É difícil imaginar uma coisa mais dura de fazer do que Prece ao Nascer do Dia, que estreia esta quinta-feira nas salas portuguesas. Filmado numa prisão de Banguecoque e baseado na história verdadeira do boxer toxicodependente Billy Moore, o filme realizado por Jean-Stéphane Sauvaire precisou de um actor principal preparado para ser ferido em combate em nome da arte. Esse actor é Joe Cole, o inglês de 29 anos que ficou conhecido com a personagem de John Shelby na série Peaky Blinders. Como Cole explica à Time Out, não foi preciso pensar duas vezes para alinhar.
J.K. Rowling continua a expandir o universo de Harry Potter, aliás, o seu passado, em Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, com realização de David Yates. E Jude Law é um jovem Albus Dumbledore no novo filme. Aproveitámos e falámos da magia de encarnar um personagem que faz parte do imaginário dos seus filhos.
Como é que te sentes agora que és um feiticeiro?
Houve alturas – como quando entrei na sala de aulas de Hogwarts ou discuti o tipo de varinha que mágica que queria usar – em que dei por mim a pensar: “Meu deus, estou mesmo neste mundo.” É um mundo com que os meus filhos cresceram, li os livros e vi os filmes, por isso é tudo muito familiar. Agora estou cá dentro e posso dizer que é uma experiência estranha e maravilhosa.
Isso quer dizer que escolheste mesmo a varinha mágica que querias usar, como se estivesses no mundo do Harry Potter?
Sim, escolhi uma Ollivander. Disse: “Quero aquela” [risos]. Na verdade não foi bem assim. Eles tinham umas quantas que eu podia escolher e disse só qual é que preferia.
Qual é o teu feitiço favorito?
Vou parecer um psicopata, mas sempre adorei a “Avada Kedavra”.
O que é isso?
É a maldição mortal. É a pior. Mas o nome tem qualquer coisa… Não sei. Quando a li no livro pela primeira vez passava o tempo todo a dizer, num tom de voz maligno, “Avada Kedavra”. Achei que uma pessoa tinha de ser uma escritora do caraças para se lembrar disso. E também há aquele feitiço que o Snape inventou, que te faz sangrar... Não me lembro do nome, mas é incrível.
Gostas dos feitiços mais violentos, é isso?
Acho que sim. Não devia estar a revelar isto...
O lado negro do Dumbledore...
Não, não, não. O meu.
Estavas a dizer que leste os livros e viste os filmes com os teus filhos – eles estão a azucrinar-te para revelares detalhes sobre
o enredo?
Bom, eles já são adolescentes, portanto não é o mesmo que teria sido quando eram pequenos. Mas estou muito nervoso. Descobrimos as histórias do Harry Potter juntos e agora eu entro nelas. Espero que os meus filhos achem que sou um Dumbledore decente.
Ficaste contente por não teres de ter aquela longa barba branca, por estares a interpretar um jovem Dumbledore?
Não sei. Por acaso pensei que ia estar assim no filme. Quando fiz os testes de câmara tentei levar as coisas nessa direcção e ficou toda a gente tipo “não… ainda faltam 90 anos para isso”.
Estavas preparado para andar de barba branca?
Estava curioso por ver o que é que fazíamos. Aqui entre nós, gostava de andar de kaftan [uma espécie de túnica] quando chegasse a altura do último filme. Adorava aparecer pelo menos uma vez num kaftan de seda. E talvez deixe a barba crescer e crescer.
Um bocadinho maior em cada filme.
Sim. A ver vamos. Mas não vou chegar a ter uma barba pelos joelhos.
Fala-se muito da orientação sexual do Dumbledore. Abordam isso no filme?
A Jo Rowling deixou claro há muitos anos que ele era gay, e quando lhe perguntei isso, ela confirmou-o. Aqui nem é tanto uma questão de ser gay ou não. Tem mais a ver com a pessoa por quem ele se apaixona. Começamos a falar disso neste filme, mas ainda está muito mais para vir.