Há uma década que Peter Brook acumulava o seu, digamos, emprego diurno, como encenador, já conhecido por quebrar regras atrás umas das outras, com a variante cinematográfica do seu trabalho. Mas foi com esta adaptação do romance de William Golding (publicado em 1954 e em grande parte responsável pelo Nobel da Literatura que o escritor recebeu quase 30 anos depois) que Brook, em 1963, afirmou de forma clara a sua diferente abordagem estética também no cinema, aliás já perceptível desde a sua primeira película e, com o tempo e as circunstâncias, sossegadamente desenvolvida. Filmando de maneira crua aquele grupo de crianças à solta e por sua própria conta numa ilha deserta depois da queda do avião em que viajavam, o realizador, sem trair o original mas também sem lhe obedecer cegamente, constrói o filme como um vórtice de autoritarismo e violência, bem aproveitando os jovens talentos de James Aubrey, Tom Chapin, Hugh Edwards, Roger Elwin e Tom Gaman.
Medeia Monumental, Sala 3, Sexta, 17, 21.45; Olga Cadaval (Sintra), Segunda, 20, 16.00.