Atentado de 5 de Setembro
Jürgen Olczyk | Atentado de 5 de Setembro
Jürgen Olczyk

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Atentado de 5 de Setembro’ a ‘Oh, Canada’

As estreias de cinema, os filmes em exibição e os novos filmes para ver em streaming, incluindo ‘Ainda Estou Aqui’, ‘Bridget Jones: Louca por Ele’ ou ‘A Rapariga da Agulha’.

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Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes.

Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses

Filmes em estreia esta semana

Atentado de 5 de Setembro

Durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972, uma equipa de técnicos e de jornalistas de desporto da estação americana ABC, que está a seguir o evento, é obrigada a adaptar-se para cobrir o caso dos atletas israelitas que foram feitos reféns por um comando palestiniano. Recriando factos reais, Atentado de 5 de Setembro é realizado por Tim Fehlbaum e documenta como foi feita esta transição, destacando a intensa experiência profissional e emocional que constituiu a primeira cobertura em directo de uma tragédia global. Com Peter Sarsgaard, Ben Chaplin, Leonie Benesch e John Magaro.

+ O Atentado de 5 de Setembro: a tragédia dos Jogos Olímpicos de Munique vista pela televisão

Oh, Canada

Leonard Fife (Richard Gere) é um de muitos milhares de americanos que fugiram a combater na Guerra do Vietname e se instalaram no Canadá, nas décadas de 60 e 70. Agora um aclamado documentarista a sofrer de cancro em fase terminal, Fife aceita ser entrevistado por uma equipa de antigos alunos, na presença da mulher, Emma (Uma Thurman). Ao mergulhar fundo no passado, ele acaba por desmistificar a sua vida mitificada, em que os sucessos caminham ao lado de fracassos e mentiras. Realização de Paul Schrader.

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Flow – À Deriva

Prémio do Júri e do Público no Festival de Annecy, Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação e candidato ao Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, Flow – À Deriva, é realizado pelo letão Gints Zilbalodis e passa-se num mundo futuro decadente que é atingido por uma gigantesca inundação. Um gato que vive numa casa numa árvore encontra refúgio num barco onde estão várias outras espécies, que para sobreviver vão ter que juntar esforços e esquecer as suas divergências.

Bucha – Memória ou Esquecimento

Filme do ucraniano Stanislav Tiunov sobre um refugiado do Cazaquistão que, na Primavera de 2022, salvou centenas de cidadãos ucranianos em Bucha e noutras localidades que foram ocupadas pelas tropas russas.

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O Macaco

Filme de terror baseado num conto de Stephen King. Dois gémeos descobrem no sótão de casa o sinistro macaco de brinquedo que pertenceu ao pai. A partir desse momento, começam a dar-se acontecimentos horríveis.

Longe da Estrada

Hugo Vieira da Silva (Posto Avançado do Progresso) e Paulo MilHomens assinam esta fita passada no Taiti, em 1903. O médico, poeta e artista Victor Segalen chega a Hiva-Ao para conhecer Gauguin, e é informado que o pintor morreu.

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O Auto da Compadecida 2

Continuação do filme de 2000 baseado na peça de teatro O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, e remontado de uma minissérie de televisão, com Selton Mello e Matheus Nachtergaele de novo nos papéis principais.

Ouro Verde

Na tentativa de salvar o filho de uma muito suspeita condenação à morte na Indonésia, uma francesa lança-se num combate desigual contra os responsáveis pelas plantações de óleo de palma locais. Com Alexandra Lamy, Félix Moati e Philippe Torreton.

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Emma – A Grande Aventura

Filme de animação sobre Emma, uma menina em miniatura que foi adoptada e criada por pais animais, e que anseia por descobrir as suas raízes humanas. Certo dia, encontra uma ilha escondida cheia de pequenos humanos como ela.

Filmes em cartaz esta semana

Bridget Jones: Louca por Ele

Renée Zellweger está de regresso à personagem de Bridget Jones em mais um filme desta série. Viúva após a morte de Mark (Colin Firth) numa missão humanitária no Sudão, ela está agora sozinha com os filhos Billy, de nove anos, e Mabel, de quatro, que cria com a ajuda dos seus bons amigos e até de Daniel Cleaver (Hugh Grant), o seu antigo amante. Envolta num limbo emocional, Bridget é pressionada a abrir um novo caminho na sua vida. Volta a trabalhar e decide experimentar as aplicações de encontros, envolvendo-se então com um jovem sonhador e entusiasta.

+ Tudo sobre ‘Bridget Jones: Louca por Ele’, e sobre ela mesma

  • Filmes
  • Terror
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O versatilíssimo e incansável Steven Soderbergh envereda agora pelo terror em A Presença, onde filma uma família de quatro pessoas que se instala na sua nova casa nos subúrbios de uma grande cidade, que tem cem anos mas foi renovada recentemente. A mãe, Rebekah, trabalha muito e adora o filho, Tyler, um nadador de competição, e o pai, Chris, tem que lembrar à mulher, que o domina, que não ela pode desprezar a filha adolescente, Chloe, deprimida após a morte da melhor amiga com uma overdose. Dos quatro, apenas Chloe sente, e logo desde que lá entra, uma presença sobrenatural na casa. O pai, a mãe e o irmão começam por pensar que a rapariga está psiquicamente perturbada com a morte da amiga, mas quando todos testemunham, certa noite, uma manifestação assustadora, convencem-se que existe mesmo um espectro na casa. Decidem então chamar uma vidente, que lhes dá a melhor, embora vaga, explicação sobre a assombração, mas o ambiente em casa, e entre os pais e os filhos, piora ainda mais desde aí.

Baseando-se em algo insólito que aconteceu na sua própria casa em Los Angeles, Steven Soderbergh entregou o argumento de A Presença ao prestigiado David Koepp com quem já tinha trabalhado antes, e rodou a fita no seu melhor estilo independente, poupadinho e “portátil”: em menos de um mês, quase toda no mesmo cenário, usando uma câmara Sony barata e equipada com uma lente adequada à ideia visual que orienta o filme (o realizador foi também o director de fotografia, operador de câmara e montador), sem efeitos especiais e um orçamento de apenas dois milhões de dólares. Dois detalhes importantes e originais: a história de A Presença é contada do ponto de vista do fantasma, e assim Soderbergh e Koepp dão uma grande volta ao cliché da família que se muda para uma velha casa que foi remodelada e é assombrada; e o espectro, ao contrário do habitual, é benigno e não maligno.

Steven Soderbergh despacha-se, e muito bem, em apenas 85 minutos, sem lançar mão de sustos ou de sobressaltos, confiando apenas na atmosfera de crescente tensão e incómodo que se vive na casa, a par do clima de gradual dissolução familiar, e convém ter tido atenção às palavras da vidente quando visitou a casa para entendermos a explicação final. Não há muitos ghost movies contados da perspectiva das entidades fantasmagóricas, e A Presença faria uma sessão dupla ideal com Os Outros, de Alejandro Amenábar, que apesar de ser um filme bastante diferente, tem este ponto em comum com o de Soderbergh.

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A Rapariga da Agulha

Filme dinamarquês passado em Copenhaga, em 1919 e que tem como protagonista Karoline, uma jovem operária grávida e abandonada pelo homem que a pôs nesta condição. Ela conhece então Dagmar, uma mulher que gere uma agência de adopção clandestina, que funciona numa loja de doces e ajuda mães pobres e desamparadas a encontrar lares de acolhimento para os seus filhos indesejados ou que não conseguem sustentar. Realizado por Magnus von Horn, A Rapariga da Agulha competiu no Festival de Cannes e é candidato ao Óscar de Melhor Filme Internacional.

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Em Janeiro de 2020, um realizador chinês convence a equipa técnica e os actores a retomarem, em Wuhan, a rodagem de um filme interrompido uma década antes. Com as filmagens quase concluídas, começam a circular rumores sobre uma nova e estranha doença. Alguns elementos do elenco e da equipa conseguem sair do hotel em que estão alojados antes de este fechar. Os restantes são confinados aos quartos e o realizador vai ter que decidir se interrompe as filmagens mais uma vez, quando Wuhan é isolada e posta em confinamento por causa da pandemia de Covid-19.

Realizado por Lou Ye, Crónicas Chinesas é um documento dramatizado sobre o dia-a-dia, o tédio e as angústias do confinamento radical em Wuhan, através da situação dos actores e técnicos que não conseguiram deixar o hotel e a cidade e ficaram lá retidos durante longo tempo, sem poderem comunicar uns com os outros, e com o exterior, senão por telemóvel e computador. E que inclui, no final, imagens da violenta contestação popular naquela cidade às brutais medidas sanitárias e securitárias impostas pelo regime chinês, que envolveram confrontos com polícia e membros das equipas de saúde, e a destruição de instalações e equipamentos, imagens essas pouco ou mesmo não divulgadas fora do país.

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Sing Sing

Colman Domingo interpreta e é um dos produtores desta fita passada na prisão de Sing Sing. Divine G, que está lá preso por um crime que não cometeu e aguarda a decisão de um recurso que o poderá devolver à liberdade, encontra ânimo e um propósito como membro do grupo de teatro da instituição, que acabou de fazer uma peça de Shakespeare e está a debater a próxima produção. O filme, realizado por Greg Kwedar, inspira-se na experiência do próprio Divine G no programa Reabilitação Através das Artes, tem a participação de vários ex-reclusos como ele e está nomeado para três Óscares.

  • Filmes
  • Drama
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

James Mangold, o realizador de A Complete Unknown, não gosta que digam que o seu filme é um “biopic” de Bob Dylan. Como declarou numa entrevista à revista Vogue: “É uma forma de deitar um filme abaixo, de o desmerecer. É um termo usado de forma pejorativa para indicar uma história que vai do berço até à sepultura do biografado, com muitas participações breves de pessoas famosas, que entram e saem rapidamente. Quando as pessoas usam esse termo, querem dizer que um filme não ganhou o direito à sua própria gravidade emocional – que está a viver à conta de aparências daquilo ‘que aconteceu na realidade’ para se atribuir uma integridade de obra de arte que poderá não ter.”

Escrito pelo próprio Mangold e por Jay Cocks, e baseado no livro de 2015 Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald, A Complete Unknown abrange cinco anos da vida e da carreira de Bob Dylan (interpretado por Timothée Chalamet), entre 1961 e 1965. A história vai da sua chegada a Nova Iorque, onde se instalou em Greenwich Village, quando era um desconhecido, até chegar à fama, ser considerado o porta-voz de uma nova geração e fazer a lendária actuação “eléctrica” no Festival de Música Folk de Newport, em que incorreu na fúria de um público purista que esperava um concerto acústico e não de rock n’roll com um grupo, e que marcou um novo ciclo na carreira de Dylan, bem como uma nova etapa na música pop/rock.

Entre os vários nomes que se cruzam com ele ou o acompanham em A Complete Unknown, e que foram importantes, pessoal, artistica ou sentimentalmente para Dylan, estão Joan Baez, Pete Seeger, Woody Guthrie, Johnny Cash (que James Mangold já biografou em Walk the Line, de 2005), Bob Neuwirth, Paul Butterfield, Dave Van Ronk ou Al Kooper.

O filme faz, assim, uma síntese desses cinco importantíssimos anos, e muito mais do que tentar “explicar”, decifrar ou analisar Bob Dylan e a sua música, ou revelar as suas influências, mostra o efeito da sua presença e das suas canções sobre os que o rodeavam, e o seu impacto no conturbadíssimo contexto socio-político do tempo (luta pelos direitos civis dos negros, Guerra Fria a escaldar com a crise dos mísseis cubanos e a ameaça de uma guerra atómica, advento do movimento da contracultura), bem como o individualismo ferrenho do músico, que sempre se esquivou a ser porta-voz, representante ou militante de uma geração, um movimento ou uma escola. Dylan nunca quis estar onde os outros pretendiam que ele estivesse, ou julgavam que ele estava, e James Mangold ilustra-o no filme, não se negando também a destacar os aspectos menos simpáticos da sua personalidade.

A época está inatacavelmente recriada, da Greenwich Village boémia e artística ao ambiente de purismo musical e engajamento político do Festival de Folk de Newport, Timothée Chalamet tem o seu melhor papel até à data como Bob Dylan, mesmo que por vezes a sua interpretação seja mais imitação do que personificação, e Edward Norton é muito bom como Pete Seeger, tal como o Johnny Cash de Boyd Holbrook é “spot on”. A Joan Baez de Monica Barbaro é já menos conseguida e Elle Fanning não tem lá muito para fazer como Sylvie Russo, aliás Suze Rotolo, a pintora e activista que foi a primeira namorada de Dylan em Nova Iorque. O filme foi oficialmente autorizado por Bob Dylan, e James Mangold teve que se reunir primeiro com Jeff Rosen, representante de longa data do músico e que é um dos produtores da fita, e depois com o próprio Dylan. O encontro, discretíssimo, foi num café de Santa Monica. Dylan pediu então ao realizador que lhe descrevesse o filme sucintamente, após o que deu a sua anuência ao projecto, tendo no entanto pedido que Suze Rotolo não fosse referida pelo nome.

Os dylanianos mais enciclopédicos notarão que A Complete Unknown toma – e necessariamente – algumas liberdades dramáticas e factuais. Mas quando James Mangold o comunicou a Bob Dylan, este disse-lhe apenas: “Who cares?”. Conhecendo Dylan, a resposta faz todo o sentido. 

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  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival de Cannes e nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional, o novo filme do iraniano Mohammad Rasoulof (O Mal Não Existe) foi rodado clandestinamente, e o cineasta está agora refugiado na Alemanha, após ter sido condenado a oito anos de cadeia e a ser chicoteado pelas autoridades do seu país (já tinha estado preso antes, mas a pena foi perdoada).

Iman, chefe de uma família da classe média de Teerão e jurista, é nomeado juiz de investigação, com poder para assinar sentenças de morte, durante os protestos de Setembro de 2022, desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini quando estava sob custódia policial. A arma que foi distribuída a Iman para protecção, e que guarda no quarto, desaparece, o que pode levar à sua demissão e queda em desgraça, e ele começa a suspeitar da mulher e das duas filhas, e torna-se cada vez mais desconfiado e paranóico, criando uma atmosfera insuportável em casa. Até que, por sugestão de um colega, obriga a mulher e as filhas a serem submetidas a um interrogatório, feito por um amigo do casal, militar e membro dos serviços secretos.

Por meio desta história, Rasoulof mostra os efeitos do regime teocrático repressivo sobre as famílias iranianas, e a forma como estas repercutem no seu interior o funcionamento dos mecanismos do poder político-religioso, e a submissão total e lealdade inquestionável que exigem. Mas também como estão a dividir as gerações e a causar atritos crescentes e rupturas violentas entre os seus membros, o que é ilustrado pela reacção das filhas de Iman, sobretudo a mais velha, aos acontecimentos nas ruas e ao comportamento do pai, ao mesmo tempo que a mãe tenta ser um elemento moderador entre o marido e aquelas.

As interpretações são todas excelentes e a tensão crescente é controlada com punho sempre firme pelo realizador, até o filme chegar a um clímax inesperado, e o único reparo que podemos fazer a A Semente do Figo Sagrado é o ser demasiada e desnecessariamente demonstrativo, sobretudo pelo repetido recurso a imagens dos tumultos feitas por participantes ou testemunhas nos seus telemóveis e depois divulgadas nas redes sociais.

Maria

Mais um filme biográfico sobre Maria Callas, agora interpretada por Angelina Jolie e assinado pelo chileno Pablo Larraín, que abre em Paris, em 1977. A Callas deixou de cantar e vive ali em reclusão, com os seus fiéis mordomo e empregada, e dois caniches. Recebe então um pedido para voltar a fazer uma digressão. Será que ela vai aceitar e regressar aos palcos em que se transformou na maior diva da ópera mundial? Também com Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher, Valeria Golino e Kodi Smit-McPhee.

+ Maria: Angelina Jolie traz a Callas de volta ao cinema

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Ainda Estou Aqui

Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro lideram o elenco deste filme de Walter Salles sobre o engenheiro civil e político brasileiro Rubens Paiva, que em 1971 foi preso e assassinado pelo regime militar então vigente. O seu corpo nunca foi encontrado. Ainda Estou Aqui inspira-se no livro com o mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, filho daquele, e adopta o ponto de vista de Eunice Paiva, a mulher do desaparecido. Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de Melhor Actriz num Filme Dramático pela sua interpretação.

  • Filmes
  • Terror
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Rober Eggers (A Bruxa, O Homem do Norte) é o autor desta nova versão do clássico mudo de terror que F.W. Murnau realizaou em 1922, e que teve já um remake, em 1979, da autoria de Werner Herzog. Bill Skarsgard interpreta o conde Orlok, o vampiro do título, acompanhado por Nicholas Hoult, Lily Rose-Depp, Willem Dafoe e Aaron Taylor-Johnson. Eggers modifica alguns aspectos da história original, ao mesmo tempo que mantém referências várias ao original de Murnau, bem como algumas à versão de Herzog, e ainda, sobretudo na concepção dos ambientes, aos filmes de vampiros da Hammer. A história deste novo remake, muito plúmbeo mas não excessivamente sangrento, que continua a passar-se na Alemanha do século XIX, centra-se na atormentada personagem de Ellen (Rose-Depp) e na sua ligação involuntária e sobrenatural (e com sugestões sexuais) ao ancestral vampiro, que por sua vez é caracterizado como os das velhas lendas e histórias do folclore do Leste e do Báltico, e cujo aspecto repugnante o realizador só revela mesmo no clímax. Willem Dafoe quase que “rouba” o filme no papel do excêntrico erudito e ocultista que lidera a caça ao monstro. Eurico de Barros      

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A Verdadeira Dor

Jesse Eisenberg escreve, realiza e interpreta um dos papéis de A Verdadeira Dor, sobre dois primos completamente diferentes em tudo e com vidas muito díspares (o outro é personificado por Kieran Culkin), que vão à Polónia numa viagem de homenagem à avó, recentemente falecida, que nasceu naquele país, sobreviveu aos campos da morte nazis e depois emigrou para os EUA.

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Esta longa-metragem animada de ficção científica (FC) e acção realizada pelo francês Jérémie Périn passa-se no futuro, primeiro na Terra e depois em Marte, quando este planeta está terraformado e colonizado, e os robôs e andróides estão perfeitamente integrados na sociedade. E a tecnologia permite não só “ressuscitar” os mortos e dar-lhes um corpo parte electrónico, parte virtual, como também fazer “duplos” cibernéticos das pessoas. Influenciado pela banda desenhada francófona de FC, pela animação japonesa (caso de Ghost in the Shell), pelos jogos de vídeo e por filmes como Robocop – Polícia do Futuro ou Blade Runner – Perigo Iminente, Jérémie Périn realiza um filme adulto, inventivo e complexo, que é uma boa alternativa, quer estética e formalmente, quer na concepção da história, às animações que nos chegam dos EUA e da Europa. E que reflecte sobre temas como as aplicações úteis e duvidosas da Inteligência Artificial, as interacções high tech entre homens, computadores, robôs e andróides, ou as implicações sociais e morais da criação de sósias artificiais dos humanos e de versões ciberneticamente “ressuscitadas” destes.

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Joan Baez: A Cantiga é uma Arma

Recusando o formato convencional do documentário biográfico, este filme de Miri Navasky, Maeve O’Boyle e Karen O’Connor  sobre a lendária cantora norte-americana Joan Baez acompanha-a na sua última digressão, ao mesmo tempo que anda entre o passado e o presente e explora o arquivo visual e fotográfico de Baez, recordando a sua vida nos palcos e fora deles, e destacando em especial os problemas psicológicos e as depressões de que a artista sempre sofreu.

Encontro com Pol Pot

Em 1978, três jornalistas franceses são convidados para visitar o Cambodja de Pol Pot, o ditador comunista genocida. Por essa altura, já dois milhões de cambodjanos foram assassinados pelo regime dos Khmer Vermelhos. Durante a estadia, a máscara da propaganda cai e a viagem torna-se num pesadelo. Rithy Pan continua a denunciar o horror totalitário que atingiu o seu país.

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Babygirl

A actriz e realizadora holandesa Halina Reijn (Corpos, Corpos, Corpos) conta com Nicole Kidman, Harris Dickinson e Antonio Banderas como principais intérpretes de Babygirl, um thriller de recorte erótico. Kidman dá corpo à poderosa e influente presidente do conselho de administração de uma importante empresa de robótica, que se envolve num romance tórrido com um estagiário bastante mais novo que ela, pondo em perigo a sua carreira e a sua vida familiar.

Mufasa: O Rei Leão

Depois da animação de longa-metragem de 1994 e do recente remake em imagem real gerada por computador, em 2019, a Disney continua a apostar nas personagens de O Rei Leão com este Mufasa: O Rei Leão, também feito em imagem real de síntese, realizado por Barry Jenkins, e com o qual o estúdio comemora ainda o 30.º aniversário da animação original. A fita conta a história de Mufasa, o futuro Rei Leão e pai de Simba, desde o tempo em que era uma cria órfã, perdida e sozinha.

+ Tudo o que precisa de saber sobre Mufasa: O Rei Leão

+ “Chorei mais com a morte do Mufasa do que com familiares meus”

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  • Filmes
  • Romance
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Mahin é uma mulher de 70 anos que vive sozinha em Teerão, após a morte do marido, há três décadas, e a ida das filhas para o estrangeiro. Após uma conversa com um grupo de amigas durante um almoço que dá em casa, Mahin conhece Faramarz, um taxista solitário e insatisfeito com a vida como ela, convida-o para sua casa. O governo do Irão tentou apreender a fita e Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, o casal de realizadores de O Meu Bolo Favorito, foram impedidos de sair do Irão para a acompanhar ao Festival de Berlim, estão proibidos de filmar e enfrentam agora a justiça. Através da história de Mahin, que ousa violar vários preceitos da lei islâmica para vencer a sua profunda solidão e poder ter alguns momentos de convívio e alegria em sua casa com o homem que acaba de conhecer e com o qual simpatizou, Moghaddam e Sanaeeha falam, além da solidão dos velhos, sobre a situação e os direitos de todas as mulheres iranianas, face a um regime teocrata, intolerante e hipocritamente puritano. Sem forçar a menor emoção nem recorrer à lamechice, e imitando nisso os realizadores, Lili Farhadpour é formidável e comovente no papel de Mahin.

Wicked

Primeira parte da adaptação ao cinema do musical da Broadway, e estrondoso sucesso comercial e crítico, que se baseia no livro homónimo de Gregory Maguire publicado nos anos 90, uma visão revisionista e azeda (demais, segundo alguns) da história de O Feiticeiro de Oz, mais precisamente das origens da Bruxa Má do Oeste, Elphaba (Cynthia Erivo), e da Bruxa Boa do Oeste, Glinda (Ariana Grande), e que inclui mais três continuações. A história de Wicked começa quando elas se conhecem na Universidade de Shiz, na Terra de Oz. Jon M. Chu realiza.

+ ‘Wicked’: um olhar diferente sobre a Terra de Oz

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O Quarto ao Lado

Vencedor do Festival de Veneza deste ano, O Quarto ao Lado é a primeira longa-metragem em inglês realizada por Pedro Almodóvar, e rodada nos EUA. Julianne Moore e Tilda Swinton interpretam duas mulheres que foram muito amigas quando eram jovens e trabalhavam na mesma revista, mas que se separaram pelas circunstâncias do trabalho e da vida. Muitos anos após se terem separado, voltam a encontrar-se, embora devido a uma situação trágica: uma delas tem um cancro.

  • Filmes
  • Animação
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Tal como a Pixar recorreu a Divertida Mente 2, a continuação de um filme muito popular, para tentar contrariar a maré negativa dos últimos anos (e conseguiu), a Disney parece ter-lhe seguido o exemplo com a sua nova animação, Vaiana 2 (estreia-se esta semana) em que aposta num regresso à Polinésia em que foi tão feliz há quase 10 anos, em vez de procurar uma história original ou recorrer a uma adaptação de material alheio, caso dos contos tradicionais europeus, como era hábito do estúdio desde que Walt Disney começou a fazer longas-metragens animadas. É significativo que o projecto de dar continuidade a Vaiana através de uma série animada musical intitulada Moana: The Series, destinada à Disney+, tenha sido abandonado para fazer uma parte 2 para o cinema. Vaiana 2 já não tem ao leme os históricos John Musker e Ron Clements, realizadores do primeiro filme. Eles são substituídos por um trio de estreantes: David Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, esta também responsável pelo argumento, em parceria com Jared Bush, que escreveu o primeiro Vaiana. Auli’i Cravalho, a jovem havaiana de ascendência portuguesa, e Dwayne Johnson, voltam a ser as vozes de Vaiana e de Maui, e os autores da banda sonora e das canções de Vaiana também estão de regresso, embora Lin-Manuel Miranda não participe nelas desta vez. A história passa-se três anos após a da primeira fita, envolvendo Vaiana, Maui, o galo Hei Hei, o porquinho Pua e outros amigos da aldeia da princesa, navegadora e heroína polinésia, num enredo cheio de referências mitológicas locais, em os protagonistas que vão encontrar velhos e novos inimigos. E que os vai conduzir aos confins do oceano, para acabarem com uma maldição de um deus que impede os povos dos Mares do Sul de contactarem uns com os outros. Não estando à altura dos títulos clássicos da Disney dos anos 80 e 90, quando Jeffrey Katzenberg tutelava a animação dos estúdios, Vaiana 2 consegue manter o nível do original em termos de história e do ponto de vista da elaboração cinematográfica, sumptuosa e cuidadosamente detalhada, sendo claramente superior aos desastres recentes da casa, Raya e o Último Dragão (2021), Encanto (2021), Estranho Mundo (2022) e Wish: O Poder dos Desejos (2023), em que a mediocridade das histórias vinha acompanhada por uma profunda falta de inspiração em termos visuais e estéticos. Feito em computador, Vaiana 2 tem saborosos momentos e pormenores em animação tradicional, bem como muitos e bons gags em segundo plano envolvendo as personagens secundárias (ver o aguerrido coco-pirata dos Kakamura). As canções, insípidas e incapazes de se aconchegarem no ouvido do espectador, é que eram dispensáveis. E vêm aí mais continuações: Frozen – O Reino do Gelo 3 e 4, e Zootrópolis 2.

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  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sean Baker (Tangerine, The Florida Project, Red Rocket) ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com esta comédia dramática sobre Ani/Anora, uma jovem dançarina erótica e prostituta de Brooklyn de ascendência uzbeque, que se envolve e depois casa precipitadamente em Las Vegas com o estouvado e irresponsável filho de um oligarca russo que está a estudar nos EUA, espalhando a confusão entre o padrinho deste e os seus capangas, que ficaram de cuidar do rapaz, e obrigando os pais a vir à pressa da Rússia para resolver a situação. Filmado em película de 35 mm e widescreen, e parecendo ter saído dos anos 70 pelo realismo directo, pela autenticidade geral e pelo pitoresco comunicativo das personagens, todas elas com origens ou ascendência de Leste (uzbeques, arménios, russos), Anora glosa o cliché da stripper/dançarina erótica/prostituta de coração de ouro, espírito prático e ingenuidade de sentimentos, para erguer um filme que é parte farsa acelerada ao melhor jeito screwball, parte história amarga de uma Gata Borralheira contemporânea frustrada, e parte retrato empático de personagens muito queridas ao realizador, aquelas que vivem, trabalham e sobrevivem, legal ou ilegalmente, nas franjas da sociedade americana, sobretudo ligadas ao mundo do sexo. No papel da profissionalmente pragmática e vivida, mas sentimentalmente ingénua e tenrinha Ani, a pequena e dinâmica Mikey Madison carrega o filme às costas e é o seu hiperactivo centro de gravidade, e nunca permite que a personagem venha mendigar a nossa pena, no que é imitada por Sean Baker. Eurico de Barros         

Filmes em estreia no streaming

Star Trek – Section 31

Neste novo filme passado no universo de Star Trek, a imperatriz Philippa Georgiou (Michelle Yeo) junta-se a uma divisão secreta da Frota Interestelar que tem a missão de proteger a Federação Unida dos Planetas, e vai ter que enfrentar os seus pecados do passado. Também com Sam Richardson, Robert Kazinsky e Kacey Rohl.

SkyShowtime. Estreia a 21 de Fevereiro

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