Chorus Girls
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Um Verão com as bailarinas

O melhor elogio que podemos fazer a ‘Chorus Girls’ (TV Cine Edition) é que pede meças às séries inglesas do mesmo formato e matriz narrativa.

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★★★

Sem desmerecer nas suas qualidade próprias, as autoras da sueca Chorus Girls (TV Cine Edition), que também fazem parte do elenco, parecem ter assimilado bem a lição das melhores séries inglesas. Passada nos anos 70, em Estocolmo, ao longo de um Verão, entre as bailarinas do Cirkusrevvyen, uma revista que tem lugar numa grande tenda no mais antigo parque de diversões da cidade, o Dryrhavsbakken (imaginem um cruzamento do Parque Mayer com a Feira Popular, em mais composto), Chorus Girls segue um punhado delas, com idades, personalidades, vidas, problemas sentimentais, experiências profissionais e aspirações diferentes, e que se relacionam entre si criando amizades e simpatias, mas também atritos e conflitos (a série inspira-se em relatos de bailarinas que actuaram no Cirkusrevvyen).

Ao realismo da recriação dos ambientes (e que inclui o guarda-roupa piroso e berrante da década de 70), que nunca parece postiço ou muito elaborado, junta-se o sentido das mentalidades, dos modos de ser sociais e dos costumes da época, em particular na atitude para com as mulheres. Mas também destas umas com as outras, com o seu trabalho e as famílias, maridos e namorados, o que permite criar no espectador empatia, interesse e envolvimento com as várias personagens, todas solidamente interpretadas, das bailarinas às figuras secundárias que gravitam em seu redor na estrutura do espectáculo e fora desta.  

Chorus Girls é uma série de “colectivo”, funcionando a várias vozes, mas destacam-se, como pivôs do corpo de baile feminino e fiéis do enredo, a trintona Sussie (Marie Bach Hansen), antiga participante profissional em concursos de dança, casada com um marido instável e violento, e mãe de uma filha pequena, para quem o trabalho na revista é fundamental para poder dar uma volta à vida; a jovem e algo ingénua Joy (Marie Reuther), que está a descobrir um mundo novo e tem a vida inteira à sua frente; e no meio delas, Ulla-Berit (Mille Lehfeldt), muito amiga de Sussie e seu grande apoio. 

O quotidiano e as peripécias dos bastidores da revista, e o permanente sentido de instabilidade das bailarinas (que são facilmente substituídas se não corresponderem ao que se espera delas em palco, ou se começarem a protestar demais), dão muito gás à interacção das personagens, e formam um movimentado subenredo. Os números musicais são impecáveis, não falta sentido de humor à história e, curiosamente, as feministas e outros manifestantes que surgem a contestar a revista e a “exploração” das bailarinas não saem bem na fotografia e não são vistos com bons olhos por elas, que os encaram como oportunistas e hipócritas, e como ameaças ao seu ganha-pão. O melhor elogio que podemos fazer a Chorus Girls é que pede meças às séries inglesas do mesmo formato e matriz narrativa.

Mais críticas de televisão

  • Filmes

★☆☆☆☆

Esta série da Prime Video é filmada com o estardalhaço visual de quem quer agradar àquela geração cujo principal entretenimento são os jogos de vídeo e que vê todos os filmes de super-heróis.

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