O Sequestro do Voo 601
Pablo Arellano/Netflix
Pablo Arellano/Netflix

O caso dos guerrilheiros comunistas que não eram uma coisa nem outra

A série ‘O Sequestro do Voo 601’ (Netflix) recria a história real do mais desconcertante – e caricato – desvio de um avião comercial nos anos 1970.

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★★★☆☆

Entre as décadas de 60 e 70 os desvios de aviões para Cuba, sobretudo na América Latina, por parte de revolucionários ou candidatos a revolucionários, atingiram quase os 400, e tornaram-se tão comuns que passaram a fazer parte do anedotário de muitos países e a constar em séries de televisão e em filmes de comédia (é o caso de Bananas, de Woody Allen, em 1971). A série colombiana O Sequestro do Voo 601 (Netflix) recria um desses desvios, que não só foi um dos mais rocambolescos como também fugiu à norma político-ideológica dos mesmos. É que os dois supostos guerrilheiros comunistas colombianos – que, a 30 de Maio de 1973, tomaram de assalto o avião da Sociedad Aeronautica de Medellín que fazia um voo interno, sequestrando passageiros e tripulação e pedindo a libertação de um grupo de estudantes contestatários do governo e um resgate em dinheiro – acabaram por se revelar não ser nem uma nem outra coisa.

Embora, e necessariamente, os autores da série tenham tido que tomar várias liberdades na reconstituição da história e com certas das personagens e dos factos ocorridos, este relato daquele que se tornou no mais longo, mais desconcertante – e também sem dúvida um dos mais caricatos – desvio de aviões comerciais dessa época, não é prejudicado por isso nas suas capacidades de entretenimento. O drama, a comédia, o suspense (e algum comentário social que nunca se torna invasivo) estão cuidadosamente distribuídos, pesados e medidos ao longo da narrativa de O Sequestro do Voo 601, as personagens bem, distinta e saborosamente desenhadas e caracterizadas (destaquemos Edilma, a corajosa hospedeira de bordo que o marido deixou sozinha com três filhos, o lingrinhas e ridiculamente sensacionalista apresentador de televisão “Flaco” Marulanda, ou o vice-ministro da Defesa ameaçador e de linguagem muito vernácula).

Mais críticas de televisão

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  • Filmes

★★★

O melhor elogio que podemos fazer a ‘Chorus Girls’ (TV Cine Edition) é que pede meças às séries inglesas do mesmo formato e matriz narrativa.

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