“Both Sides, Now”, de Joni Mitchell
Ano: 1969
“Correntezas e fluxos de cabelos de anjo/ E castelos de gelado no ar/ E desfiladeiros de penas por todo o lado/ Assim tenho olhado para as nuvens”. Na primeira estrofe da canção de encerramento do seu segundo álbum, Clouds, Joni Mitchell oferece-nos esta lírica e “gráfica” descrição das nuvens; porém, a segunda estrofe já nos fala de nuvens metafóricas, que tapam o sol e se interpõem entre nós e os nossos planos. E, conclui Michell: “Tenho olhado as nuvens de dois ângulos/ De cima e de baixo, e ainda assim/ São as ilusões das nuvens que persistem/ Afinal, não percebo nada de nuvens”. O memo concluirá, nas estrofes seguintes, sobre o amor e a vida.
A inspiração para a canção surgiu à cantora canadiana ao contemplar as nuvens durante uma viagem de avião, em 1967. Não foi, todavia, Joni Mitchell a primeira a gravar a canção, que surgiu no álbum Wildflowers (1967), de Judy Collins. Mitchell voltaria a gravar a canção, numa versão sumptuosamente orquestrada, no álbum Both Sides, Now (2000), mas, infelizmente, por essa altura, a sua voz era uma sombra do que fora 40 anos antes.