“O Programa da Cristina” estreou-se com estrondo, mas vai acomodar-se rapidamente. Eurico de Barros dá uma estrela às novas manhãs da SIC.
★☆☆☆☆
A previsibilidade, a pobreza, a falta de imaginação e o anquilosamento das televisões generalistas, tolhidas pelo colete de forças das audiências que eventualmente as tornará obsoletas e levará à extinção, é também visível na contraprogramação que fazem.
Depois do lastimável Casados à Primeira Vista, a SIC saiu-se com O Carro do Amor – homens e mulheres à procura da alma gémea conhecem-se durante uma viagem de automóvel. E a TVI respondeu com First Dates (Seg a Qui, 19.10) – homens e mulheres à procura da alma gémea conhecem-se durante uma refeição num restaurante.
Ambos os programas são variantes para TV do speed dating (que, nem por acaso, foi criado em 1998 por um executivo de uma televisão americana chamado Antony Beilinsohn), um sobre quatro rodas, o outro à mesa de um repasto.
Tendo Fátima Lopes a alcovitar, First Dates procura fazer passar como recreação legítima (ou mais ridículo ainda: como “experiência social”) o chão, indigente, pindérico e bocejante espectáculo de um grupo de pessoas, na sua esmagadora maioria sem pinga de interesse, a tentar fazer faísca amorosa umas com as outras.
Há reality shows que atentam contra a dignidade humana. First Dates atenta contra o conceito de entretenimento.