Irma Vep
Carole BethuelIrma Vep
Carole Bethuel

‘Irma Vep’, um exercício contorcionista

O regresso de Olivier Assayas a ‘Irma Vep’, agora em formato série, nunca deixa de intrigar e entreter, embora tenha coisas desconcertantes e alguma palha.

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★★★☆☆

Em 1915, Louis Feuillade realizou o clássico policial em partes Os Vampiros, com a pioneira vamp Musidora. Em 1996, Olivier Assayas assinou Irma Vep, sobre a rodagem de um remake daquele, com Maggie Cheung, então sua mulher. E agora, sai-se com um Irma Vep (HBO Max) em versão de série e com Alicia Vikander a protagonizar, onde se está a fazer um remake literal de Os Vampiros e são ao mesmo tempo recriadas cenas da rodagem da obra de Feuillade, e que Assayas aproveita para semear de elementos autobiográficos, tendo o neurótico realizador René Vidal como alter ego parcial. É um exercício de contorcionismo ficcional e de malabarismo auto-referencial, em que Olivier Assayas inclui um sub-enredo sobre os problemas e os conflitos que surgem nos bastidores de uma rodagem, e discorre, via personagens, sobre o estado do cinema face ao streaming, a velha controvérsia entre cinema-arte e cinema-indústria, ou se o que se faz para as plataformas são filmes ou “conteúdos”. E há também o desbocado, desregrado e divertidíssimo actor alemão Gottfried (Lars Eidinger), que serve a Assayas como arma de arremesso contra o “wokismo”. Irma Vep é muito “meta” e às vezes tropeça nos próprios pés, tem alguma palha e coisas desconcertantes, mas nunca deixa de intrigar e entreter.

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