No dia 30 de abril de 1969 foi publicado em frança um livro que se tornaria no mais vendido do ano e num best-seller à escala mundial. Papillon vinha assinado por Henri Charrière, contando a história real deste arrombador de cofres que em 1931 tinha sido preso e injustamente acusado do assassínio de um proxeneta.
Condenado a 10 anos de trabalhos forçados, Charrière (a alcunha de Papillon devia-se a uma borboleta que tinha tatuada no peito) foi enviado para uma colónia penal na Guiana Francesa, onde as condições eram duríssimas, e tornou-se no amigo e protector de Louis Dega, um célebre e rico falsário condenado à mesma sentença.
Papillon tentou sempre evadir-se e chegou a ser transferido para a Ilha do Diabo como castigo. Em 1945, conseguiu finalmente fugir com sucesso, chegando à Venezuela, onde se instalou, casou, abriu restaurantes e se tornou numa celebridade local. Em 1970, na sequência do sucesso do livro, o governo francês amnistiou Charrière, que em 1973, ano da sua morte, publicou Banco, a continuação de Papillon.
Entretanto, e após um longo trabalho de investigação, o jornalista e escritor francês Gerard de Villiers lançou Papillon Épinglé, onde postulava que apenas uma pequena parte de Papillon correspondia à verdade. O resto seria uma mistura de ficção, de histórias colhidas de outros condenados com quem Charrière havia convivido e plágios de uma obra de um outro ex-presidiário, La Guillotine Sèche, de René Belbenoît, publicada em 1938 e caída no esquecimento.
Até à sua morte, Henri Charrière sempre manteve que Papillon era um relato autêntico das vicissitudes e das aventuras por que passou durante a sua pena. Robert Laffont, o editor do livro, revelaria mais tarde numa entrevista que Charrière lhe tinha submetido Papillon para ser editado como romance, e que tinha sido ele a convencê-lo a dar-lhe a forma de uma autobiografia.
O livro atraiu de imediato a atenção de Hollywood, que arrematou os direitos para cinema e o transformou numa superprodução, realizada em 1973 por Franklin J. Schaffner. Agora que se estreia o remake de Papillon, com produção independente e assinado pelo dinamarquês Michael Noer, comparámos os dois filmes.