Quando Saoirse Ronan soube que Greta Gerwig estava a trabalhar numa nova versão de Mulherzinhas, o clássico romance de Louisa May Alcott, exigiu um papel no filme. E não foi um papel qualquer. “Estávamos a dar entrevistas, antes da estreia do Lady Bird, e eu fui falar com ela”, conta a actriz norte-americana de origem irlandesa. “Disse-lhe que sabia que ela estava a trabalhar em Mulherzinhas e que eu tinha de ser a Jo [Marsh, a protagonista].” Ficou com o papel, e acaba de ser indicada para o Óscar de Melhor Actriz pela sua prestação. Nada de novo, apesar de ter apenas 25 anos. Foi nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária pela primeira vez com 13 anos, pelo seu papel em Expiação, de Joe Wright, voltou a ser nomeada, desta vez na categoria de Melhor Actriz, por Brooklyn, em 2016 e, dois anos depois repetiu o feito com Lady Bird, a sua primeira colaboração com Gerwig.
Por que razão era tão importante fazeres de Jo no filme?
Cresci com a personagem: é icónica. E a ideia de fazer este papel sob a direcção de alguém que admiro tanto [como a Greta Gerwig] entusiasmou-me. Queria ver o que conseguíamos fazer juntas.
Cresceste a ver o filme de 1994?
Sim. Li o livro pela primeira vez no início da adolescência, mas tive o primeiro contacto com a história através do filme dos anos 90. Adorei-o.
Sentiste alguma pressão por interpretares uma história tão conhecida?
É estranho, mas não. Este filme tem uma identidade própria. Todas as versões parecem ter sido feitas com uma geração diferente em mente.
A Jo sempre foi a tua personagem favorita?
Quando era mais nova gostava mais da Amy, talvez porque via muito o filme dos anos 90 e adorava a Kirsten Dunst. Mas a Jo é com quem mais me identifico agora. E imagino-me, nos próximos cinco anos, a sentir-me como a Meg. É isso que a história tem de especial: podes lê-la em qualquer momento e reveres-te nela.
Gostei que vocês interpretassem as irmãs com todas as idades. Gostaste de te comportar como uma criança?
Somos todas assim. Brincávamos, gozávamos, batíamos umas às outras e fazíamos caretas. Quando a Greta gritava “acção”, continuávamos a fazer isso, mas com um sotaque americano.
Tinham um grupo de Mulherzinhas no WhatsApp?
Tínhamos um com os rapazes, um só com as irmãs e outro com a Laura [Dern, que faz de mãe]. Era só escolher – e mandávamos as fotografias mais ridículas.
Entraste numa das cenas principais com a Meryl Streep. Como correu?
Na cena que fizemos juntas, ela passou o tempo todo com um caniche nos braços chamado Michael. E de vez em quando ouvia-a [faz voz de Meryl Streep]: “Michael! Michael! Onde está o Michael?” Estava muito apegada ao caniche. Não me vou esquecer disso.
Foi intimidante trabalhar com ela?
Ela não se comporta como uma vedeta. Às vezes tens de lidar com actores que estão muito longe do nível dela e que se comportam assim. Talvez por isso, foi só mais tarde que fiquei embasbacada com o facto de ter feito uma cena com a Meryl Streep.
Voltaste a reunir-te com o co-protagonista de Lady Bird, o Timothée Chalamet, neste filme. Foi divertido?
Sim. A relação que temos no filme é muito parecida à que temos na vida real, em que somos quase como um irmão e uma irmã. Eu bato-lhe muito e ele não me faz nada. É porreiro. Gosto disso.
Tenho de te perguntar pela peruca que usas quando a tua personagem corta o cabelo. Ouvi dizer que a Florence Pugh lhe chamou “Pam”...
É verdade. A Pam era a mulher em que me transformava quando tinha aquele cabelo. Era da Austrália e tinha muitas opiniões. É o tipo de mulher que imagino a chegar ao TripAdvisor e a escrever uma má crítica a uma pequena estalagem. Essa é a Pam.