Gene Kelly, singin in the rain

Clássicos de cinema para totós. Os melhores filmes dos anos 50

De "Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder, a "Os 400 Golpes", de François Truffaut, eis os melhores filmes dos anos 50

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Ora aqui está uma década de prosperidade e esperança, mas também de medo nuclear, que entretanto começara a Guerra Fria. Uma década em que o cinema prosperou artisticamente e ainda mais comercialmente. Dez anos em que o preto e branco resistiu quanto pôde, mas acabou batido pela cor.

Entre os melhores filmes dos anos 50 encontram-se obras como O Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder, Rio Bravo, de Howard Hawks, ou Os 400 Golpes, de François Truffaut. E ainda esse clássico do género tão mau que é brilhante chamado A Morte Veio do Espaço ou Plano 9 do Vampiro Zombie, realizado, salvo seja, por Ed Wood.

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Os melhores filmes dos anos 50

O Crepúsculo dos Deuses (1950)

Uma das melhores decisões do realizador Billy Wilder para este filme, sátira trágica sobre o lado negro de Hollywood, foi contratar William Holden para contracenar com a veterana Gloria Swanson e dar a Erich von Stroheim o papel do sinistro mas dedicado mordomo da antiga estrela Norma Desmond, já muito passada dos carretos, vivendo ilusões de glória. A relação entre os actores torna o enredo ainda mais dramático na elaboração deste retrato cru sobre a “indústria dos sonhos”, onde a capital do cinema surge como uma entidade cujo brilho incandescente esconde uma realidade cruel e determinada pelo lucro sob o lema de "o espectáculo tem de continuar".

Serenata à Chuva (1952)

A alegria de viver depois das amarguras da guerra foi exemplarmente captada por Stanley Donen e Gene Kelly nesta extravagância de música e dança, conseguindo o raro feito de realizar um dos mais importantes musicais de sempre e ser, ao mesmo tempo, apreciado por crítica e público. Melhor, conseguiram, com a grande colaboração dos argumentistas Betty Comden e Adolph Green, mais as brilhantes interpretações de Debbie Reynolds e Donald O'Connor, que tornam ainda mais exultante a representação de Kelly, criar um filme que sobrevive ao tempo e continua a ser uma película encantadora – por muito que agora aquele transbordante optimismo pareça bastante ingénuo.

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Há Lodo no Cais (1954)

Pelo contrário, o optimismo não singrava na obra-prima de Elia Kazan, que um par de anos depois estreou Há Lodo no Cais, filme no qual Marlon Brando enfrenta uma quadrilha e tenta com um grande e redentor gesto fazer justiça e repor a verdade. O papel de Terry Malloy, um ex-pugilista com atitude, foi, sem dúvida, o que melhor lhe assentou e o que lhe deu entrada no panteão dos grandes actores do século XX, apesar de Don Corleone, de O Padrinho, ou do coronel Kurtz de Apocalipse Now – e mesmo contando com a sua interpretação em Um Eléctrico Chamado Desejo.

A Sombra do Caçador (1955)

Charles Laughton ficou conhecido como o excepcional actor a que os realizadores recorriam quando precisavam de alguém capaz de fazer qualquer papel, não diremos com o mesmo empenho, mas garantidamente com uma categoria acima da média. Mas Laughton foi também realizador de um filme que, como hoje se diz um pouco levianamente, a propósito de tudo e de nada, se tornou um “clássico instantâneo” ou um “filme de culto”. Embora a perturbadora interpretação de um assassino em série por Robert Mitchum e a inspirada contracena de Shelley Winters e Lillian Gish tenham um papel fundamental no estabelecimento do carácter da obra, a negra e densa exploração da psicologia do matador compulsivo vem do argumento de James Agee, melhor, do romance de Davis Grubb que adaptou, e da realização quase experimentalista de Charles Laughton.

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Fúria de Viver (1955)

E ao segundo filme confirmou-se a ascensão de James Dean ao estrelato, actor que, morrendo aparatosamente pouco depois das filmagens da sua terceira película, O Gigante, se tornou uma lenda. Nicholas Ray, que, como toda gente, dera por ele em A Leste do Paraíso, foi o grande responsável por este estatuto, ao confiar no instinto interpretativo de Dean para o papel do revoltado e confuso Cal Trask, e assim derrubar o estereótipo do adolescente inconsciente, quer na variante rebelde, quer na opção atinada.

O Sétimo Selo (1957)

Contrariando a hegemonia norte-americana e a ligeireza geral do cinema de Hollywood, o realizador sueco Ingmar Bergman mostrava, por assim dizer, a sua graça, com um filme que é na verdade uma reflexão sobre a fé e a mortalidade (sim, é nesta película que a Morte joga xadrez com um cavaleiro). As interpretações de Max von Sydow, Gunnar Björnstrand e Bengt Ekerot são fundamentais para esta espécie de fábula em que o realizador não esconde o desapontamento com a condição humana que levaria o seu cinema a caminhos ainda mais estimulantes e obsessivos.

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A Sede do Mal (1958)

O filme para o qual Orson Welles imaginou e concretizou uma das mais empolgantes e belas sequências de abertura foi tudo menos querido dos estúdios que o produziram. Ao ponto de abdicarem da montagem do realizador e optarem por uma versão mais moralmente higiénica de uma película que tem no seu âmago a perversão e a corrupção. Enfim, o tempo acabou por fazer justiça ao criador, e hoje A Sede do Mal pode ver-se com as imagens alinhadas da maneira desejada pelo cineasta. O que torna ainda mais impressionista a abordagem de Welles e a utilização que faz dos seus actores, Charlton Heston, Janet Leigh, ele próprio, e, em pequeno mas decisivo papel, Marlene Dietrich.

Rio Bravo (1959)

Apesar da já falada ligeireza do cinema norte-americano e de uma certa tendência para a rotina e para a repetição de fórmulas até à exaustão, que aliás permanece, realizadores havia, como Howard Hawks, que não estavam para aí virados. Rio Bravo é provavelmente o melhor exemplo de um cinema sempre preocupado com a clareza da história que contava, porém capaz de introduzir camadas de simbolismo suficientes para proporcionar leituras mais amplas. É uma película na qual se sente a tensão, a pulsão pela sobrevivência, tanto como a inclinação suicidária, nas interpretações de John Wayne, mas principalmente no bêbado com dignidade interpretado por Dean Martin.

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Os 400 Golpes (1959)

Em França, entretanto, sopravam novos ventos e François Truffaut era um dos semeadores de tempestades a caminho de criar um novo cinema, ou melhor, uma nova e diferente aproximação da que era comum na Europa, ainda demasiado dependente do neo-realismo, ou do simplismo generalizado em Hollywood, ainda assim a viver uma das suas grandes épocas. Jean-Pierre Léaud começava aqui a sua carreira como alter ego do realizador no papel de Antoine Doinel, então ainda um rapaz dado à rebeldia e à fantasia romântica anti-sistema até chocar com a vida real e as suas circunstâncias e obrigações.

Plano 9 do Vampiro Zombie (1959)

Está certo. Plano 9 do Vampiro Zombie é um mau filme. Mas é um filme tão mau, tão mau, tão mau que, mesmo sendo geralmente considerado “o pior filme de sempre”, é uma das películas mais pateticamente divertidas da história do cinema e o sinal de como a atracção pelas câmaras e pela fama pode levar certos sonhadores a um grau de maluquice que os torna, de maneira algo distorcida, é certo, uma espécie de visionários com azar. A extraordinária história de Edward D. Wood Jr. é contada em película de muito maior qualidade (Ed Wood) por Tim Burton, em 1994, mas é imprescindível ver Bela Lugosi, no seu último papel, contracenar com uma apresentadora de filmes de terror na televisão (Maila ‘Vampira’ Nurmi) e um lutador (Tor Johnson) com peso a mais a fazer de detective enquanto uns extraterrestres de pijama tentam executar o seu nono plano de ocupação da Terra.

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