Victor deixou o trabalho na Hermès, Franck fechou a galeria de arte que tinha ao pé do Musée D’Orsay e juntos começaram a projectar aquele que, três anos mais tarde, viria a ser o boutique hotel mais bonito de que há memória. O nome, que ainda pensámos que pudesse vir de um jogo de crianças de que já muito poucos se lembram, é explicado pelo facto de em Portugal se pecar por excesso de cortesia. Pede-se licença para entrar, para passar, para sair, para ir, enfim... Victor e Franck ouviram-no tantas vezes durante a obra que resolveram adoptar a expressão.
Os interiores foram desenhados a régua e esquadro com a ajuda de um gabinete de arquitectos local e, embora tivesse sido mais fácil deitar abaixo e construir de novo, a traça original da casa, as paredes caiadas, o tanque logo à entrada e o longo muro que separa o pomar da planície permaneceram intocados. O resto, desde a antiga casa do gado transformada em três suítes, às janelas que tiveram de ser rasgadas para deixar entrar o sol, até ao terreno bravo para onde foram transplantadas as oliveiras que fazem sombra no Verão, nada está como era.