Intolerância (1916)
Diz-se que mais do que tudo, ao filmar Intolerância, D.W. Griffith desejava afastar a ideia generalizada de ser um racista sem vergonha. Ideia criada nesse próprio ano com a estreia do excelente (porém racista até ao tutano) Nascimento de Uma Nação. Seja como for, o seu novo filme foi concebido para deixar o povoléu (e várias gerações de cineastas e cinéfilos) de cara à banda perante a recriação faustosa da Babilónia. O que não seria nada, para lá de cenário e figurinos e figurantes, não fosse a estrutura complexa do argumento (quatro histórias de diferentes eras que, por portas e travessas, acabam por encontrar um desígnio e um clímax comuns) e a imaginação delirante do realizador, capaz de ultrapassar as insuficiências técnicas da época e construir um grande melodrama épico.