peru e de quantidades pornográficas de doces, uma boa fita calha sempre bem. Entre os melhores filmes de Natal há clássicos de acção, um outro monstrinho e comédias mais ou menos ácidas. É só escolher.

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A Time Out Lisboa escolheu uma dúzia de filmes irrecusáveis para esta época. Bons para os mais pequenos mas para os adultos também, pois a lista não inclui apenas cinema infantil puro e duro. Há desde produções mais recentes, como Frozen – O Reino do Gelo, de Chris Buck e Jennifer Lee, e títulos de boa memória dos 90s, como Sozinho em Casa, de Chris Columbus, ou O Estranho Mundo de Jack, dirigido por Henry Selick e produzido por Tim Burton, a clássicos tão intemporais como Feliz Natal, Charlie Brown (1965), de Bill Melendez.

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