É favor não meterem água
A Academia é conhecida pela sua aversão a comédias e por não costumar ligar muito ao cinema fantástico, de terror e de ficção científica, que costuma ser distinguido nas categorias técnicas e secundárias. (Fenómenos como a vitória com pleno de Óscares de O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei, em 2004, são excepções que sublinham a regra a traço grosso.) E logo no ano em que a Academia decide dar 13 nomeações a um título do género, elas foram na direcção errada, para o mal amanhado, inverosímil, simplista e tendencioso A Forma da Água, de Guillermo Del Toro.
Há mais e muito melhor cinema, para onde quer que se olhe, da escrita à realização e às interpretações, em Três Cartazes à Beira da Estrada, de Martin McDonagh, Linha Fantasma, de Paul Thomas Anderson, e em Dunquerque, de Christopher Nolan, que ficaram todos atrás da fita de Del Toro em número de nomeações.
A haver um mínimo de justiça (que também costuma ser muito variável nos Óscares), as principais estatuetas deveriam ser distribuídas por Três Cartazes à Beira da Estrada e Linha Fantasma. Sem esquecer o fenómeno Lady Bird – A Hora de Voar, de Greta Gerwig, através do Óscar de Melhor Actriz Secundária, e com os de Filme Estrangeiro e Animação a irem para O Quadrado, e para Coco, da Pixar, aquele a desafiar o politicamente correcto, este a elogiar a tradição através da mais avançada animação digital.
Não metam é água (a de Del Toro).