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Mulher-Maravilha: A evolução de um ícone

A Mulher-Maravilha é uma das mais conhecidas super-heroínas da DC Comics. E acaba de chegar ao cinema

Luís Filipe Rodrigues
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Criada em 1941, por William Moulton Marston, a Mulher-Maravilha é uma das personagens mais conhecidas da DC Comics – e da banda desenhada americana em geral. Um ícone feminista com mais de 75 anos de história, que vimos no grande ecrã pela primeira vez no ano passado, em Batman vs Super-Homem: O Despertar da Justiça, de Zack Snyder. Agora estreia-se no seu próprio filme, realizado por Patty Jenkins. É mais um ponto alto de uma longa história.

+ Entrevista a Gal Gardot, protagonista de Mulher-Maravilha

Mulher-Maravilha: A evolução de um ícone

Anos 1940

Criada por William Moulton Marston, em 1941, a Mulher-Maravilha era diferente dos outros super-heróis. Porque o seu criador, um psicólogo e estudioso que contribuiu para a invenção do polígrafo e viveu durante anos numa relação poliamorosa com a mulher e uma ex-aluna, era diferente dos outros escritores de livros de super-heróis.

As suas histórias eram genuinamente estranhas, reflectindo as ideias do criador sobre feminismo, dominação e a natureza da criminalidade. Pelo meio, como boa heroína americana que era, esmurrou uns quantos nazis durante a segunda guerra mundial.

Anos 1950

Depois da morte do criador da personagem, em 1947, o argumentista e editor Robert Kanigher tomou conta dos destinos da amazona. Os livros não tardaram em perder o cunho feminista presente nas histórias originais, bem como tudo o que tornava a Mulher-Maravilha singular. Revolucionária, até.

Passados alguns anos, em 1958, o ilustrador Ross Andru juntou-se a Kanigher e, juntos, acabaram de redefinir e normalizar a heroína. A sua influência viria a sentir-se durante décadas.

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Anos 1960

Robert Kanigher e Ross Andru continuaram a fazer mais do mesmo durante boa parte da década de 60. Até que, em 1968, Denny O’Neil e Mike Sekowsky tomaram as rédeas da personagem e, atentos ao zeitgeist, reinventaram um ícone pop. Tiraram os poderes a Diana, que trocou o uniforme clássico por uma fatiota mod, comprou uma loja de roupa e se tornou numa espécie de super-espia.

Foi uma das fases mais curiosas da história da personagem, mais próxima de James Bond e dos Vingadores (a série britânica) do que de qualquer outro super-herói. Contudo, houve quem não tivesse gostado destas mudanças. Desde alguns fãs e editores mais conservadores até à escritora e activista feminista Gloria Steinem.

Anos 1970

Tudo o que é bom acaba cedo. E a Mulher-Maravilha voltou a vestir as cores da bandeira americana e a ser escrita e editada por Robert Kanigher na primeira metade da década de 70.

O acontecimento mais memorável da década, no entanto, foi a estreia de uma adaptação televisiva, protagonizada por Lynda Carter e transmitida originalmente entre 1975 e 1979, que afectou directamente os livros de banda desenhada publicados na altura. A direcção e os contornos da narrativa iam mudando de acordo com os desígnios da popular série.

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Anos 1980

Quatro palavras: Crise nas Infinitas Terras. A maxi-série escrita por Marv Wolfman e ilustrada por George Pérez, entre 1985 e 86, redefiniu o universo DC e o seu impacto em toda a banda desenhada americana continua a sentir-se passados mais de 30 anos.  

O impacto desta história na Mulher-Maravilha foi imediato: George Pérez tomou conta do livro em 1987 e reinventou a amazona, aproximando-a dos deuses helénicos e escrevendo algumas das suas melhores aventuras, que ainda hoje são lembradas com saudade. Foi um corte drástico (e muito bem-vindo) com as histórias inconsequentes de anos anteriores.

Anos 1990

Foi uma década perdida para quem gosta de boas histórias. Não houve propriamente aventuras memoráveis e, de uma maneira geral, o status quo da super-heroína manteve-se relativamente inalterado ao longo dos anos 90 – a não ser que contemos a parte em que ela foi trabalhar para um restaurante mexicano.

Isto apesar de Grant Morrison ter escrito histórias brilhantes e alucinadas com os principais heróis da DC, incluindo a Mulher-Maravilha, nas páginas da série JLA. Duas décadas mais tarde, em 2016, o guru britânico voltaria a fazer magia com ela em Wonder Woman: Earth One Vol. 1.

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Anos 2000

Não há fome que não dê em fartura. Depois dessa longa travessia no deserto que foram os 90s, os anos zero deram-nos algumas das melhores histórias da Mulher-Maravilha até hoje. Isto não quer dizer que não tenha sido publicado algum lixo – porque foi – mas os pontos positivos são mais do que os negativos.

Incluindo comics politizados e com ideias feministas, escritos por gente boa como Greg Rucka, que voltou a pegar na personagem no ano passado e continua em óptima forma; e Gail Simone, talvez a melhor escritora de super-heróis americana. Fácil.

Anos 2010

Tem sido uma década turbulenta. Em 2010, Jim Lee redesenhou o uniforme da personagem, adicionando-lhe basicamente umas calças e um casaco de cabedal. Em 2011 voltou a redesenhá-la, desta vez num trajo mais próximo do original, só que pior, no âmbito dos Novos 52, o projecto de relançamento e actualização do universo DC. 

Este período deu-nos 35 edições brilhantes, escritas por Brian Azzarello e ilustradas sobretudo por Cliff Chiang. Mas também introduziu uma relação chata com o Super-Homem, ignorada por Brian Azzarello. E quanto menos se falar daquele uniforme ridículo, desenhado por David Finch em 2015, melhor.

No ano passado, Greg Rucka voltou a escrever e a reabilitar a personagem, que teve direito a mais uma nova fatiota (a quinta desta década, para quem está a contar). Mesmo a tempo do filme.

Longa vida aos Super-Heróis

  • Filmes

Gal Gadot cresceu em Tel Aviv. Queria ser advogada, mas foi convencida a concorrer a Miss Israel em 2004. Seguiu-se uma carreira na moda, interrompida pelos dois anos de serviço militar obrigatório. Hoje, é a Mulher-Maravilha da DC. Quando lhe perguntamos como se está a sentir, a cuidar de um bebé de um ano e com uma agenda repleta de entrevistas, ela responde com um sorriso: “Estou constantemente cansada, mas tenho muita sorte.”  

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