1984 (1956)
Lá por 1984 ter passado há muito e toda a gente então ficar descansada, a previsão futurista-totalitária de 1984, isto é, uma sociedade vigiada por câmaras e controlada por um Big Brother, um ser com autoridade suprema, está em grande parte concretizada, embora por diferentes razões, nas metrópoles vigiadas em que vivemos. Seja como for, Michael Anderson e o seu argumentista, William P. Templeton, tomaram talvez demasiadas liberdades na adaptação, amaciando o romance de George Orwell (mas não impedindo que ele se torne uma referência incontornável do cinema de ficção científica sem esquecer evidentemente Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley) e criando duas diferentes frases finais – uma para a versão europeia, outra para a americana –, nenhuma delas correspondendo ao original. Ainda assim o filme é mais sólido que a versão de Michael Radford, realizada em (ora quando) 1984, e a história continua a ser a mesma narrativa exemplar em que um homem, cujo trabalho é reescrever a História, se rebela e desafia a autoridade quando se apaixona.