É difícil imaginar uma coisa mais dura de fazer do que Prece ao Nascer do Dia, que estreia esta quinta-feira nas salas portuguesas. Filmado numa prisão de Banguecoque e baseado na história verdadeira do boxer toxicodependente Billy Moore, o filme realizado por Jean-Stéphane Sauvaire precisou de um actor principal preparado para ser ferido em combate em nome da arte. Esse actor é Joe Cole, o inglês de 29 anos que ficou conhecido com a personagem de John Shelby na série Peaky Blinders. Como Cole explica à Time Out, não foi preciso pensar duas vezes para alinhar.
Joanna Kulig está deslumbrante em Guerra Fria, o novo filme do polaco Paweł Pawlikowski, mas ao vivo é despretensiosa e cheia de garra. Durante a meia hora que passámos juntos, não parou: sempre com um entusiasmo contagiante, rindo-se e começando a dada altura a cantar Stevie Wonder (“For Once in My Life” é sua canção de karaoke). Como a sua personagem, Zula, ela é um espírito livre – e vai chegar longe.
O que te atraiu neste papel?
O argumento era especial – é uma história universal, cheia de emoções reais. Também foi uma oportunidade de mostrar o meu lado musical porque a Zula canta e é bailarina de danças folclóricas. Levei meio ano a preparar-me para este papel. [Durante esse período] treinei oito horas por semana com um grupo folclórico.
Este é o terceiro filme que fazes com o Paweł. Como é que se conheceram?
Tive uma crise espiritual enorme antes de conhecê-lo e tinha decidido que a interpretação não era para mim. Pouco depois ele mandou-me um e-mail a dizer que tinha um papel perfeito para mim. Era um dos papéis do La femme du Vème [de 2011] e fez-me mudar de opinião. Dei por mim a pensar que, apesar de tudo, ser actriz talvez não fosse má ideia.
Qual é o segredo da vossa parceria?
Ele sabe que eu adoro música e cantar, e para ele o ritmo das cenas é muito importante. Durante a rodagem ele diz-me: “Joanna, não penses demais; pensa em música, pensa em jazz.” Além disso, também me levou a aprender inglês. Ele fala seis línguas, por isso achei que tinha de aprender pelo menos essa.
Sempre quiseste ser actriz?
Não. O que eu queria mesmo era ser cantora de jazz, mas ninguém me queria [risos], por isso fui para a universidade, estudar artes cénicas e canto. Gostava da parte da música, mas não sabia o que exigia a interpretação. Foi como ser largada na água e ter de começar a nadar.
Como é que conseguiste o teu primeiro papel profissional?
A minha universidade fez o casting para um filme e eu consegui o papel. Interpretei uma personagem que estava a morrer de cancro. Lembro-me de, durante a rodagem, pensar por que é que me tinha metido naquilo. Mas as pessoas repararam em mim e comecei a ser convidada para outros papéis. Revi o filme há um ano e achei que nem estava muito mal.
Fizeste teatro em criança?
Fiz de abelha. Foi num conto de fadas polaco, na escola, quando tinha sete ou oito anos. Tinha umas asinhas.
Já te convidam para papéis em inglês?
Entrei na adaptação televisiva de Hanna. Interpreto o papel que a Vicky Krieps faz no filme. Também fiz de bruxa ruiva e vesga em Hansel & Gretel: Caçadores de Bruxas. Mas estava tão caracterizada que nem eu própria me reconhecia.