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Gladiador II
Gladiador II

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Gladiador II’ a ‘Emilia Pérez’

As estreias de cinema, os filmes em exibição e os novos filmes para ver em streaming, incluindo ‘A Substância’, ‘Megalopolis’ ou ‘Anora’.

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Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes.

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Filmes em estreia esta semana

Gladiador II

Quase 25 anos após o primeiro filme, Ridley Scott regressa à Roma clássica, agora para seguir Lucius, neto do antigo imperador Marco Aurélio e filho de Lucilla, que vive com a mulher e o filho na Numídia. Quando os soldados romanos invadem a região e o submetem à escravatura, Lucius inspira-se na história de Maximus e vai lutar como gladiador, opondo-se aos jovens imperadores Caracala e Geta. Interpretações de Pedro Pascal, Paul Mescal, Denzel Washington, Derek Jacobi, Connie Nielsen, Tim McInnerny e Matt Lucas.

+ Mais sangue no Coliseu: tudo o que precisa de saber sobre Gladiador II

Emilia Pérez

A nova realização do francês Jacques Audiard ganhou o Prémio do Júri e o Prémio de Interpretação Feminina (para as actrizes do elenco) em Cannes, ambienta-se no México e combina o filme sobre o mundo do narcotráfico, o musical e o melodrama. O poderoso líder de um dos maiores cartéis da droga mexicanos contrata uma advogada para que esta lhe trate, no maior segredo, da sua transição de homem para mulher. Com Karla Sofía Gascón, Zoe Saldana e Selena Gomez.

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A Vida Entre Nós

Mathieu (Guillaume Canet) vive em Paris, está perto dos 50 anos e é um actor conhecido. Alice (Alba Rohrwacher) vive numa vila litoral do Oeste da França, já passou dos 40 e ensina piano. Namoraram há cerca de 15 anos, separaram-se e cada um seguiu o seu caminho. E reencontram-se por acaso, quando Mathieu vem passar uns dias numas termas. O realizador Stéphane Brizé (A Lei do Mercado, Um Outro Mundo) fez uma pausa nas temáticas político-sociais para assinar este drama romântico.

O Jovem Xamã

Filme da realizadora mongol Lkhagvadulam Purev-Ochir, que tem como protagonista Ze, um xamã de apenas 17 anos. O rapaz luta para equilibrar as profundas responsabilidades espirituais que tem para com a sua comunidade, com a vida de um adolescente que ainda está a estudar no liceu e quer singrar na fria e materialista Mongólia moderna.

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Bowling Saturno

Nesta fita da francesa Patricia Mazuy, um agente da polícia que recebeu uma pista de bowling de herança do pai, e a passou ao seu meio-irmão, é desviado da investigação de uma série de assassinatos por causa dos problemas de gestão daquele.

A Hora Silenciosa

Joel Kinnaman e Mark Strong interpretam A Hora Silenciosa, um thriller sobre um detective da polícia com deficiência auditiva, que tem que enfrentar um grupo que quer eliminar a testemunha surda de um homicídio cometido no prédio em que vive.

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Vampira Humanista Procura Voluntário Suicida

Comédia negra e fantástica canadiana, sobre uma jovem vampira que é demasiado sensível para matar e se alimentar. Quando os pais, também vampiros, lhe cortam, exasperados, o fornecimento de sangue, ela conhece um adolescente com tendências suicidas.

Na Mata dos Medos

Uma realizadora que enviuvou recentemente, e cuja única filha saiu de casa, agarra-se a um projecto de filme-ensaio sobre os primeiros amores, ainda à espera de financiamento. De súbito, estamos no filme dela. Realização de António Borges Correia.

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Lendarys – A Lenda

Animação franco-canadiana passada num mundo imaginário povoado por criaturas fantásticas e monstros perigosos, e onde Zak, de 13 anos, vai em busca do seu irmão gémeo, Kyle, que desapareceu misteriosamente.

Filmes em cartaz esta semana

  • Filmes
  • Terror
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Comemorando os 50 anos da sua estreia, e assinalando o Dia das Bruxas, regressa aos cinemas este clássico com o qual Tobe Hooper entrou de rompante no cinema de terror e se impôs dentro do género. Cinco jovens que se dirigem ao Texas para visitar a sepultura do avô de dois deles, são aterrorizados por uma família de canibais. Um dos seus membros, deficiente mental, além de usar uma máscara feita de pele de uma cara humana, é exímio a manejar uma serra mecânica. O filme teve várias continuações (a parte II foi ainda realizada por Hooper), remakes e prequelas, e estabeleceu a matriz para uma série de incontáveis imitações, variantes e pastiches, mas foram todas esquecidas, porque menores e grosseiras. Só Massacre no Texas permanece vivo, a mexer e a incomodar, meio século depois. E nunca mais as serras mecânicas foram encaradas da mesma maneira.

  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sean Baker (Tangerine, The Florida Project, Red Rocket) ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com esta comédia dramática sobre Ani/Anora, uma jovem dançarina erótica e prostituta de Brooklyn de ascendência uzbeque, que se envolve e depois casa precipitadamente em Las Vegas com o estouvado e irresponsável filho de um oligarca russo que está a estudar nos EUA, espalhando a confusão entre o padrinho deste e os seus capangas, que ficaram de cuidar do rapaz, e obrigando os pais a vir à pressa da Rússia para resolver a situação. Filmado em película de 35 mm e widescreen, e parecendo ter saído dos anos 70 pelo realismo directo, pela autenticidade geral e pelo pitoresco comunicativo das personagens, todas elas com origens ou ascendência de Leste (uzbeques, arménios, russos), Anora glosa o cliché da stripper/dançarina erótica/prostituta de coração de ouro, espírito prático e ingenuidade de sentimentos, para erguer um filme que é parte farsa acelerada ao melhor jeito screwball, parte história amarga de uma Gata Borralheira contemporânea frustrada, e parte retrato empático de personagens muito queridas ao realizador, aquelas que vivem, trabalham e sobrevivem, legal ou ilegalmente, nas franjas da sociedade americana, sobretudo ligadas ao mundo do sexo. No papel da profissionalmente pragmática e vivida, mas sentimentalmente ingénua e tenrinha Ani, a pequena e dinâmica Mikey Madison carrega o filme às costas e é o seu hiperactivo centro de gravidade, e nunca permite que a personagem venha mendigar a nossa pena, no que é imitada por Sean Baker. Eurico de Barros         

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Conclave

Ralph Fiennes lidera o elenco de Conclave, um thriller todo passado no Vaticano, após a morte súbita do Papa, que obriga à convocação de um conclave para eleger o seu sucessor. Mas há muita ambição, muitos interesses e alguns segredos chocantes na sombra. Esta adaptação do best-seller homónimo de Robert Harris publicado em 2016 conta ainda com John Lithgow, Stanley Tucci, Sergio Castellitto e Isabella Rosselini.

A Substância

Demi Moore interpreta, neste filme de terror realizado pela francesa Coralie Fargeat, Elizabeth Sparkle, uma estrela de cinema em declínio que é despedida de um programa de televisão por causa da idade. Recorre então a uma nova droga que circula no mercado negro, a substância do título, que replica as células do corpo humano e cria temporariamente uma versão mais jovem de si mesma, saída da sua espinal medula e chamada Sue (Margaret Qualley). E que é contratada para um programa igual ao seu. Prémio de Melhor Argumento em Cannes.

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O Conde de Monte Cristo

Assinada pelos autores da mais recente adaptação de Os Três Mosqueteiros, Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière, esta nova versão do romance clássico de aventuras e vingança de Alexandre Dumas é o filme francês mais caro de 2024, com um orçamento de 43 milhões de euros. Já fez mais de oito milhões de entradas, sendo um dos grandes sucessos de 2024 e o terceiro título mais lucrativo da actual temporada cinematográfica em França. Pierre Niney interpreta Edmond Dantès.

+ A nova vida do Conde de Monte Cristo

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A matemática é uma realidade muito pouco cinematográfica. Daí que os filmes em que aparece, e tirando a biografia ocasional de um grande matemático – é o caso de O Homem que Viu o Infinito, de Matt Brown – ou de documentários como N is a Number: A Portrait of Paul Erdös, é quase sempre para servir de cabide para uma história principal. Como sucede, por exemplo, em fitas como Uma Mente Brilhante, de Ron Howard, Proof – Entre o Génio e a Loucura, de John Madden, ou O Bom Rebelde, de Gus van Zant. É raro os números estarem no centro dos acontecimentos, como acontece em Pi, de Darren Aronofsky. 

Em O Teorema de Marguerite, de Anna Novion, que competiu no Festival de Cannes de 2023, a matemática é impenetrável e de altíssimo voo intelectual (trata-se da Conjuntura de Goldbach, proposta no século XVIII por Christian Goldbach, um dos problemas mais antigos não resolvidos da história da matemática), mas está intimamente ligada à personagem principal, Marguerite Hoffmann (Ella Rumpf), uma brilhante, solitária e algo excêntrica jovem matemática da École Normale. Marguerite vive, respira e digere matemática, e está a preparar a sua tese sob a orientação do professor Werner (Jean-Pierre Darroussin). Mas quando, durante uma exposição pública da sua tese, um outro jovem doutorando, Lucas (Julien Frison) aponta um erro no teorema a que se dedicou totalmente, e a deita por terra, Marguerite fica sem chão. 

Em vez de começar tudo de novo sob a orientação de um outro docente, como lhe aconselha o professor Werner, Marguerite tem um acesso parte de raiva, parte de frustração, e decide cortar radicalmente com a universidade e a matemática, e recomeçar a vida longe dos números e dos teoremas. Arranja um emprego numa loja de calçado desportivo num centro comercial e vai partilhar um pequeno apartamento com Noa (Sonia Bonny), uma descontraída bailarina que conheceu numa formação (da qual foi expulsa por ter identificado e apontado erros deliberados e tendenciosos no formulário de um inquérito ao público) e que não pesca nada de números. Marguerite irá não só tornar-se mais autónoma e desembaraçada, como também descobrir as alegrias e as dores da vida social e afectiva.

Só que Anna Novion está menos interessada em filmar uma qualquer “libertação” da obsessão com a matemática por parte de Marguerite, do que em mostrar que, apesar da jovem a ter renegado, ela continua sempre a acompanhá-la e a defini-la, e a ser-lhe fundamental para conseguir singrar fora da universidade (ver a forma como começa a ganhar bom dinheiro para a sua subsistência a jogar Mahjong com os chineses do bairro para onde se mudou, recorrendo ao seu génio matemático). E que as novas experiências em sociedade e sentimentais de Marguerite a tornam mais madura e segura, vão dar-lhe um segundo fôlego para regressar à sua paixão, agora numa parceria, e ainda com mais determinação, e voltar a confrontar-se com a conjuntura que nunca foi resolvida.

Em O Teorema de Marguerite, a matemática não existe para ser “explicada” de alguma forma, muito menos para ser facilmente execrada, mas para ser verosímil em termos do seu peso intelectual e da sua densa complexidade, da importância fulcral que tem para a protagonista e do enorme desafio que representa para ela, contribuindo assim para a evolução pessoal de Marguerite, a movimentação da narrativa e o dramatismo da história (e mesmo para os seus momentos cómicos pontuais). O que está aqui em causa não é a matemática “contra” a vida, mas sim a matemática “mais” a vida. 

Anna Novion não resiste a contemplar um ou dois lugares-comuns visuais das fitas envolvendo matemática e matemáticos (o apartamento coberto de equações do tecto ao chão e até em objectos como o papel higiénico), nem a um final feel good adivinhável, mas o filme não sofre particularmente com isso, e Ella Rumpf (prémios César e Lumière de Melhor Esperança Feminina) compõe Marguerite com credibilidade na forma de ser, funcionar e agir, e com circunspecção e graça, primeiro na fase de marrona, tímida e anti-social da personagem, e depois na fase mais aberta ao mundo, aos outros e aos sentimentos. Talvez o melhor elogio que possamos fazer a O Teorema de Marguerite é que não precisamos de gostar de matemática e termos tirado boas notas na disciplina na escola, para o vermos e apreciarmos. 

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O Jogo da Rainha

Na Inglaterra dos Tudor, Katherine Parr (Alicia Vikander), a sexta e última mulher de Henrique VIII (Jude Law), é nomeada regente durante as campanhas militares do rei. Neste papel temporário, a rainha tenta influenciar os conselheiros do monarca em direcção a um futuro baseado na sua crença protestante. Quando regressa da guerra, Henrique VIII está cada vez mais doente e paranóico, e Katherine vai ter de lutar pela sua sobrevivência. Realização do brasileiro Karim Ainouz.

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Escrito por Eduardo Agualusa com base em três livros do autor, antropólogo e cineasta luso-angolano Ruy Duarte Carvalho, e rodado em Angola por Sérgio Graciano, Os Papéis do Inglês tem como principal protagonista o próprio Ruy Duarte Carvalho (João Pedro Vaz), que anda à procura, no deserto da Namíbia, de uns documentos deixados pelo pai, que podem ajudar a desvendar um mistério ocorrido em 1923, no que é acompanhado por um velho e filosófico cozinheiro e assistente negro. As luzes e as sombras do passado colonial e pós-independência de Angola enformam toda a narrativa desta fita profundamente melancólica e contidamente emocionada, que tocará os espectadores quanto maiores e mais apertados sejam os laços afectivos com este país e as suas experiências e vivências nele antes e depois do 25 de Abril e da independência. E isto apesar de alguns diálogos mais “literários”, de se notarem as costuras das três histórias diferentes que a compõem, e dos 15 ou 20 minutos de palha visual e verbal que podiam ter sido cortados aqui e acolá.

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  • Filmes
  • Ficção científica
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Estamos no mais escuro e no mais frio do Inverno na cidade russa de Yakaterinburgo, e Petrov (Semyon Serzin), um autor de banda desenhada divorciado de uma bibliotecária e com um filho pequeno, está com uma descomunal gripe em cima e cheio de febre, e no interior de um autocarro onde os passageiros não param de embirrar com a revisora, e uns com os outros. A certa altura, um deles, um idoso, começa com uma diatribe contra os ricos, o governo, os políticos e os judeus, que conclui com a frase: “Deviam era ser todos mortos!”. Segundos depois, vemos um grupo de homens armados a fuzilar na rua, mesmo ali ao lado o que parecem ser as pessoas referidas no arrazoado do idoso do autocarro.

Petrov é o protagonista de A Febre de Petrov, de Kirill Serebrennikov (autor do excelente Verão), e esta sequência dá o mote para o resto do filme, adaptado de um romance do escritor Alexei Salnikov. Nele, o realizador passa o tempo, quase sempre de um plano para o outro e de forma cerradamente arbitrária, a obliterar a fronteira entre realidade e fantasia, entre o nosso mundo e o dos sonhos, o presente e o passado, o tempo e o espaço, entre níveis de realidade e entre os pontos de vista das várias personagens. Só um exemplo: numa das sequências, o protagonista (e o espectador ao mesmo tempo que ele) descobre que estava a ler o manuscrito de um livro que o seu amigo Sergei tenta, debalde, publicar, e que se incluiu na história.

Confuso? Sim, por vezes, A Febre de Petrov pode sê-lo, tal a forma como o realizador anda de personagem em personagem, de situação em situação, de uma dimensão para outra, do real para o imaginado, para o sonho, a alucinação ou para o desejado, num verdadeiro aluvião narrativo e visual. Há momentos em Kirill Serebrennikov não consegue impedir o filme de cair no caos ou de se tornar ininteligível. Mas logo a seguir tudo se recompõe e estamos de novo no carro funerário onde Petrov e os seus amigos se embebedaram, ou com a mulher dele na sombria e encardida biblioteca municipal em que trabalha e onde tem que separar poetas que começaram à pancada durante a reunião do seu clube literário; ou ainda a ver um luminoso OVNI furar de súbito a escuridão de breu da noite de Yakaterinburgo, por entre a neve que não cessa de cair.   

Comédia muito negra e ainda mais desesperada, sátira existencial e absurda à vida na Rússia de hoje, fantasmagoria de ambiente hiper-realista, alucinação ciente de si mesma, sonho febril que é sonhado de olhos abertos, A Febre de Petrov está longe de ser um filme confortável de ver e fácil de digerir, muito menos de enfiar numa categoria. Se Serebrennikov não tinha quaisquer ilusões sobre a natureza do extinto regime comunista soviético (ver o citado Verão, de 2018), também não está nada optimista com aquele que tomou o seu lugar (aliás, o realizador tem tido sérios problemas com as autoridades do seu país), como podemos constatar em The Student (2016) e muito em especial neste espesso e taciturno, atormentado e alucinatório A Febre de Petrov

Convinha agora que alguém se lembrasse de estrear Limonov: The Ballad, o novo filme de Kirill Serebrennikov, sobre o recentemente desaparecido e controverso escritor, poeta, dissidente, activista e político russo Eduard Limonov, ao qual o escritor francês Emmanuel Carrère dedicou uma biografia romanceada, Limonov, que o polaco Pawel Pawlikowski esteve para adaptar ao cinema em 2017. E que, de preferência, não se estreasse em Portugal com três anos de atraso, como sucedeu com A Febre de Petrov.

Megalopolis

Levou várias décadas a Francis Ford Coppola rodar este filme, que acabou por financiar do seu bolso, num total de 120 milhões de dólares. É uma fita épica e futurista, cheia de referências clássicas e de fundo alegórico. O enredo passa-se na cidade de Nova Roma, que está no centro de um conflito entre Cesar Catilina (Adam Driver), um brilhante artista e arquitecto, e o Presidente da Câmara, Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito). Também com Jon Voight, Shia LaBoeuf e Talia Shire.

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  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Dennis Quaid personifica, neste filme biográfico realizado por Sean McNamara, o presidente dos EUA Ronald Reagan, cuja vigência no cargo na década de 80 marcou de forma indelével não só o seu país como o mundo inteiro, ao ter levado à queda do Muro de Berlim e do comunismo no Leste, bem como ao fim da Guerra Fria e da ameaça de uma guerra nuclear entre o Ocidente e a antiga União Soviética. Reagan celebra, aberta e descomplexadamente, a figura, a vida e os feitos económicos e políticos, e o arcaboiço de estadista do seu biografado, da infância até à Casa Branca, sem esquecer os anos passados em Hollywood e a carreira de actor sofrível e frustrante. Quaid interpreta Ronald Reagan na perfeição, sem cair na armadilha da “imitação” muito trabalhada e muito óbvia, apanhando-lhe, por um lado, quer o modo de ser bonómico e directo, quer a firmeza e a convicção na acção política, e pelo outro, os maneirismos, o tom da voz, o enorme carisma e os traços de personalidade. Também com Penelope Ann Miller no papel de Nancy Reagan, Jon Voight no antigo analista do KGB que conhece o homem e o político Ronald Reagan como poucos e narra a fita num enorme flashback, Lesley-Anne Down, Mena Suvari e C. Thomas Howell.

Robot Selvagem

A nova animação de longa-metragem da DreamWorks tem como herói um robô inteligente, a unidade 7134 da Rozzum, que fica preso numa ilha depois de um naufrágio. Não há ali humanos, apenas vida animal, e o robô tem que se habituar ao ambiente adverso em que foi lançado, estabelecendo, pouco a pouco, relações com os animais e acabando por se tornar na “mãe” de um ganso órfão. As vozes são, entre outros, de Lupita Nyong’o, Pedro Pascal, Mark Hammil e Bill Nighy.

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  • Filmes
  • Documentários
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Filmes caseiros e arquivos pessoais inéditos, e muitas entrevistas, revelam neste documentário de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui como é que Christopher Reeve passou de actor desconhecido a intérprete do Super-Homem e a estrela de cinema.

Depois de uma queda de cavalo quase fatal em Maio de 1995, que o deixou paralisado do pescoço para baixo, dependente de um ventilador para respirar, e dos cuidados alheios para tudo na sua vida quotidiana e profissional, Reeve tornou-se num activista da causa dos tratamentos de lesões da espinal medula, e dos direitos dos tetraplégicos como ele, usando como alavanca a sua fama como Super-Homem, papel que interpretou com colossal sucesso em quatro filmes, nos anos 70 e 80.

Depois de ser o maior dos super-heróis no cinema, Christopher Reeve tornou-se assim num herói a sério do mundo real (morreria em 2004, faz em breve 20 anos). Em todo este processo foram fundamentais, pelo seu imenso amor, inabalável dedicação, trabalho contínuo e incomensurável espírito de sacrifício, Dana, a mulher e mãe do seu terceiro filho (o actor tinha também um rapaz e uma rapariga de Gae, uma ligação anterior, com quem não chegou a casar), os seus três filhos (que prestam depoimentos muito emocionados) e vários amigos, com destaque para Robin Williams, que conhecia Reeve desde que ambos frequentaram a Julliard em Nova Iorque, e eram como irmãos. Williams chegou inclusivamente a pagar-lhe as despesas médicas quando o casal estava mais aflito de finanças.

Os dois realizadores não ficam pela vida pós-acidente de Christopher Reeve, falando também do seu background familiar, de como ele conseguiu o papel de Super-Homem, que o tornou de actor desconhecido em estrela planetária, da sua vontade de não ficar prisioneiro do Homem de Aço para o resto da sua carreira, ou de como conseguiu continuar a trabalhar, à frente e depois atrás das câmaras como realizador, mesmo confinado à sua cadeira de rodas.

Para figurarem a gradual degradação física de Reeve, Ian Bonhôte e Peter Ettedgui recorrem a uma boa e dramática ideia visual: um modelo digital e estilizado de Super-Homem feito a partir da figura do actor, que é lentamente afectado pela kryptonite, o único material a que aquele não é invulnerável, à medida que o filme decorre. Super/Homem: A História de Christopher Reeve é a história de um homem que foi “super” no celulóide e fora dele.

Joker: Loucura a Dois

Joaquin Phoenix regressa ao papel de Joker/Arthur Fleck neste segundo filme sobre o grotesco vilão do universo de Batman, de novo realizado por Todd Phillips, que volta a assinar o argumento com Scott Silver. Arthur está internado no asilo para doentes mentais de Arkham, onde aguarda julgamento pelos seus crimes e se debate com a sua dupla personalidade. É lá que vai encontrar o amor, na pessoa de Lee Quinzel (Lady Gaga), bem como uma inusitada vocação para a música.

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Lee Miller: Na Linha da Frente

Kate Winslet produz este filme biográfico e personifica Lee Miller, a modelo, fotógrafa e fotojornalista que cobriu a II Guerra Mundial para a revista Vogue, nomeadamente a entrada dos aliados em Paris nos campos de concentração de Buchenwald e Dachau, e foi amiga de artistas como Picasso, Cocteau, Man Ray, Henry Moore ou Paul Éluard. No elenco encontramos ainda Marion Cotillard, Alexander Skarsgard, Andrea Riseborough e Andy Samberg. Ellen Kuras realiza em estreia.

Grand Tour

Prémio de Melhor Realização no Festival de Cannes deste ano, a nova longa-metragem de Miguel Gomes é um misto de pastiche de filme da era colonial e de documentário contemporâneo em digressão por vários países Ásia. Em Rangum, na Birmânia, em 1917, Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público britânico, foge da noiva, Molly (Crista Alfaiate), no dia em que ela chega de Inglaterra para se casarem. Mas Molly, em vez de ficar a chorar, decide persegui-lo.

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  • Filmes
  • Fantasia
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Ele é feio, repelente, mau, vigarista, cobardolas, falso, desbocado, lúbrico, inconveniente e não tem a menor noção de estilo. Ele é um demónio menor, um fantasma ou um espírito maligno, tanto faz. Beetlejuice é perigoso, indigno de confiança, infrequentável. E é também irresistível, tal como Tim Burton o criou e Michael Keaton o personificou em Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se, o clássico da comédia de terror de 1988, que deu o empurrão decisivo na carreira do realizador, após o inesperado sucesso da sua primeira longa-metragem, A Grande Aventura de Pee-Wee três anos antes, em 1985, com Paul Reubens.

Mais de 30 anos depois, Beetlejuice regressa na muito aguardada continuação do primeiro filme, Beetlejuice Beetlejuice, e agora até com mais tempo de ecrã do que em Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se. E com ele regressam várias das personagens deste. Lydia Deetz (Winona Ryder) é agora uma médium de sucesso que apresenta um popular programa de televisão em que investiga fenómenos paranormais. Lydia namora o seu agente, o oleoso e dúbio Rory (Justin Theroux), um debitador de inanidades New Age e woke. Quando o pai morre num desastre de avião no Pacífico, Lydia, a filha Astrid (Jenna Ortega) – uma adolescente rebelde, activista pelo ambiente e que não acredita no sobrenatural e tem vergonha da mãe – e a avó desta, Delia (Catherine O’Hara) – que agora é uma tão célebre como ridícula artista conceptual –, voltam a Winter River e à casa do primeiro filme, para assistirem ao funeral. E, devido às cabriolas do enredo, Beetlejuice acaba também por voltar a entrar na equação.

Ao som da música endemoninhada de Danny Elfman, Tim Burton revela-se em grande forma e filma, a mata-cavalos e em júbilo de comédia macabra e anárquica com acessos de gore paródico, Beetlejuice a tentar outra vez deitar a mão a Lydia para a eternidade enquanto foge da ex-mulher, Delores (Monica Bellucci), que matou e desmembrou à machadada quando ela o tentou envenenar para lhe sugar a alma, e que agora o persegue, depois de se conseguir reconstituir com uma pistola de agrafos; um comboio chamado Soul Train que leva as almas dos mortos aos seus vários destinos, infernais ou celestiais, enquanto se saracoteiam ao som de música disco; o funcionamento cada vez pior da burocracia pós-morte no outro mundo; ou ainda um casamento demencial em que noivos, padre e assistentes fazem playback da canção MacArthur Park, de Richard Harris.

No meio de toda esta balbúrdia no Além – e no lado de cá –, Burton cita e homenageia O Gabinete do Dr. Caligari, o cinema de Mario Bava e a série de filmes de terror de culto dos bebés monstruosos de Larry Cohen iniciada com O Monstro Está Vivo, recorre aos efeitos especiais de animação tradicionais de que sempre gostou e deixa os digitais para segundo plano, e dá pequenos papéis hilariantes a Danny DeVito (um zelador resmungão da repartição da função pública do Além) e a Willem Dafoe (um mau actor de fitas de acção quando estava vivo e um detective particular que continua a julgar que é actor – e sempre mau – depois de morto). E permanece fidelíssimo a tudo o que fez triunfar o filme original e o transformou num dos mais bem-amados pelos burtonianos ferrenhos de primeira hora. 

Quanto a Michael Keaton, o que mais podemos dizer senão que continua a ser um Beetlejuice euforicamente truculento e politicamente incorrectíssimo, quer faça juras de amor repugnantes a Lydia, quer despeje as tripas – mesmo! – perante ela e o namorado, quer tiranize os funcionários do seu negócio de “bioexorcista” (Tim Burton não se esqueceu de fazer regressar também Bob, o explorador da cabeça encolhida, agora adjunto de Beetlejuice na empresa), quer toureie um Verme das Areias no meio de uma igreja devidamente vestido de matador. Como ele diz na sua primeira aparição no nosso mundo em Beetlejuice Beetlejuice, “The Juice is loose!”. E no mais espalhafatoso, desopilante e tétrico estilo.

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Pawo Choyning Dorji, autor de Um Iaque na Sala de Aula (2019) assina esta fita ambientada no Butão, em 2006. O velho rei abdicou no filho, o país foi o último do mundo a ligar-se à Internet e à televisão, poucos anos antes, e vai agora transformar-se numa monarquia constitucional com eleições. Para ensinar as pessoas a votar nas próximas legislativas, as autoridades organizam uma simulação de eleições, mas aquelas, para as quais a religião é mais popular do que a política, não parecem convencidas. E há um venerando lama que pediu a um jovem discípulo que lhe arranjasse uma espingarda no dia das eleições. Espingarda essa que, por ser antiga e muito valiosa, é cobiçada por um rico coleccionador americano que veio ao Butão de propósito para a comprar. O fotógrafo e cineasta butanês realiza, em O Monge e a Espingarda, uma comédia satírica leve, levezinha, sempre discretamente sorridente, e a espaços um tudo nada simplista, sobre a chegada da democracia de modelo ocidental a um país budista remoto e inocente, que até aí vivia num regime de monarquia absoluta, os consequentes choques culturais, de mentalidade e religiosos, e o impacto da televisão e da Net – e dos rituais da política partidária – na vida dos seus compatriotas.

Filmes em estreia no streaming

Derreter de Amor

Fantasia romântica em que uma jovem viúva, Kathy, dá vida a um charmoso boneco de neve na quadra do Natal, graças a um cachecol mágico. Mas será que ele consegue ajudá-la a redescobrir o amor, o riso e a alegria natalícia antes de derreter?

Netflix. Estreia a 13 de Novembro

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