Jeff Goldblum

Jeff Goldblum: "As pessoas ainda recitam deixas do Parque Jurássico"

Jeff Goldblum não é só memes e dinossauros. Entrevista ao actor de ‘Mundo Jurássico: Reino Caído’.

Phil de Semlyen
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Entrevistar Jeff Goldblum é uma experiência singular. Enquanto bebe um chá herbal, discorre, meio distraído, sobre quais dos seus filmes vai mostrar aos filhos, Charlie (com quase três anos) e River (com um ano). Talvez um dos Parques Jurássicos, a dino-franquia a que regressou em Mundo Jurássico: Reino Caído? Ou Thor: Ragnarok, onde interpreta o Grão Mestre? Não. “O Justiceiro da Noite”, sugere. “Ou Adam Renascido, o filme do Holocausto”. Não parece estar a falar a sério. E, mesmo que estivesse, pelo menos não vão ter de ver o pai a transformar-se num insecto gigante e peludo em A Mosca. É o tipo de coisa que traumatiza um miúdo.

Goldblum, de 65 anos, trabalhou com figuras como Steven Spielberg, David Cronenberg e Robert Altman ao longo de 44 anos de carreira, por isso tem muitos filmes por onde escolher. Sempre interessante, mesmo em filmes sem qualquer interesse (olá de novo, O Justiceiro da Noite), na base de alguns dos memes mais gloriosos da internet, e com um cérebro que parece estar em modo aleatório, é mais do que uma figura de culto: é um tesouro internacional.

Tem fama de ser um tipo encantador. Mas deve ter alguns fantasmas, ou não? “Sou um tipo amável, mas também tenho as minhas fúrias, o meu temperamento, e sou impulsivo, e consigo usar esses sentimentos no meu trabalho. Eu sei que ser actor tem qualquer coisa de infantil, mas isso não significa que tenha de me portar como uma criança.” Mal acaba de dizer isto, faz má cara numa demonstração nada convincente da raiva de Goldblum, antes de relaxar e voltar a transformar-se no amável Jeff.

A vida, convenhamos, tem sido muito boa para este nativo de Pittsburgh. A sua prestação foi um dos pontos altos de Thor: Ragnarok, voltou a encontrar-se com Wes Anderson em Ilha dos Cães e no Verão vai fazer das suas em Artemis: Hotel de Bandidos, de Drew Pearce. Além disso, está prestes a lançar um disco de jazz – tocar piano é outra grande paixão. E, de repente, saca do iPhone para mostrar um vídeo do filho de um ano a tocar piano lá em casa. “Aqui está ele… Não é o Mozart, mas está a mexer os dedos um bocadinho”, diz, orgulhoso.

Em Mundo Jurássico: Reino Caído volta a encarnar o pessimista favorito de toda a gente, Dr. Ian Malcolm. Não é um grande papel – filmou tudo num dia – e desta vez não há cenas sexy de camisa aberta, mas não deixa de ser uma espécie de regresso a casa. “As pessoas ainda recitam deixas do Parque Jurássico quando me vêem”, admite, com um sorriso nos lábios. “Normalmente é ‘Life finds a way’ ou ‘That is one big pile of shit’. Outras vezes pegam num copo de água e deixam cair umas gotas na minha mão, para recriar a cena com a Laura Dern. E eu alinho. Sou um porreiraço.”

Crítica a Mundo Jurássico: Reino Caído.

Conversa filmada

  • Filmes

Não há outro realizador como Wes Anderson. O mestre do estilo, o defensor do irrisório, o apreciador de paletas de cor muito específicas… Independentemente do gosto pessoal, os seus filmes são sempre espantosos. Ilha dos Cães é o mais recente, e o segundo de animação, após O Fantástico Senhor Raposo. Uma adorável aventura canina que se passa numa ilha perto do Japão para onde todos os canídeos do país foram banidos depois de um surto de “gripe canina”. Tem toda a riqueza visual que se espera de um filme de Wes Anderson, bem como uma mensagem altamente positiva sobre a importância da tolerância. Ah, e Harvey Keitel a uivar.

  • Filmes

Joaquin Phoenix ainda mal acordou quando abre a janela e começa a fumar. É sábado de manhã em Londres, muito cedo, mais ainda mais para ele, meio abananado pelo jet lag – um homem no seu próprio fuso horário. Na verdade, ele parece estar assim desde que o vimos em Lar, Doce Lar... às Vezes (1989), de Ron Howard, quando tinha apenas 14 anos. É uma anti-estrela de cinema que faz as coisas à sua maneira, sempre um pouco desalinhado e com o mundo a girar à sua volta.

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  • Filmes
Todd Haynes: "Sempre gostei de ser estranho"
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Todd Haynes já anda nisto desde os anos 90, foi um pioneiro do new queer cinema, trabalhou com grandes actores e actrizes. O Museu das Maravilhas é o seu mais recente filme, uma história sobre duas crianças mudas em Nova Iorque, mas em tempos diferentes. Uma nos anos 20 e outra nos anos 70. O filme foi o ponto de partida para uma conversa com o realizador.  

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