São Jorge, o exterminador
Menos de uma semana depois de limpar a categoria de cinema no Prémio Autores, foi a vez do filme de Marco Martins arrecadar sete. E não quaisquer sete, mas os sete mais apetecíveis Prémios Sophia. O que, não sendo inesperado (afinal estava nomeado em 14 categorias) nem inédito, é admirável quanto se concorre contra películas valorosas como A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho, ou Fátima, de João Canijo, que ficaram ainda a ver menos navios que Peregrinação ausente da categoria principal.
Martins fez um filme sólido, com a coragem de falar de frente sobre os efeitos de uma crise que, sim, já esteve pior, mas continua má, e o talento de contar uma história dura de maneira comovente, porém sem condescendência. Pelo que não é contestável que a produtora Filmes do Tejo tenha recebido o prémio para Melhor Filme, nem que Marco Martins tenha sido votado Melhor Realizador. Menos ainda Nuno Lopes (que aproveitou para dizer ao secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, como mau é o tratamento do Estado ao cinema, como aliás já fizera na cerimónia promovida pela Sociedade Portuguesa de Autores juntando-se ao coro de indignação vindo do sector teatral, concluindo desta vez que “um país sem cultura não é um país. É uma área mal ocupada”) ser considerado o Melhor Actor Principal, ou José Raposo Melhor Actor Secundário.
Mas São Jorge não ficou por aqui, juntando à colecção os prémios Melhor Argumento Original pelo trabalho de Ricardo Adolfo e Marco Martins, Melhor Direcção Artística para Wayne dos Santos e, atribuído a Carlos Lopes, Melhor Direcção de Fotografia.